Pancadaria pura!
Vocês votaram (Milênios atrás) e escolherem qual artigo deveria ser escrito por mim, Leonardo Nicolin! O vencedor acabou sendo o TOP 10 maiores rivalidades da Shonen Jump. Contudo, para evitar que o artigo se tornasse gigantesco, diminui para um TOP 8, que continua sendo de altíssimam qualidade: Você irá conhecer agora as 8 maiores rivalidades da história de uma das revistas mmais concorridas de todo o mundo.
Avisando que essa não é uma classificação sobre autores que se odiavam… A verdade é que muito provavelmente, a grande maioria, se não todos, esses autores eram até mesmo amigos. A rivalidade desses mangás na verdade era alimentadas unicamente pelos leitores dos mangás, que queriam ver a sua série preferida, como “a melhor” e “mais popular” do mercado de mangás. Por isso, sem mais delongas, vamos conhecer as maiores rivalidades.
1968 – 1972: Harenchi Gakuen x Otoko Ippiki Gaki-Daishou
É inegável que 1968 foi um dos anos mais marcantes da história do mundo dos mangás: Tivemos o surgimento de Ashita no Joe e Golgo 13 (uma das séries mais longas da história), porém, sem sombras de dúvidas, o nascimento da Weekly Shonen Jump acabou sendo o acontecimento mais importante daquele ano. Nasceu a revista que viria a mudar a vida de várias crianças, adolescentes e adultos de todo o mundo. Foram quatro mangás que marcaram o primeiro ano de vida da revista: Otoko no Joken, Chichi no Tamashii, Harenchi no Gakuen e Otoko Ippiki Gaki-Daishou. Porém, os que protagonizaram realmente a revista foram os dois últimos.
Harenchi Gakuen (1968 – 1972), do Go Nagai, chegou chocando a família tradicional com uma série cheia de ecchi, introduzindo pela primeira vez elementos eróticos nos mangás modernos. É interessante perceber que Go Nagai estava relutante em escrever para a Weekly Shonen Jump, pois era um autor (mesmo que não conhecido) que só publicava histórias curtas e não sabia se conseguiria publicar uma série longa da revista, como os editores queriam.
Harenchi Gakuen contava a história de grupo estudantes que faziam “coisas impropriadas” na escola, principalmente em relação a professora “sexy”: O mangá contava com elementos eróticos, nudismo e também um humor irônico, que deixou muitos japoneses mais velhos assustados. Se com os mais velhos teve um rejeição, os mais jovens se apaixonaram pela transgressão do mangá.
Já Otoko Ippiki Gaki-Daishou (1968 – 1973) acabou sendo muito menos polêmicos, mas também alcançou um sucesso gigantesco. Otoko conta a história de um jovem que tem como objetivo formar a maior gangue do Japão: A série misturava elementos “Shounen” com uma boa comédia, e se tornou um grandíssimo sucesso na época, atraindo vários jovens a comprarem a Weekly Shonen Jump para ler esse novo “espetacular mangá”. O mangá teve 20 volumes, um anime em 1969 (o primeiro da revista) e Live-Action em 1971.
Quem venceu? Ambos foram extremamente importantes para a época. Harenchi Gakuen teve uma relevância tão grande que criou o gênero “ecchi”, já Otoko Ippiki Gaki-Daishou foi a inspiração para vários mangakás começaram a produzirem mangás Shounen: Masami Kurumada (Saint Seiya), Tetsuo Hara (Hokuto no Ken), Yoichi Takahashi (Captain Tsubasa) e Masanori Morita (Rokudenashi Blues) tiveram como grande inspiração em Otoko Pipiki Gaki-Daishou. Por isso, ambos são extremamente importantes e eram pilares da revista.
Contudo, o “PRIMEIRO PILAR” da Weekly Shonen Jump, o mangá que VENCE a batalha no sentido de sucesso comercial da época, tem que ser Otoko Ippiki Gaki-Daishou, já que os editores, pressionados pelos protestos contra Harenchi Gakuen, decidiram cancelar a série em 1972, deixando a estrada livre para Otoko Ippiki Gaki-Daishou vencer essa batalha.
