Os editores demoraram, mas FINALMENTE lançaram uma nova leva: O primeiro mangá a estrear dessa leva é Tenmaku Cinema, uma nova série dos autores de Shokugeki no Souma, mangá de culinária que conquistou o coração de vários leitores da Weekly Shonen Jump entre 2012 e 2019. Por isso nem devo dizer que tinha um “pequeno hype” no lançamento desse novo mangá.
Nesse artigo irei escrever minhas impressões sobre o primeiro capítulo de Tenmaku Cinema – não darei uma nota e nem direi se vale a pena ler, pois eu acredito que possa fazer isso somente após, no mínimo, sete capítulos (e é uma opinião que pode mudar com os capítulos seguintes) – mas tentarei responder a pergunta que sempre me fazem após o primeiro capítulo de uma nova série: Será que o mangá apresentou o suficiente para convencer o público leitor?
Act-Age encontra Hikaru no Go.
Tenmaku no Cinema começa com uma página colorida muito bonita e limpa, que consegue chamar atenção imediatamente dos leitores. É também uma página colorida “FUNCIONAL”, que por isso tem uma utilidade na história. Alguns autores preferem usar as páginas coloridas somente para entregar um quadro bonito, mas nesse caso, Shun Saeki e Yuuto Tsukuda a utilizam para introduzir a história aos leitores.
Infelizmente após as três páginas iniciais, “Tenmaku Cinema” entra em hibernação e não entrega nenhuma cena bonita até a página 47, quando o fantasma chamado de Tenmaku avista pela primeira vez a atriz da escola. São 40 páginas que mostram uma arte básica e simples, que se propõe a ser somente útil ao roteiro, sem apresentar nenhuma cena memorável.
A culpa não é de Shun Saeki, na minha opinião, mas sim de Yuuto Tsukuda que cria um roteiro morno, sem nenhum atrativo, nas primeiras 45 páginas. A ausência de elementos atrativos já inicia na ambientação que é um colégio, sim, mais um mangá colegial. Eu entendo que não sou mais o público-alvo, que são os adolescentes, mas vou ser sincero, às vezes cansa ler mangás ambientados em uma escola japonesa. Devemos ter mais de 10 mil mangás assim.
Não ajuda também, na minha visão, as similitudes com “Hikaru no Go”, ao ponto de a série parecer uma paródia que substitui o “go” pelo “cinema”. E para enterrar mais ainda o mangá, todos os personagens parecem ter uma personalidade já conhecida, o que dá uma sensação de tudo já ter sido visto – qual é a novidade de “Tenmaku Cinema”? Nenhuma, estou vendo uma obra genérica que tem como temática o cinema -.
Vamos dar exemplos das duas últimas obras da Shonen Jump que seguiram um tema parecido com o de “Tenmaku Cinema”. O finado ACT-AGE entregou um roteiro centrado em uma protagonista carismática, Kei Yonagi e a desenvolveu uma trama interessantíssima em um ambiente mais adulto – mesmo a Kei Yonagi tendo 16 anos –. Já Akane Banashi entregou um primeiro capítulo mágico, um dos melhores já lançados na revista, e nem se preocupou em seguir todos os esquemas tradicionais de “primeiro capítulo”. Preferiu entregar algo único e os capítulos seguintes, mesmo depois tendo caído em certos esquemas tradicionais, continua peculiar.
“Tenmaku Cinema” não tem a coragem de entregar nada além do básico e isso acaba pesando, pois deixa a leitura bem mais chata. É mais do mesmo. O que me dá esperanças que a situação possa melhorar é que as últimas 15 páginas são mais envolventes. Yuuta Tsukuda cansado de entregar um roteiro trivial, decide criar um momento de tensão – quando Tenmaku vê a atriz Himeki e tem uma explosão de criatividade -.
Toda a sequência no qual Tenmaku controla Hajime Shinici, além de ser engraçada, também é muito bem desenhada – o roteiro deu a possibilidade de Shun Saeki de mostrar o seu talento –. Os movimentos fantasmagóricos do protagonista, os cabelos flutuantes dos personagens, o contraste entre a violência de Tenmaku e a beleza pura de Himeki, deram uma alma ao primeiro capítulo morno. Aliás, me deixou curioso para saber como o mangá irá prosseguir – Todavia ainda não entregando absolutamente nada de novo -. Agora eu quero saber se os autores conseguirão mostrar a magia do cinema como “Act-Age” conseguia ou se simplesmente será mais uma obra genérica ambientada em um colégio, com um protagonista adolescente e inteligente.
“Tenmaku Cinema” é uma obra com um grande potencial e temos dois autores veteranos que tem a capacidade de entregar algo mais intrigante do que li. É importante dizer que um “primeiro capítulo” não define a qualidade de uma inteira série e talvez os elementos que a renderão única serão apresentados ao longo dos próximos capítulos, por isso não sejamos fatalistas em relação a “Tenmaku Cinema”.
Contudo, eu ainda acho que o mangá precisa apresentar bem mais para convencer. Talvez esse acúmulo de elementos genéricos seja o suficiente para agradar o público japonês, talvez não seja, isso só saberemos nas próximas semanas. Talvez eu não tenha tido a capacidade de ver algo de especial na obra e os japoneses vejam – certamente a opinião deles é mais importante que a minha –, mas a mim, Tenmaku Cinema ainda não convenceu.