O conteúdo do Analyse It se recusa a acabar. Agora, pela primeira vez no site, trazemos a análise da primeira edição da Afternoon do ano de 2024. Não conhece? Eu duvido muito, mas caso seja o caso, agora você vai conhecer.
- Escrito por DNSS
TOC Monthly Afternoon #1 – (25/11/2023)
Darwin Jihen c33 (Capa e Página Colorida de Abertura)
02 – Blue Period c66
03 – Tengoku Daimakyou c59
04 – Medalist c39
Dokudami no Hanasaku Koro c01 e co2 (Página Colorida de Estreia)
06 – Tengu no Daidokoro c23
07 – Hellhound c18
08 – Aono-kun ni Sawaritai kara Shinitai c62
09 – 7-nin no Nemuri Hime c25, c26 e c27
10 – Mugen no Juunin: Bakumatsu no Shou c54
Kimi to Uchuu wo Aruku Tame ni (Divulgação Especial &Sofa, Lançamento do 1º Volume)
12 – Meimeimeishoku Seiiki c09
Yamada-kun no Zawameku Jikan c06 (Página Colorida de encerramento)
14 – Ookiku Furikabutte c200
15 – Jigoku no Ashita c09
16 – Puu-Neko c235
17 – Suzume no Tojimari c14
18 – Wondance c54
19 – Vinland Saga c207
Skip to Loafer (Capítulo extra)
21 – Fragile c110
22 – Chaos Game c17
23 – Saihate no Serenade c10
24 – Inui to Tatsumi: Transbaikal Senki c60
25 – Nami yo Kiitekure c96
26 – Toppuu GP c90
27 – Issak c83
28 – Under 3 c112
29 – Kaettekita Karasuya Satoshi
Ausentes: Quartz no Oukoku, Raise wa Tanin ga Ii, Mirai Rai Furai, Houseki no Kuni (hiato), Historie (hiato), Bouken Elektriciteit-tou (hiato).
Pelo nome no início do post se torna desnecessário apresentações, eu já escrevo pro site toda semana as TOCs da Sunday, e agora, uma vez ao mês, irei trazer também as da Afternoon, uma revista Seinen e mensal da Kodansha. Geralmente, sou condescendente nas análises e digo sempre ‘’leiam só a parte que quiserem, não precisa ler tudo’’. Não será esse o caso. Precisarei da sua total atenção, pelo menos nesta introdução. Após ela, o protocolo padrão retorna. Leia o que você quiser.
Primeiro, uma reflexão. O que seria uma ‘’TOC’’? Você já sabe a resposta, TOC significa ‘’Table of Contents’’, no bom e velho português, um ‘’sumário’’. Certo, isso é o óbvio, todo mundo sabe, mas sigamos. Qual seria o objetivo deste sumário? Isso mesmo, listar a ordem das séries dentro de uma determinada revista. Novamente, só o óbvio foi dito. Agora, acrescento a pergunta final; com qual objetivo analisamos esse tal sumário, aqui no site? Já não está mais tão óbvio, mas ainda tá fácil.
O objetivo é simples, refletir sobre esse sumário e tentar decifrar o que cada posição, de cada história, significa para o organizar da revista. Não se trata de um hobby de gente maluca que fica observando, de forma aleatória, nomezinhos que se reorganizam toda semana, sem razão alguma. Nada disso, nossa tarefa é entender as tendências e padrões da revista. Por que X mangá está em Y posição, existe alguma correlação com sua recepção? Talvez com suas vendas? Qual será seu futuro? Analisar a TOC responde essas e outras perguntas, muitas vezes, não todas, mas muitas vezes, conseguimos explicar e entender o destino de cada história através dessas observações.
Não é complicado, mas muita gente esquece, ou se confunde. Analisar as TOCs nada mais é do que um método analítico que busca entender a revista e as histórias nela contidas. Somos empiristas amadores e sinceros. Já enrolei demais. Convencer a ler é complicado, convencer a permanecer lendo é uma atividade de manutenção ainda mais complicada. Por que eu me alonguei tanto nessas conceituações? Para lembrar que a TOC é somente uma ferramenta de observação, de estimativa, de especulações. Mas mais do que limitar-se à atividade vazia de somente observar posições, é muito mais proveitoso discutir as histórias da revista, para depois sim, discutir a sua colocação.
Quadro de Houseki no Kuni. Nessa história sim, o tempo passa devagar. Dentro e fora dele.
A Afternoon permite isso, permite a contemplação. No momento que você acreditar em um cancelamento, já vai ter se passado 2 anos, é uma revista mensal, ‘’avant-garde’’, o tempo nela passa mais devagar, prezam demais pela qualidade artística de suas histórias, ater-se á somente analisar a revista, sem aproveitá-la, seria um desrespeito. Então, pessoalmente falando, mais do que cuspir um sumário com nomes desconhecidos, é bem mais divertido enxergar essa oportunidade como um trabalho de divulgação, criar um espaço para discutir outras histórias, que te deixe curioso o suficiente, que te apresente uma história nova, algo que você sequer sabia que existia, mas que agora não consegue viver sem.
