Numa semana de estabilidade, com quase todas as séries vendendo o mesmo que seus volumes anteriores, é hora de discutirmos de novo mais um pouco como os mangá estão indo na segunda maior revista shonen do Japão. E ao fim, dessa vez falarei mais de Akabane Honeko!
- Escrito por Lucca
TOC Weekly Shonen Magazine (01/11/2023)
1. Jyushin no Katana (Nova série, Primeiras páginas coloridas, 70 páginas) Ch. 01
2. Kakkou no linazuke Ch. 179
3. Edens Zero Ch. 262
4. Kanojo, Okarishimasu Ch. 304
5. Soredemo Ayumu wa Yosetekuru (Página colorida) Ch. 223
6. Gachiakuta Ch. 75
7. Myakuarin Asaron (Oneshot)
8. Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 110
9. Mokushiroku no Yonkishi Ch. 127
10. Ao no Miburo (Página colorida) Ch. 100
11. Mayonaka Heart Tune Ch. 07
12. Mononoke no Ran Ch. 04
13. Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 154
14. Megami no Café Terrace Ch. 127
15. Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 58
16. Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 114
17. Sentai Daishikkaku Ch. 116
18. Brave Bell Ch. 20
19. Hajime no Ippo 1438
20. Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 72
21. Yowayowa Sensei Ch. 48
22. KIMURAXCLASS Ch. 18
23. Usayama Joshi Koukou 2-nen 1-gumi!! Cap. 27
24. Fumetsu no Anata e Ch. 179 – 2
Ausências: Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 70, Blue Lock Ch. 239, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
Na capa temos uma modelo, mesmo com Jyushin no Katana estreando e por uma autora veterana Akimine Kamijyo (Samurai Deeper Kyo e Code Breaker) que volta depois de alguns anos rodando por outras revistas da Kodansha. Isso mostra como é muito raro e difícil mesmo para um manga pegar a capa da Magazine.De qualquer forma, Jyushin no Katana é a primeira série da lista, com 70 páginas e abertura colorida. Comentários sobre a recepção do novo mangá ficarão para semana que vem quando tivermos comentários do público. Vale a pena lembrar que o K-Manga está realizando a tradução oficial para o inglês, mas infelizmente o serviço só funciona nos EUA por enquanto — uma chance grande que a revista perde em popularizar mais suas obras globalmente.
Em segundo temos Kakkou no Iinazuke, que já teve duas semanas de vendas do volume novo e é a primeira das séries estabelecidas que manteve seus números estáveis, basicamente vendendo o mesmo do volume anterior no mesmo período de tempo. Quase todos os lançamentos dessa vez tiveram isso, quase nada cresceu ou perdeu vendas. Em terceiro e quarto, Edens Zero e Kanojo Okarishimasu, que não tiveram volumes novos dessa vez, mas habitam as primeiras posições regularmente por questões de popularidade, inclusive as primeiras páginas coloridas da próxima revista irão para Kanojo Okarishimasu. Já o Hiro Mashima (Fairy Tail, Edens Zero, etc) é um monstro, a capa da Shonen Magazine Mensal é dele com outro mangá que faz ao mesmo tempo, Dead Rock. A Kodansha não pode ser grata o suficiente a tudo que o autor proporciona a eles, são anos e anos de publicação regular e muitos hits.
Na quinta posição, Soredemo Ayumu rumo ao seu fim ganha mais uma página colorida e posição alta, um tratamento de luxo. Logo abaixo em sexto, Gachiakuta que teve um volume que vendeu em duas semanas basicamente a mesma coisa do anterior (em torno de 20 mil) pela margem de erro, estabilidade é o tema da edição, não se esqueçam!
Com a sétima colocação um oneshot (Myakuarin Asaron), seguido de Kuroiwa Medaka em oitavo, ganhando mais páginas coloridas semana que vem celebrando sua enquete de popularidade, sempre um elemento importante para comédias românticas. Mokushiroku no Yonkishi aparece em nono com vendas estáveis na faixa dos 45 mil em duas semanas para seu novo volume, o que não é ruim obviamente quando é um dos mangá que mais vendem da revista, mas que também demonstra que o recém lançado anime não mudou o patamar da obra. Décimo posto vai para Ao no Miburo com páginas coloridas revelando novas informações de seu anime, que honestamente duvido que vai popularizar muito o mangá, mas existe e é justo que os editores o promovam. Por mais improvável que seja (ressalto, é muito improvável), temos histórias de outras adaptações virando hits inesperados.
Duas obras novas em seguida em décimo primeiro e décimo segundo lugar, com Mayonaka Heart Tune e Mononoke no Ran. O primeiro simplesmente é muito maior em presença digital que o segundo, mas no fim ainda precisamos de volumes para quantificar isso. Mononoke no Ran a cada capítulo parece estar se firmando cada vez mais como uma história mais séria, o que não é tão comum ao menos na linha atual da revista.
Em décimo terceiro, Shangri-la Frontier que foi o mangá com maior crescimento da nova leva de volumes, chegando a quase 90 mil volumes vendidos em duas semanas, mais do que o resultado do mês inteiro do anterior. Também é uma das três séries da temporada de anime (junto de Sousou no Frieren e Kusuriya no Hitorigoto) indo muito bem na venda dos volumes anteriores. Shangri-la Frontier vai superar logo a barreira dos 100 mil por volume e caminha para se firmar de vez como um dos pilares da revista merecidamente.