1984 – 1991: Hokuto no Ken x Dragon Ball x City Hunter
Os anos 80 foi um grande BATTLE ROYALE de mangás, tivemos muitíssimos mangás da Weekly Shonen Jump que conseguiram vender acima de 1 milhão por volume, mas três na segunda metade dos anos 80 estavam se destacando como pilares: Hokuto no Ken, Dragon Ball e City Hunter. Comendo pelas beiradas também tínhamos Saint Seiya (que não teve um grande sucesso no Japão, porém enorme no ocidente, por isso não podemos considerar uma rivalidade da Weekly Shonen Jump), KochiKame, JoJo e Captain Tsubasa.
A rivalidade entre os leitores desses três mangás era enorme, pois todos os três tinham um anime de grande relevância e um grupo de leitores extremamente apaixonados. Hokuto no Ken (1983 – 1988) teve 27 volumes, um anime de mais de 150 episódios produzido pela Toei Animation, um filme animado em 1986 e um estranho Live-Action em 1995, quando já havia sido encerrado, além de vender acima de 2 milhões de cópias por volume. City Hunter (1985 – 1991) também não decepcionou, a série de aventura, teve 35 volumes, um anime de 140 episódios, inúmeros filmes, variados Live-Actions espalhados pelo mundo, e vendeu cerca de 1.4 milhões de cópias por volume.
Concluindo com o nosso querido Dragon Ball (1984 – 1995), que é o VENCEDOR DESSA BATALHA: Sim, por mais que Hokuto no Ken tivesse tido um começo mais explosivo que Dragon Ball, é inegável que a série de Akira Toriyama conseguiu conquistar muito mais o público japonês, se tornando assim o PILAR da revista na segunda metade dos anos 80 e por metade dos anos 90. Dragon Ball teve 42 volumes, um anime produzido pela Toei Animation, com mais de 300 episódios (além dos produtos originais que vieram depois de Dragon Ball GT), inúmeras adaptações cinematográficas e alguns Live-Actions que é melhor nem comentar, para não engatilhar os amantes do mangá.
1991 – 1995: Yu Yu Hakusho x Dragon Ball x Slam Dunk
Considerado o TRIO DE OURO, todos os leitores do Analyse It conhecem a rivalidade enorme entre esses três mangás: Foram somente três anos de real combate, de porrada franca, sem TIME-OUT, porém os leitores da série criaram uma rivalidade entre si, para decidir quem era o verdadeiro “GRANDE PILAR DA REVISTA”, enquanto os editores simplesmente se deliciavam com o dinheiro que esses mangás estavam traziam.
Dragon Ball, não precisamos declarar nada, pois já comentei na parte anterior. Tenho que comentar só dos outros dois mangás, começando por Slam Dunk (1990 – 1996) que surgiu em 1990 arrombando o coração dos leitores da revista. Juntando basquete, romance e delinquência, a série acabou se tornando o mangá de esporte mais relevante da história, empatado com Ashita no Joe. Foram 31 volumes de altíssima qualidade, um anime de mais de 100 episódios e um encerramento que entrou para a história da revista.
Já Yu Yu Hakusho (1990 – 1994) também não estava brincando, a série de Togashi, teve somente 19 volumes, um anime de 112 episódios produzido pela Pierrot e conseguiu vender mais de 2 milhões de cópias por volume. Porém, o mangá terminou muito cedo e não conseguiu peitar em vendas nem Slam Dunk e nem Dragon Ball. De fato, depois do encerramento de Yu Yu Hakusho em 1994, a batalha entre os outros dois mangás continuou em 1995, quando Dragon Ball terminou.