Seria totalmente inviável comentar todos os mangás da revista e discutir minuciosamente cada um deles, mas como toda TOC é entendida somente no longo prazo, essa daqui não será diferente. O formato me limita, o tempo me limita, mas a gente faz funcionar, basta ter paciência. Com o tempo vamos construir, juntos, um interesse pela revista. Você ler UM mangá novo, já será um sucesso. Agora sim, para a TOC.
Página colorida de Abertura de Darwin Jihen
Abrindo a revista, na primeira posição, Darwin Jihen. Nunca ouviu falar? Eu já ouvi, mas também nunca li. Escrito por Shun Umezawa, a história venceu o prêmio Manga Taisho de 2022, o que não é pouca coisa. O mangá é publicado no Brasil pela Panini, o que facilita mais ainda a vida do brasileirinho que se interessar pela história. A história vende bem, acima das 40 mil cópias mensais, e seu último volume foi lançado há pouquíssimo tempo, no dia 22 de novembro. A capa, naturalmente, serve como divulgação para o seu recém lançamento. Será minha tarefa pessoal ler o mangá nas férias.
Na segunda posição, Blue Period. Esse sim, é um queridinho meu. Entregou no ano de 2023 um dos arcos mais pesados e dolorosos que já li na vida, sobre como lidar com perdas, o enfrentamento do luto, a sensação da culpa e a incapacidade de superar. Facilmente uma das minhas leituras preferidas do ano, se não a preferida, Blue Period entrega, continuamente, uma história impecável. Dolorosa até demais, mas impecável.
Para dar um descanso emocional pro leitor e para a Tsubasa Yamaguchi, o mangá vai entrar em hiato, já que a autora acabou de se tornar Mãe! Geralmente, só os leitores de mangá que são pobres coitados e solitários, os mangakas curtem a vida adoidado, como podemos observar. Construindo uma família, lutando contra a crise de natalidade e ajudando seu País, parabéns para a nova mamãe.
Página de Blue Period
Na terceira colocação, outro grande sucesso do ano, Tengoku Daimakyou. E quando eu falo sucesso, eu me refiro a boa recepção que seu anime recebeu, críticas positivas e uma recepção geral excelente sobre a qualidade da obra. A série se sustenta comercialmente, vendendo acima das 40 mil cópias mensais, números excelentes, mas que ainda assim, não a coloca nas 5 maiores vendas da revista.
Em quarto lugar, Medalist. Outro mangá consolidado na Afternoon, com anime marcado para estrear, não se sabe para quando, mas vai estrear. Diferente de Daimakyou, que recebeu uma animação fantástica, eu me sinto mais cético em relação a Medalist, já que o estúdio responsável pela obra é um estúdio totalmente mediano, para não dizer ruim. E analisar puramente estúdios é sempre um trabalho vazio, mais importante é observar a staff envolvida no projeto, do que a TAG dela, mas nesse caso… até a staff é totalmente composta por leiteiros e lenhadores, não é um bom sinal. Quem sabe é a oportunidade para essa equipe criar algo positivo, não sabemos, quando sair, a gente reclama.
Página Colorida de Estreia: Dokudami no Hanasaku Koro
Saltando para a 7º colocação, o novato não-tão-novato, Hellhound. Essa é a história que a Afternoon, atualmente, mais promove. Dos mangás com menos de 4 volumes, é o mais promissor, conseguindo vender acima das 20 mil cópias mensais, desde seu primeiro volume. A história não tem tradução, então é complicado comentar seu enredo, mas sua arte/setting me lembra bastante o infame Gantz. O que pode ser algo bacana pra alguns, e um redflag enorme pra outros. Não sei, só sei que é a terceira melhor série ranqueada da revista, e a Afternoon aposta no seu sucesso.
Em oitavo lugar, Aono-kun ni Sawaritai kara Shinitai. Outra história que estou devendo acompanhar, e uma das mais bem elogiadas da revista. Um mangá de drama/horror envolvente, e recomendado por ninguém menos do que Tatsuki Fujimoto, tem como, de alguma forma, ser ruim? Vou ler nas férias!
Em décimo lugar, Mugen no Juunin: Bakumatsu no Shou. Você talvez nem conheça Blade of the Immortal, e pior ainda, você talvez nem fazia ideia de que Blade of the Immortal estava recebendo uma sequência. O mangá não tem tradução, o que é um saco, capa minha curiosidade e minha possibilidade de recomendação, mas como a obra original está totalmente traduzida e é um absoluto clássico, que todo mangazeiro deveria ler, vale a menção. E olha que linda essa capa do volume novo, absurdo.
