Após uma semana de descanso, a Shonen Magazine volta com sua última edição do ano, o do calendário e não fiscal (essa já é a edição 4-5 de 2024). Temos mais informações sobre as séries em publicação e ao final, um balanço geral sobre a atual revista, seu ano e o e o anúncio do novo manga do autor Naoshi Arakawa, do popular Shigatsu wa Kimi no Uso! Mas vamos para a TOC agora:
- Hajime no Ippo (Primeiras páginas coloridas) Ch. 1444
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 310
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 76
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 160
- Gachiakuta (Página colorida) Ch. 81
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 117
- Sentai Daishikkaku Ch. 122
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 79
- Yowayowa Sensei (Página colorida) Ch. 54
- Blue Lock Ch. 245
- Kakkou no linazuke Ch. 186
- Edens Zero Ch. 269
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 62
- Ao no Miburo Ch. 107
- Mayonaka Heart Tune Ch. 13
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 133
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 120
- Jyushin no Katana Ch. 08
- Brave Bell Ch. 27
- Megami no Café Terrace Ch. 134
- Mononoke no Ran Ch. 10
- Fumetsu no Anata e Ch. 181 – 3
Ausências: Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
Como habitual, temos uma modelo na capa, mas logo nas primeiras páginas coloridas temos uma arte belíssima para Hajime no Ippo, celebrando 100 milhões de volumes em circulação! É apenas a segunda vez que um mangá da Weekly Shonen Magazine alcança este número (o primeiro foi Kindaichi), portanto acho que valia a pena ter dado a capa, poxa. Mas claro, pode ser que o autor George Morikawa, que começou a desenhar Ippo em 1989, preferiu as páginas coloridas, embora seria uma edição histórica com a capa.
Enfim, falar de Ippo é falar de Shonen Magazine; a obra define a revista e sempre é tratada como seu equivalente a One Piece (Jump) e Conan (Sunday), então esses 100 milhões representam uma entrada mais que merecida de uma obra lendária e um autor lendário a esse seleto grupo dos mangás mais vendidos de todos os tempos. Parabéns, Ippo!
Em seguida, do segundo ao quarto lugar, temos sucessos que definem os últimos anos da Magazine: a consolidada comédia romântica Kanojo Okarishimasu, já seis anos em publicação, mas ainda na parte de cima da tabela de vendas da revista; Seitokai ni mo ana wa aru!, logo abaixo, que já falei em textos anteriores, é um mangá gag que vende muito bem e já se torna um dos principais da lineup mesmo sem anime; seguido de Shangri-la Frontier, que cresceu com seu anime e mostrou, com seu volume mais recente, com vendas em torno de 90 mil cópias em duas semanas, que está mantendo esse patamar por enquanto; seria excelente ver a série vendendo acima dos 100 mil regularmente em 2024 também, e a expectativa já é boa com a segunda cour do anime começando.
Gachiakuta aparece na quinta posição com uma página colorida, promovendo seu novo volume. As vendas em duas semanas estão ligeiramente abaixo do anterior, mas pela margem de erro, dá para se dizer que vendeu o mesmo (em torno de 17 mil a 19 mil cópias em duas semanas). O editorial da Magazine é ciente da importância de um anime para promover seus mangás, então um anúncio de uma adaptação para Gachiakuta é possível em 2024 – ano que o mangá superará os 100 capítulos. Seu estilo artístico marcante, se bem adaptado, pode trazer um interesse renovado do público, então vamos torcer.
Do sexto ao oitavo lugar, um trio de séries estáveis sem anime ainda: começando por Kuroiwa Medaka, que vende bem, mas seria desastroso não ter um anime anunciado em 2024 — tem que vir logo; seguido de Sentai Daishikkaku, com seu anime chegando logo em meio às vendas fracas, o arco atual da série parece estar finalmente chegando ao fim, mas sem implicar que a história acabará aqui; e logo depois temos Kanan-sama, a comédia ecchi com o autor que mais bem sabe usar as redes sociais para impulsionar sua série, funciona bem quando o forte do mangá é realmente a arte.
Com uma página colorida, temos Yowayowa-sensei em nono na TOC. O recém-lançado volume vendeu um pouco menos que o anterior (entre 8 e 9 mil em duas semanas), mas de novo dá para dizer que dá quase na mesma pela margem de erro. Consistente e com mais de um ano de publicação, o mangá parece firme, forte e sem risco de cancelamento.
