Mais uma edição de Shonen Magazine e mais uma ToC para analisar. Dessa vez temos mais dados de vendas do que o comum para falar de mais séries da revista e também falarei mais um pouco do marketing da Shonen Magazine e a diferença dele para a Jump. Ao fim, a análise da semana será sobre Kuroiwa Medaka! Vamos à ToC:
TOC Weekly Shonen Magazine #02-03:
- Megami no Café Terrace (Primeiras páginas coloridas) Ch. 133
- Edens Zero Ch. 268
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 75
- Sentai Daishikkaku Ch. 121
- Mayonaka Heart Tune (Página colorida) Ch. 12
- Blue Lock Ch. 244
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 310
- Kanan sama wa Akumade Choroi (Página colorida) Ch. 78
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 132
- Kakkou no linazuke Ch. 185
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 61
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 159
- Ao no Miburo Ch. 106
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 116
- Mononoke no Ran (Página Colorida) Ch. 09
- Jyushin no Katana Ch. 07
- Gachiakuta Ch. 80
- Tonde koi hairu baka no mushi (Oneshot de Rurihara Zurachi)
- Yowayowa Sensei Ch. 53
- Brave Bell (Página Colorida) Ch. 26
- KIMURAXCLASS Ch. 24 (END)
- Hajime no Ippo Ch. 1443
Ausências:Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 120, Fumetsu no Anata e Ch. 182 – 1, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
A capa, como em 90% das edições da revista, foi para modelos — desta vez, celebrando as Miss Magazine 2023. Mas estamos aqui para falar de mangá, então vamos à primeira colocação: Megami no Café Terrace, uma das romcom mais vendidas da revista e que terá uma segunda temporada de anime para 2024. É natural que a série seja promovida com mais destaque às vezes, ainda mais com o anúncio desta semana de 1.4 milhões de cópias vendidas em 13 volumes. A página dupla colorida também aproveita um momento empolgante na história, mostrando que os editores estão sempre em sintonia com as histórias para destacar ainda mais cenas-chave que possam atrair novos leitores.
O segundo lugar vai para Edens Zero, que geralmente está na parte superior da revista, mesmo com vendas que não justificam volumes novos encalhando na faixa dos 20 mil em seu primeiro mês. Um aspecto que pode ser considerado é que o nome e a arte de Hiro Mashima remetem à Weekly Shonen Magazine. Então, mesmo que Edens Zero não seja um sucesso de vendas, é uma questão de respeito e também identidade da revista não escantear completamente o mangá que, apesar de tudo, é muito mais lucrativo que as séries de ação dos novatos.
O terceiro posto é de um dos raros mangás ainda em crescimento, a comédia Seitokai ni mo ana wa aru!, que falei mais a fundo na semana passada. Então, se tiverem algum interesse em saber um pouco mais sobre a série que começa a martelar nos 50 mil por volume novo em um mês, chequem lá. A quarta posição é para “Sentai Daishikkaku”, que de novo fecha um mês de volume novo sem crescimento algum.
Em quinto lugar, página colorida para Mayonaka Heart Tune, promovendo o lançamento de seu primeiro volume. A Shonen Magazine não está poupando em marketing e utilizou a premissa da série para uma boa campanha promocional. Como a história se foca em quatro garotas que querem trabalhar com voz em áreas diferentes, a revista promoveu o mangá de alguma forma em cada uma dessas áreas: entrevista com a popular vtuber Shigure Ui, comentários da grande dubladora Kana Hanazawa, um pôster no metrô de Tóquio e uma assinatura do autor. É uma forma inteligente de apelar para essas diferentes subculturas representadas na história e que podem interessar novos leitores. A ansiedade para os números de venda é alta.
Um dos grandes sucessos da indústria inteira, Blue Lock, aparece em sexto, fazendo uma quebra entre comédias românticas. Já em sétimo, temos Kanojo Okarishimasu, ainda vendendo acima dos 50 mil em um mês por volume novo. Aliás, podem ignorar os posts em redes sociais sobre um suposto final, isso não significa nada sem data estimada, e o autor já fez exatamente o mesmo comentário antes, parece mais brincadeira mesmo, e o mangá só acaba quando ele quiser.
Na oitava colocação e com página colorida, vemos Kanan-sama, que é um mangá ecchi e pode ser exemplo de algumas mudanças do mercado de mangá moderno. Explico, Kanan-sama geralmente tem seus volumes novos vendendo por volta de 15 mil por mês de lançamento no Shoseki. Entretanto, foi anunciado que a circulação da série está em 200 mil por 4 volumes, ou seja, 50 mil por volume. Claro, as vendas não param no primeiro mês, mas nada implica que os volumes anteriores vendam muito para chegar perto desse número. Isso implica então que muitas das vendas desse ecchi são digitais; o autor é muito popular em redes sociais, e por isso a base de leitores pode ser mais acostumada à mídia digital que a de outras obras da revista. Outro ponto interessante é que Kanan-sama é uma das séries agora promovidas com ensaios de modelos e eventos como lojas temporárias em Akihabara, mostrando ainda mais o quão estável está na revista, apelando para um público mais otaku.
Nono e décimo lugares para duas séries estabelecidas e das que mais vendem, respectivamente Mokushiroku no Yonkishi, que deve se manter um pouco mais estável em vendas já que o anime não deve parar de ganhar mais temporadas e ao menos segurar mais os volumes, e Kakkou no Iinazuke, que já teve um anime de duas cours e não aponta ter outro pico apesar dos bons números que proporciona.