Quem é o vencedor? Essa é complicada, pois tendemos a dizer Dragon Ball por ser mais conhecido no ocidente, porém estamos comentando da rivalidade na WEEKLY SHONEN JUMP, e eu estou mais propenso a dizer que a vitória acabou sendo de Slam Dunk: A série, no seu auge, vendia MAIS do que Dragon Ball, alcançando a marca RECORDE da época, de 2.5 milhões de cópias iniciais. Sim, nenhum mangá havia tido uma impressão inicial maior de 2.5 milhões antes de Slam Dunk. Deste modo, podemos dizer que sim, Slam Dunk conseguiu no seu auge, destronar Dragon Ball, que porém, na minha opinião, continua sendo o rei dos mangás, por causa da sua influência na Weekly Shonen Jump.
1998 – 2002: Rising Impact x Equipe Editorial
Atualmente estamos vendo muitos leitores irritadíssimos com o modo que os editores tratam Honomieru Shounen. Quem está reclamando, não leio a minhas retrospectivas, pois não teve mangá mais maltratado na história da revista do que Rising Impact (1998 – 2002), de Nakaba Suzuki (que depois veria a lançar Nanatsu no Taizai). A série de GOLFE conseguiu o INCRÍVEL feito de ser cancelada DUAS VEZES.
Isso mesmo! Essa batalha de UFC épica, começou com Rising Impact estreando na revista com algumas polêmicas, mas com uma boa popularidade, que acabou deixando os editores duvidosos sobre o que fazer com a série. Decidiram, para a tristeza do autor, dar um punho no estomago de Rising Impact e cancelaram o mangá.
Mas os leitores de Rising Impact deram um CONTRAGOLPE protestando pela censura e cancelamento da série. A pressão externa resultou em uma decisão inédita por parte dos editores, que decidiram DESCANCELAR a série, e voltaram a publicá-la, ainda no mesmo ano (recomeçando a sua contagem do zero). Porém, os editores mesmo voltando a publicar a série, não estavam convencidos do seu sucesso, e apenas a popularidade de Rising Impact diminuiu em 2001 e 2002, a série voltou a ser cancelada (nocaute dos editores), sem nem mesmo ter ganho um anime.
Deste modo, Rising Impact tinha uma rivalidade interna gigantesca com os editores, que pareciam que se negavam a aceitar a boa recepção da série. Séries que vendiam menos chegavam a receber mais destaque que o mangá de Nakaba. Infelizmente o segundo cancelamento, em 2002, acabou sendo definitivo (e na verdade, mais racional, a série já não estava vendendo tão bem realmente), por isso os vencedores acabaram sendo justamente OS EDITORES.
2002 – 2011: ONE PIECE x Naruto x BLEACH
Sem sombras de dúvidas, a primeira grande rivalidade moderna da Weekly Shonen Jump acabou sendo a BATALHA DO TRIO DE FERRO; One Piece, guiado pelo Eichiiro Oda. Naruto, guiado por Masashi Kishimoto. E Bleach, guidato por Tite Kubo. Essas três obras protagonizaram não somente a maior batalha desse século até então, mas também a batalha mais longa da história da revista. Foram longos nove anos, no qual esses três mangás lutaram pelo título de mangá mais relevante da revista.
Porém, diversamente das rivalidades anteriores, no qual tivemos algumas trocas de punhos, a batalha de Naruto e BLEACH contra One Piece acabou sendo bem unidimensional. Os dois mangás mais jovens não conseguiram em nenhum momento superar a série de Oda, mesmo que Naruto tenha esboçado em alguns anos uma reação que poderia indicar que a série pudesse superar One Piece em popularidade.
Só restava aos leitores de Naruto e Bleach argumentar que obras preferidas eram melhores, já que em vendas e audiência, One Piece sempre foi soberano, mas sabemos que mesmo tentando classificar de modo mais objetivo possível a qualidade de obra artística, sempre vários elementos subjetivos estarão presente em uma análise. Qual é o melhor mangá entre os três? Não sei, mas posso dizer aquele mais popular no Japão.
O golpe de graça nesse combate, que deu a vitória definitiva para One Piece aconteceu em 2011, quando suas vendas explodiram tanto, que a série chegou a vender mais de 3.5 milhões de cópias em único volume (em 1 mês). Naruto, que tinha chegado ao máximo a 2 milhões de cópias, e Bleach que chegou ao máximo a 1.5 milhões de cópias, não conseguiam seguir o ritmo monstruoso de One Piece, que levou o título para casa.