Em mais um trio, temos do décimo ao décimo segundo um trio de sucessos que já tiveram anime: Blue Lock, o grande pilar da revista, também teve uma capa com seu spin-off na Magazine Mensal, a série mais vendida de 2023 é um pilar da editora Kodansha em si; abaixo, Kakkou no Iinazuke teve uma queda brusca nas vendas, o volume anterior teve por volta de 43 mil cópias em duas semanas, já o atual apenas 33 mil cópias — é importante ressaltar, entretanto, que essa leva de volumes de agora teve menos dias para contabilizar vendas, mas ainda assim é uma diferença grande que não foi vista em outros mangás, de ficar de olho nisso; em seguida, Edens Zero, que, para não repetir o mesmo de toda edição (vendas baixas, anime, arco final, etc.), lembrei que já fazem mais de três anos que um jogo de console da série foi anunciado e até hoje nada de novas notícias.
Em décimo terceiro lugar, Akabane Honeko continua não afundando pela quantidade de novatos falhando com suas histórias de ação. O décimo quarto da ToC, Ao no Miburo existe por razão similar, mas já tem um anime anunciado para o Outono japonês.
Décima quinta posição na ToC vemos Mayonaka Heart Tune. A comédia romântica foi muito promovida pelo editorial para o lançamento de seu primeiro volume e finalmente temos números: 7,4 mil cópias em duas semanas (Shoseki), o que definitivamente não coloca o mangá como um hit instantâneo. Mas a Magazine fez questão de anunciar reprints para o volume, o que faz gerar certa dúvida se realmente faltou estoque. Mas se faltou, não é estranho que promoveram tanto com uma tiragem baixa? São dúvidas que serão esclarecidas ao longo do tempo quando tivermos mais volumes e mais dados para analisar.
Mokushiroku no Yonkishi na décima sexta posição teve um PV para a segunda cour de seu anime já. A Netflix realmente ama o Nakaba e a audiência que suas obras trazem. Em décimo sétimo na ToC, Amagami-san conseguiu vender quase exatamente a mesma quantidade nos seus dois últimos volumes na Shoseki: 27548 no passado e 27581 no atual, crescer seria bom após as quedas que volumes anteriores tiveram, mas se estabilizar também é uma certa vitória enquanto o anime ainda está por vir.
No décimo oitavo lugar, Jyushin no Katana não corre risco agora e aparece ali também por uma questão de variedade da revista. Já foi anunciado que o mangá de luta e aventura ganhará páginas coloridas nas próximas duas edições da revista, assim promovendo o lançamento de seu primeiro volume. A Magazine se preocupa muito em promover volumes e uma aposta numa autora veterana sempre terá um bom tratamento, mesmo que por enquanto a recepção online da série pareça retida aos fãs mais fiéis da mangaka.
Brave Bell em décimo nono e perto do fim da ToC vendeu menos de 2 mil cópias em seu último volume. O mangá é comparado com shonen mais puxados para o thriller como Death Note e Yakusoku no Neverland, mas nunca conquistou a atenção desse público que é mais distinto dos leitores atuais da Magazine. Está em risco alto de ser cancelado para novos lançamentos.
Em vigésimo lugar, Megami no Cafe Terrace teve seu novo volume vendendo basicamente o mesmo do anterior, por volta de 35 a 36 mil cópias, colocando-o acima de Kakkou no Iinazuke no total dessas duas semanas. Não dá para tirar conclusões já por um volume, mas poderia ser sinal da recepção das obras implicar uma ligeira mudança na hierarquia das mesmas.
Penúltimo na ToC, Mononoke no Ran teve seu primeiro volume lançado e não conseguiu nem aparecer no ranking da Shoseki. Deve ser cancelado infelizmente, o mangá desde o começo nunca pareceu ter uma audiência e quase não recebe comentário algum. Em último, Fumetsu no Anata e termina o ano na sua posição habitual no final da ToC.
Destaque:
A Magazine de 2023 e 2024
Geralmente faria o texto geral por ano fiscal, mas como comecei as análises no meio dele, acho que dessa vez irei pelo ano normal mesmo.
O ano de 2023 foi de altos e baixos para a Shonen Magazine que viu seu principal e mais popular manga, Tokyo Revengers, acabando no fim de 2022 e assim procurou por mais séries não-romcom para ocupar esse buraco. Não dá para dizer que encontraram um sucessor, mas a revista também teve algumas vitórias e cada vez mais parece apostar em autores veteranos como resposta.
Falando de veteranos, a primeira edição saindo no ano de 2024 (no calendário e não fiscal) terá a estreia da nova série de Naoshi Arakawa como falei antes. O autor de Shigatsu wa Kimi no Uso volta à revista após o fracassar com a fantasia Atwight Game, cancelada em 2023 também. Provavelmente viram que a série anterior não funcionou logo de cara e já decidiram trabalhar para algo novo, um manga sobre shogi (o “xadrez” japonês) chamado Banjoou no Orion e que tematicamente pode se aproximar mais do que os leitores esperam do autor de Shigatsu.