Akabane Honeko em décimo primeiro, de novo com vendas por volta dos 6 mil para o mês de seu volume. É repetitivo falar isso, mas não cresce. Já o décimo segundo, Shangri-la Frontier, é um dos poucos crescendo pelo sucesso decente de seu anime, que não explodiu, mas conquistou um número decente de novos leitores. Em décimo terceiro, Ao no Miburo já tinha vendas baixas e decresce. Três realidades diferentes em sequência só para mostrar como as posições não importam tanto assim.
Kuroiwa Medaka em décimo quarto continua tendo uma perda em vendas por volume. Falarei mais abaixo no destaque de possíveis motivos. Décima quinta posição e página colorida para Mononoke no Ran, que usa a capa do volume 1 como página colorida. Decepcionante de certa forma, ainda mais quando acredito que a capa não captura a dinâmica principal dos protagonistas duplos do mangá. No geral, é difícil continuar muito na continuidade a longo prazo da obra.
Em décimo sexto lugar na ToC, Jyushin no Katana já apresentou a capa de seu primeiro volume e logo deve iniciar uma campanha mais dedicada de marketing. Logo em seguida, em décimo sétimo, Gachiakuta fecha uma sequência de três séries de ação, talvez uma tentativa de atrair leitores do gênero para as obras de estilo semelhante.
Abaixo de um oneshot, Yowayowa-sensei na décima nona posição fica afastado de Kanan-sama na revista novamente. Realmente parece que a ideia é manter as duas séries ecchi mais distantes por questão de variedade na ToC. Apesar das vendas em torno de 10 mil por volume/mês, Yowayowa-sensei também pode passar por um fenômeno similar ao de Kanan-sama e ter mais vendas digitais que o padrão, mas vamos esperar dados de circulação para descobrir se isso é uma tendência do gênero mesmo. Ganha página colorida semana que vem.
Vigésimo lugar é outra página colorida, agora para Brave Bell, que também promove um novo volume. Claramente dos lançamentos, é o com menos prioridade para os editores, então vai mais ao fundo. O autor parece também estar tentando se adaptar mais ao público da revista, com as artes coloridas mais recentes focando na heroína da série do que no protagonista.
Cometi um erro na semana passada e KimuraXClass termina nessa vez na vigésima primeira colocação (conferi 100% dessa vez), mas o destino assim me permitiu mais tempo para pesquisar por que o mangá não deu certo e… basicamente não tem muitas críticas, só elogios. Mas quase ninguém leu; a Magazine não é igual à Jump, que até algumas obras odiadas são populares. Na maioria das outras revistas, fracassos são mais apáticos que ofensivos. Este foi o primeiro trabalho da dupla de autores na Magazine, então eles podem talvez voltar com uma história de mais apelo de massa futuramente.
E em último desta vez, Hajime no Ippo para suprir a falta de Fumetsu nesta semana, que quase sempre é lanterna. Assim os editores colocam um dos pilares históricos para ocupar esse espaço.
Destaque:
Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai
“Kuroiwa Medaka” se destacou no seu começo na revista ao ser diferente das demais romcom da revista. Sua história e a forma que os capítulos, mais episódicos, eram contados se assemelhavam aos webmanga populares em redes sociais, focados em serem leituras rápidas, casuais e divertidas.
No lugar de vermos a história pelo protagonista masculino que dá título à obra, o foco da série era como a garota Mona falhava em tentar seduzir o protagonista, que treina para virar um monge e por isso não pode se apaixonar por ela, gerando assim um foco grande na comédia pela relação única entre os dois. Por muito tempo, essa foi a dinâmica quase inteira dos personagens no roteiro, mas isso mudou aos poucos.
O roteiro ficou mais sério e focado no romance, adicionando mais garotas e transformando o mangá de vez em um harém similar a outras romcoms da Magazine. Isso causou críticas de leitores ocidentais e poderia ser talvez atribuído ao declínio natural das vendas do mangá, mas e como isso foi visto no Japão?
Checando diversos sites de reviews… Basicamente nenhum aponta uma mudança na recepção de “Kuroiwa Medaka”, que ainda é amplamente positiva. Todo volume é bem avaliado de forma quase idêntica. Isso significa que os leitores todos estejam amando o rumo da série? Não é bem assim, já que o público japonês é mais contido em críticas, sendo o 2ch e sites matome onde a anonimidade faz com que críticos se abram mais (o problema disso é que trolls se aproveitam também).
De qualquer forma, não dá para dizer que a mudança na história impactou as vendas, mas a falta de um anúncio de anime para uma romcom de mais de 100 capítulos implica que realmente o pico natural de “Kuroiwa Medaka” pode ter passado: pode ser parte da caída geral do mercado ou leitores que se cansaram, é normal ser mais fácil crescer do volume 2 para o 3 do que do 10 para o 11, até “One Piece” sofre com o número elevado de volumes.
Acho muito provável que um anime seja anunciado logo. Falo que as vendas estão caindo, mas “Kuroiwa Medaka” ainda vende mais de 20 mil por mês ao lançar um volume novo e tem uma circulação acima de 1 milhão de cópias — não há risco algum de cancelamento, mas ainda é importante que séries novas de autores novos como “Kuroiwa Medaka” e “Amagami-san” se mantenham de forma saudável na revista, que precisa de sucessos que não sejam só de veteranos. Gostando ou não, o mercado de mangá depende dessa sinergia com o de anime para reanimar séries que perdem a atenção por uma mera questão de passagem de tempo.
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