A Shonen Magazine nessa semana se despede de um de seus novatos sem colocar nada imediatamente no lugar, as “vantagens” de uma lineup de rotação. Vamos falar um pouco de cada mangá pela ToC, como estão indo em vendas e suas perspectivas futura. Ao final falarei mais do recente sucesso Seitokai ni mo Ana wa Aru! no destaque, se quiserem saber mais sobre esse relativamente novo manga.
- Escrito por Lucca
TOC Shonen Magazine #01 (06/12/2024)
1. Blue Lock (Página Colorida de Abertura) Ch. 243
2. Kanojo, Okarishimasu Ch. 309
3. Ao no Miburo Ch. 105
4. Amagami san Chi no Enmusubi (Página Colorida) Ch. 119
5. Edens Zero Ch. 267
6. Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 75
7. Mononoke no Ran (Página colorida) Ch. 08
8. Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 60
9. Mokushiroku no Yonkishi Ch. 131
10. Mayonaka Heart Tune Ch. 11
11. Jyushin no Kanata Ch. 06
12. Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 77
13. Megami no Cafe Terrace Ch. 132
14. Zero to Hyaku (Capítulo Final do Two-Shot especial)
15. Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 115
16. Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 158
17. Shogi no Watanabe kun (Capítulo Especial da série da Monthly Shonen Magazine)
18. Kakkou no linazuke Ch. 184
19. Brave Bell Ch. 25
20. KIMURAXCLASS Ch. 23 (Final)
21. Fumetsu no Anata e Ch. 181 – 2
Ausências: Usayama Joshi Koukou 2-nen 1-gumi!! Cap. 27, Yowayowa Sensei Ch. 53, Gachiakuta Ch. 80, Sentai Daishikkaku Ch. 121, Hajime no Ippo Ch. 1443, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
Como quase sempre, uma modelo na capa e aí vamos para a ToC que essa semana tem o queridinho da revista Blue Lock em primeiro lugar com páginas coloridas! Semana passada o site falou muito do porquê do sucesso e resultados incríveis conquistados pela série, então é mais do que normal que o atual carro chefe da Shonen Magazine esteja assim na frente de vez em quando.
Em segundo lugar, Kanojo Okarishimasu que na terceira semana de seu novo volume apresentou mais queda nas vendas de seu volume atual em relação ao anterior. No geral isso aconteceu com quase todos os lançamentos do mês da Magazine e ainda está entre os mais vendidos da lineup, mas implica que o sucesso já passou do seu pico natural de popularidade.
Ao no Miburo em terceiro também apresentou declínio. Esse é pior já que a série nunca vendeu bem e está sendo bem posicionada também para promover o seu anime que está vindo, é geralmente um momento que o mangá deveria estar crescendo e não o oposto. Não vai ser cancelado ainda, mas pós-anime se torna candidato à transferência para a Magazine Pocket.
Amagami-san em quarto com página colorida promovendo o anime que está por vir. Amagami ir bem e voltar a crescer por causa de sua adaptação é uma das grandes expectativas do editorial para o ano fiscal.
Edens Zero na quinta colocação também é a mesma história: vendas que não são boas e decrescem, mesmo que não de forma brutal. Vai continuar com seu anime e concluir naturalmente seu arco final, mas é representativo dessa era difícil para histórias de batalha decolarem. Em contraste, Seitokai ni mo ana wa aru! em sexto vende mais sendo um mangá gag novo e sem anime — falarei mais sobre ele no destaque!
Na sétima posição aparece Mononoke no Ran, o novato manga de mistério e batalha sobrenatural e que terá seu primeiro volume lançado agora e ganhou página colorida para uma justa promoção, todo mundo merece ao menos isso para tentar sobreviver. Sinceramente, não gostei da capa do primeiro volume que só coloca o garoto Hoichiro na arte e ignora sua parceira Kyoka já que é um mangá “buddy”, simulando a dinâmica de uma dupla de detetives resolvendo casos e acho que uma capa ideal destacaria isso, ainda mais agora que protagonistas mulheres estão cada vez mais populares entre o público leitor da demografia shonen. Vamos ver como as vendas sairão, mas todas as métricas como engajamento online e o ranking da Amazon apontam para vendas fraquíssimas infelizmente.