Geralmente, faria o texto geral por ano fiscal, mas como comecei as análises no meio dele, acho que dessa vez irei pelo ano normal mesmo.
O ano de 2023 foi de altos e baixos para a Shonen Magazine, que viu seu principal e mais popular mangá, Tokyo Revengers, acabando no fim de 2022 e assim procurou por mais séries não-romcom para ocupar esse buraco. Não dá para dizer que encontraram um sucessor, mas a revista também teve algumas vitórias e cada vez mais parece apostar em autores veteranos como resposta.
Falando de veteranos, a primeira edição saindo no ano de 2024 (no calendário e não fiscal) terá a estreia da nova série de Naoshi Arakawa, como falei antes. O autor de Shigatsu wa Kimi no Uso volta à revista após o fracasso com a fantasia Atwight Game, cancelada em 2023 também. Provavelmente, viram que a série anterior não funcionou logo de cara e já decidiram trabalhar para algo novo, um mangá sobre shogi (o “xadrez” japonês) chamado Banjoou no Orion e que tematicamente pode se aproximar mais do que os leitores esperam do autor de Shigatsu.
Continuando com o papo dos veteranos, não é como se eles tivessem proteção total, mas têm mais segurança que novatos que vendem pouco. Ainda assim, a Magazine deve encarar Mayonaka Heart Tune e Jyushin no Katana como séries que esperam um sucesso maior pelos seus mangakas e a competência clara dos mesmos, a questão é se o mercado realmente quer essas obras ou se elas serão primariamente apoiadas pelos fãs dos trabalhos anteriores desses criadores.
Alguns outros encerramentos do ano foram Kanojo mo Kanojo, que acabou até de forma inesperada considerando o anime em andamento, Soredemo Ayumu wa Yosetekuru, num bom final natural para uma série de vendas modestas mas boa popularidade interna de um autor de múltiplos sucessos, e Bakemonogatari, que foi uma adaptação da light novel famosa e permitiu que os personagens icônicos da série fossem desenhados pelo lendário Oh Great. É difícil dizer que as estreias do ano supriram essas saídas, muito se fala da Magazine como revista de romcom, mas a maioria de seus sucessos no gênero já passa dos 100 capítulos — o maior sucesso do ano foi Mayonaka Heart Tune que vendeu apenas 8 mil cópias em duas semanas para um primeiro volume, é um patamar que abaixou muito.
Diria que temos três grandes histórias de sucesso ao menos: Seitokai ni mo ana wa aru – vencedor do Tsugi Manga e que se estabelece como um dos mangás de boas vendas da revista, mesmo que seja um gag. Shangri-la Frontier – teve um anime que superou todas as expectativas de qualidade, cresceu em vendas numa temporada muito difícil de se destacar e agora sobe o patamar para 100 mil cópias por volume. Blue Lock – que foi o mangá mais vendido da indústria em 2023, algo inédito para a Shonen Magazine na era atual da Oricon.
Num ano que a Magazine não encontrou quase nada e teve dificuldades fortíssimas para substituir seus sucessos acabando, “vencer” o ranking Oricon pela primeira vez é até engraçado. Isso mostra como a indústria de mangá e anime se relacionam e o tempo entre elas. Enquanto a revista se preocupa em arranjar hits para o futuro próximo, o bom trabalho em cultivar uma série como Blue Lock deu frutos em 2023 com esse ótimo resultado.
Sei que muitas pessoas nas redes sociais apontam para uma decaída da Jump por questões de vendas e novos mangás não conseguindo chegar no patamar de popularidade de seus antecessores, mas isso é uma questão de indústria geral e a Magazine pode ter sofrido tanto ou mais que suas duas principais concorrentes (Jump e Sunday). Não é questão de ser negativo, mas a Magazine precisa se tornar mais competitiva de forma geral no ano de 2024. Seria bom para o mercado que a segunda maior revista da demografia mais popular não dependesse tanto de uma série.
Teremos mais anime em 2024 e é a chance para uma série como Amagami-san de talvez decolar de vez. Ou Sentai Daishikkaku e Ao no Miburo praticarem um milagre e saírem do buraco para o sucesso, por mais improvável que seja. Possíveis anúncios de adaptação também para Kuroiwa Medaka, Gachiakuta e até quem sabe Seitokai ou Kanan-sama? Não existe cenário que um anúncio de anime não seja algo positivo para a Magazine atual, quanto mais melhor para impulsionar a revista num todo.
Ao menos é bom terminar a última edição com um apreço pelo passado e legado da revista, de novo parabenizando Hajime no Ippo pelos seus 100 milhões de cópias em circulação, e uma do futuro com Banjoou no Orion, quem sabe uma história de shogi seja a resposta? O mercado de mangá está em constante evolução e quem sabe as revistas ainda estejam para entender o que o público quer de shonen atualmente.