Mais estabilidade em décimo quarto, Megami no Café Terrace vende basicamente a mesma coisa de seu volume anterior também! Seguido de Akabane Honeko logo abaixo, que ganhará página colorida na próxima Magazine para celebrar reprints de todos os seus volumes – falarei mais sobre abaixo no destaque. E em décimo sexto, Amagami-san com mais… vendas estáveis. Já entenderam, né?
Um bloco agora de mangá sem novos volumes nessa leva. Começando com Sentai Daishikkaku em décimo sétimo, que não dá nem sinais de terminar seu arco atual e ainda não podemos cravar o caminho que a série tomará; Brave Bell em décimo oitavo lutando por sobrevivência com outros mangá de ação que precisam de mais vendas mesmo; Hajime no Ippo entregando capítulos curtíssimos recentemente em décimo novo, demonstrando que o autor George Morikawa tem a flexibilidade que precisa para continuar a obra que começou na década de 80 e que é um dos pilares históricos da revista Shonen Magazine.
Agora a duplinha mais ecchi junta. Vigésimo para Kanan-sama que é mais popular que o vigésimo primeiro, Yowayowa Sensei que em duas semanas teve vendas estáveis (!!!) e basicamente iguais as do volume anterior, mas nesse caso seria bom ter crescido mais, já que o mangá com 9 mil em duas semanas vende menos que as outras romcom e seu rival direto Kanan-sama. Em antepenúltimo, KimuraXClass que teve vendas péssimas para seu primeiro volume – não conseguiu aparecer nem na Shoseki e se projeta algo abaixo de 2 mil vendas. O cancelamento se torna só questão de tempo para a obra.
E para fechar a edição, o já cancelado Usayama e o detentor do fim da ToC por questões temáticas, Fumetsu no Anata e.
Destaque:
Akabane Honeko no Bodyguard
Comento que Akabane Honeko tem dificuldade de crescer em vendas, vivendo em torno de 6 mil por volume. Pior, seu ápice foi justamente no volume 1, caindo nos lançamentos seguintes! Mas o que leva então a série a alcançar um ano de publicação, reprints e uma página colorida na semana que vem?
Então, vamos falar um pouco do mangá em si para achar uma resposta. Akabane Honeko é uma obra de ação com elementos fortes de comédia e até romance. A história é sobre Arakuni Ibuki, um garoto com visual de delinquete, mas de bom coração, que precisa proteger sua amada amiga de infância e herdeira de um clã da yakuza (Akabane Honeko) de assassinos de grupos internos ou rivais que querem tomar esse poder. Ele conta com a ajuda de sua classe, que é toda composta por personagens excêntricos e treinados desde a infância para proteger Honeko, que não tem nem idéia de tudo que está acontecendo por suas costas.
Primeiramente, a ação é importante e um ponto forte do autor, que entrega cenas de lutas interessantes com uma arte vibrante pelas suas composições estilosas, esticando braços e pernas de forma a passar profundidade e movimento para as caóticas batalhas do mangá, principalmente as em grupo quando a classe enfrenta vários inimigos ao mesmo tempo. Já o lado de comédia aparece nas cenas cotidianas com os protagonistas e a classe. Todos são personagens únicos com aspectos estranhos, mas divertidos. Esse lado também ressalta a parte mais dramática da série, já que muitos arcos são escritos em volta de Ibuki conhecer mais a fundo seus colegas, aprendendo mais sobre suas reais personalidades e histórias pessoais. Comédia e drama são elementos narrativos que quando bem usados só reforçam um ao outro.
Dito isso, existe algo especificamente errado que o mangá faz para explicar suas baixas vendas? Se você ver os reviews e comentários em sites populares para crítica e na Amazon, Akabane Honeko só quase tem comentários muito positivos, os volumes são bem avaliados e quem lê só tem elogios para essa boa mistura de ação e comédia e a forma com que a série sempre desenvolve novos roteiros rapidamente. Estranho?
Na verdade não. Um mangá pode ser amado por um nicho, mas não atrair um grande público geral. Falamos de uma grande revista shonen aqui, até seus fracassos vendem mais que o padrão de outras revistas menores — isso não significa que essas obras sejam ruins, mas às vezes não querem apelar para um público maior e/ou casual, ou simplesmente só não tiveram ainda o alcance para mostrarem sua qualidade a esse público, não é incomum algumas adaptações em anime de mangá menos famosos explodirem, multiplicando as vendas em números imensos.
A aposta do editorial da Shonen Magazine pode estar aí. Eles podem acreditar que Akabane Honeko possa ter um apelo maior que ainda esteja oculto para potenciais fãs. Leitores talvez de algo como Ansatsu Kyoshitsu poderiam gostar do mangá se tivessem conhecimento dele. Ao mesmo tempo, um mangá é cancelado se não vende bem. Uma vantagem que Akabane Honeko tem é que sua disputa é direta com outras séries de ação novatas da revista, enquanto vender mais que lançamentos como Brave Bell, KimuraXClass, Mononoke no Ran, etc, o mangá continuará com espaço na linha. A Magazine precisa de séries de ação populares também e que autores novos criem seus nomes ali, então entre as histórias que se encaixam nisso, é o mais popular e o que sobrevive.
Dito isso, é importante que o mangá cresça e dá para perceber que alguns elementos até existem para agradar os leitores de romcom da revista. Honeko e Ibuki tem um relacionamento típico de uma série de romance e existem outras heroínas que também amam o protagonista e lutam por sua atenção. O mangá tem um pouco de tudo, mas ainda não conseguiu estourar de vez. Será que é possível ainda? Se até Ao no Miburo conseguiu anime, é essencial para a série se manter viva até possivelmente ser considerada para uma adaptação. Akabane Honeko realmente é uma luta pela sobrevivência.