Akabane Honeko em oitavo é um caso repetitivo de se falar. A série empacou em vendas baixas e se continuar na revista a ponto de ganhar um anime, será basicamente um segundo Ao no Miburo a não ser que o anime realmente traga uma nova audiência. É extremamente difícil de acontecer contudo, os grandes sucessos geralmente já vendiam bem como manga.
Nono lugar é de Mokushiroku no Yonkishi que falamos de forma decepcionante do anime aqui, já que tem más avaliações e não deu um boost significativo para a obra… entretanto ainda deve ser uma franquia que gera interesse ao Netflix por questão de gerar boas visualizações. O serviço de streaming anunciou uma adaptação inimaginável do mangá de golfe Rising Impact, a série cancelada que o autor Suzuki Nakaba escreveu para a Jump antes de se mudar para a Kodansha! Acredito que a maior implicação disso é o sucesso de Nanatsu no Taizen e até Mokushiroku no Yonkishi com assinantes do Netflix, que assim busca mais obras do autor esperando resultados similares, a Shueisha em si não teria motivo algum para oferecer um mangá cancelado em 2002 para comitês. Enfim, é uma forma nova de sucesso e que não compensa as vendas baixas dos volumes, a Kodansha em si não ganha nada com isso, mas é ainda uma métrica interessante de se avaliar.
Décimo e décimo primeiro lugares vão para os dois “novatos” mais promissores justamente por serem de artistas veteranos: Mayonaka Heart Tune, à espera do lançamento de seu primeiro volume para medir sua popularidade real após uma boa recepção interna, e Jyushin no Katana, que está entregando exatamente o que os fãs da autora queriam com batalhas e uma boa dinâmica entre seus protagonistas.
Kanan-sama aparece bem no meio da revista em décimo segundo, curiosamente sendo o único ecchi na semana já que Yowayowa-sensei está em break, dando uma impressão de que colocaram ali para balancear. Já abaixo em décimo terceiro vemos o popular Megami no Café Terrace.
Abaixo de um two-shot, Kuroiwa Medaka em décimo quinto também apresenta queda em venda de volumes. Talvez seja o rumo que a história tomou ou um declínio natural que segue o padrão do mercado, mas assim como Amagami-san é outra série que vendeu acima das expectativas e agora dependerá de uma adaptação para reverter essa tendência.
Shangri-la Frontier em décimo sexto só para mostrar que Magazine não é Jump mesmo. Ver um pilar da revista mais ao fundo não é sinal negativo e sim uma forma de querer manter leitores até o fim, se Blue Lock aparece lá na frente, Shangri-la Frontier mais ao fim segura a atenção.
Na décima sétima posição temos um caso curioso com Shogi no Watanabe-kun da Monthly Shonen Magazine em um capítulo especial. Os editores assim promovem uma série de outra revista da Kodansha que acreditam possa interessar ao seu público. Isso é comum: na Weekly Shonen Jump não é incomum algumas páginas promocionais serem destinadas à obras como Kingdom, da Young Jump, e a Weekly Shonen Sunday também já promoveu séries como Shinigami Bocchan, da Sunday Webry, com diversos capítulos especiais na sua revista. Prática esperta de mercado e que demonstra a sinergia entre publicações diferentes da mesma editora.
Décimo oitavo lugar para Kakkou no Iinazuke demonstra algo engraçado. Todo mundo que lê o site sabe da quantidade enorme de comédias românticas na Magazine, então olhe para a ToC da semana e perceba como espaçaram basicamente todas as romcom com séries de outros gêneros. Quase perfeitamente temos: romcom, outro gênero, romcom, outro gênero, etc. Claramente uma forma de não cansar o leitor e talvez tentar fazer com que os fãs leiam mais obras diferentes.