Volume #9 de Mugen no Juunin: Bakumatsu no Shou
Ignorando a página colorida do 13º Yamada-kun no Zawameku Jikan, para falarmos do lendário 14º colocado, Ookiku Furikabutte. O quão grandioso é alcançar a marca 200 capítulos em uma revista mensal? São VINTE anos de história, e a Afternoon ranquea o mangá, geralmente, no fundo da revista, e sem páginas coloridas de comemoração, uma covardia. E o pior, mesmo com 20 anos de longevidade, continua sendo um dos maiores sucessos comerciais da revista, todo volume supera as 100 mil cópias, é um pilar no seu sentido mais pilaresco. O novato Yamada-kun que me perdoe, mas entregar uma página colorida feia dessas ao invés de destacar Ookiku Furikabutte é covardia. Respeitem os mais velhos.
Pulando novamente e pousando na 19º posição, Vinland Saga. Impossível não conhecer, dispensa quaisquer apresentações, um dos nomes mais importantes da história dos mangás, membro da santa trindade dos ‘’3 Grandes Seines’’, composta pelos parceiros Berserk e Vagabond. Todo jovem que resolve amadurecer e virar gente grande bate de frente com sua história, é a principal porta de entrada para aquele que se CANSOU das criancices, shonenzinho já não serve mais, chega dessas porcarias, quero ler coisa de verdade, de adulto.
Vinland nunca teve um ponto baixo, mais uma vez, entregou um ano fantástico, de reflexão, tensão, de uma segunda temporada maravilhosa no seu anime. Thorfinn ensina: ”não temos inimigos”, mas talvez a Afternoon tenha inimigos, e pulando para a 22º colocação, esse inimigo é Chaos Game. O também não-tão-novato, vive uma situação levemente complicada. Na média, é um dos mangás mais mal posicionados da revista, e todos seus volumes venderam abaixo das 5 mil cópias mensais, sequer apareceu no Ranking Shoseki na primeira semana, vendendo abaixo das 1 500 cópias.
Página Colorida de Yamada-kun no Zawameku Jikan
Como já explicado na Análise #48 da Sunday, é muito difícil prever cancelamentos de outras revistas, mais complexo ainda é prever as decisões da Afternoon, mas isso não nos impede de observar os mangás com prioridade e com menos prioridade dentro de cada revista, e os perigos de se colocar no fundo dessa pirâmide de preferências. Não retomarei essa explicação de prioridades, se tiver interessado, basta ler somente o encerramento da análise que linkei ali em cima, o que precisamos entender é que, Chaos Game está nesse grupo não-prioritário, o que o coloca numa situação fragilizada, longe de apontar diretamente para um cancelamento, mas de um mangá que vive uma situação mais desconfortável e instável, em comparação ao restante dos seus companheiros de revista.
Para encerrar, gostaria de falar desse carinha, o 24º colocado, Inui to Tatsumi: Transbaikal Senki. Eu duvido totalmente que alguém aqui acompanhe a história, eu mesmo nunca li um capítulo sequer, mas porque mencioná-la? Por conta de seu autor, Yoshikazu Yasuhiko. Nunca ouviu falar? Joga no google, o cara é simplesmente um dos principais nomes de Mobile Suit Gundam, foi Diretor de Animação e responsável pelo Design de Personagens, homem de frente na criação de uma das maiores franquias de anime de todos os tempos, ajudando na solidificação de um dos gêneros mais populares dos mundos dos animes e mangás, uma lenda vida. Até sua juventude foi agitada, formou-se em história, fez parte de movimentos estudantis e chegou até a ser preso. No decorrer da caminhada, acabou se tornando um animador e mangaka, que virada de vida. E olha a capa do último volume da sua história, simplesmente o Lenin cabeçudo, muito foda.
Volume #10 de Inui to Tatsumi: Transbaikal Senki.
E é isso, terminamos. Não deu pra falar de tudo, mas deu pra falar de bastante coisa. Teremos uma próxima vez? Não sei, depende de você, leitor. Pode não parecer, mas dá um trabalho maldito fazer cada TOC. Pesquisar, ler, escrever, editar, diagramar, formatar e revisar cada postagem, tudo isso, obviamente, recebendo zero reais em troca. Nossa moeda é a divulgação e o engajamento, o escambo é sua atenção. Portanto, quer que continue? Comente, interaja, leia, em partes ou na sua totalidade, cada análise. Assim o site cresce, o conteúdo aumenta e todo mundo comemora, juntinhos.
Obrigado pela atenção e até uma possível próxima vez. Abraços. Cliquem e respondam o formulário abaixo! É importante!!