Brave Bell volta ao seu padrão num décimo nono lugar quase ao fundo da ToC. Com o cancelamento de KimuraXClass está em mais risco e vai depender de um crescimento nas vendas do volume 2 para sobreviver, ao menos ganhará página colorida edição que vem para promoção do volume. Diria que outra possibilidade real é que os editores acreditem que é uma história que combine mais com o público digital e transfira o mangá para a Magazine Pocket.
Vigésimo vai para KimuraXClass que vendeu muito mal e acaba nessa edição com apenas 23 capítulos. Fumetsu no Anata e em último lugar, posição que domina com maestria.
Destaque da semana:
Seitokai ni mo ana wa aru!
Numa revista encontrando dificuldades para achar novos sucessos, Seitokai ni mo ana wa aru! é basicamente um presente divino: vencedor do Next Manga Award de 2023, vendas que superam veteranos tanto de battle manga quanto romcom e crescem a cada volume, excelentes avaliações por leitores com o volume 1 tendo uma incrível rate de 5/5 estrelas em mais de 2100 (!) reviews na Amazon Japonesa. Era tudo que a Shonen Magazine queria.
Sem nem fingir que essa era a intenção real da revista, Seitokai ni mo ana wa aru foi apresentado logo de cara como o sucessor do clássico Seitokai Yakuindomo, que foi publicado de 2007 até 2021 na revista. A premissa é quase exatamente a mesma com um humor semelhante: um garoto sério precisa entrar no conselho estudantil de sua escola aonde interage com excêntricos membros que são todos na verdade pervertidos, fazendo múltiplas piadas de duplo sentido.
Essa semelhança é tão na cara que o primeiro capítulo é introduzido pelo autor de Seitokai Yakuindomo que recomenda seus fãs a lerem a nova série. O formato também é similar, poucas páginas e a maioria em 4-koma (quatro quadros verticais tendo uma piada sempre no quarto). Foi um marketing que deu certo já que o mangá nunca foi visto como uma cópia barata, mas sim como um sucessor honesto que era tão bom quanto seu antecessor.
O autor muchi maro era mais famoso por suas artes em redes sociais, muitas eróticas até, mas estreou na Magazine Pocket com a comédia de vampiro Yo ga Yoru nara na Magazine Pocket, que encerrou poucos meses antes da estreia de Seitokai. Isso implica que a Magazine percebeu o potencial do autor em comédia e sabendo do fim iminente de Seitokai Yakuindomo trabalhou internamente e o preparou para que ele chegasse à Shonen Magazine para impedir que os leitores fãs da série fossem embora da revista que não tinha outros manga do gênero.
Foi uma das melhores decisões editoriais recentes, Seitokai deu certo logo de cara. Avaliaram bem o sucesso de uma das publicações irmãs da revista principal e trabalharam com o autor para trazer algo que agradasse de imediato aos seus leitores. É como falei antes, uma sinergia editorial e que demonstra como editores podem se adaptar ao mercado moderno.
Além das ótimas vendas físicas, Seitokai é sucesso na Magazine Pocket com o público do digital também. Um lado alimenta o outro, gerando assim um hit.
Apesar das piadas de duplo sentido, o manga não é uma romcom ou um ecchi, embora algumas páginas como as coloridas tenham muito mais fanservice que um mangá só gag teria, então agrada um público um pouco diferente. Deve agradar aos leitores de romcom também, mas se expande para quem gosta das piadas, principalmente leitores mais jovens.
Pode não ser uma história que agradaria a todos, principalmente ao público ocidental, mas é um acerto em cheio com o público alvo da revista e tem tudo para crescer com uma adaptação em anime assim como Seitokai Yakuindomo fez antes. Seitokai ni mo ana wa aru é atualmente o sucessor que mais dá certo na Shonen Magazine.