2012 – 2016: ONE PIECE x Ansatsu Kyoushitsu
Quando Naruto e Bleach se deram por derrotados, quem apareceu com duas metralhadoras na mão, pronto para atirar em One Piece, foi Ansatsu Kyoushitsu: A nova série de comédia do Matsui se tornou um sucesso instantâneo, e já no terceiro volume já estava vendendo acima de 1 milhão de cópias por volume, se tornando um dos sucessos imediatos mais rápidos da história da Weekly Shonen Jump.
Os editores tinham uma grande expectativa sobre a série: “Se com 3 volumes já vende 1 milhão de cópias, imagina quando fosse lançado o seu volume? Vai conseguir vencer One Piece”, muitos acreditavam, inclusive os leitores que queriam ver One Piece sendo destronado. E justamente pelo seu apoio editorial e por ter uma alta popularidade, a série estava constantemente nas duas primeiras colocações, recebia destaque contínuo e os editores reservaram um capital enorme para divulgar a série. Porém, o seu anime não melhorou suas vendas, Ansatsu Kyoushitsu continuou vendendo a mesma coisa, 1 milhão de cópias por volume.
Deste modo, a rivalidade criada acabou morrendo pela incapacidade de Ansatsu Kyoutshi em superar ONE PIECE, que estava em seu auge em vendas, superando sempre a marca de 3 milhões de cópias por volume. Porém, é inegável que tinha sido instaurado uma rivalidade enorme entre os leitores das duas séries, muitos realmente esperavam que Ansatsu Kyoushitsu conseguisse destronar One Piece.
2015 – Atualmente: Boku no Hero Academia x Black Clover
Talvez nenhum desses dois mangás chegaram a lutar pelo vértice da revista, já que nunca chegaram ameaçar One Piece, porém, os leitores desses dois mangás lutavam por um título: O melhor “novo mangá” shounen da revista, e discutiam constantemente para ver quais duas séries venderiam mais após o anime.
O motivo dessa grande rivalidade é, na verdade, uma consequência de um longo período de 5 anos, no qual os editores da Shonen Jump não tinham conseguido lançar nenhum Battle Shounen de sucesso (tirando World Trigger, que nunca se tornou uma série do “povão”). Quando em 2014, Boku no Hero Academia conseguiu vender uma boa quantidade, os leitores da revista se sentiram aliviados: “Finalmente um novo mangá do gênero”.
Contudo, alguns meses depois, estreou Black Clover, que para algumas pessoas tinha um potencial maior que Boku no Hero Academia – Os dois irmãos que nasceram depois um longo período de seca, deste modo, protagonizaram uma grande batalha para ver quem seria o novo mangá B-Shounen relevante da revista. Quem se tornaria o novo “Naruto”, que tinha apenas acabado. O vencedor acabou sendo Boku no Hero Academia, que deslanchou em vendas, conseguindo superar a média 1 milhão de cópias vendidas por volume. Já Black Clover, por causa de uma adaptação fraca do estúdio Pierrot, não conseguiu explodir em vendas como o esperado.
2019 – 2021: One Piece x Kimetsu no Yaiba
A última batalha deve ser ONE PIECE e Kimetsu no Yaiba: O confronto que ninguém esperava que acontecesse. Kimetsu no Yaiba estreou bem tímido na revista, inclusive, quem acompanhava a TOC no Analyse It, vai lembrar como muitos concordavam que a série deveria ser cancelada por causa de suas baixas vendas. Porém, por os editores decidiram manter tanto Kimetsu no Yaiba quanto outras séries que vendiam um pouco mais.
Era um período de transição, no qual os editores começaram a dar mais tempo para séries vingarem em vendas – pensamento que depois veio a ser seguido por Hiroyuki Nakano, atual Editor-Chefe da Weekly Shonen Jump – Quando estreou o anime de Kimetsu no Yaiba, a série já estava vendendo muito bem, mas ninguém esperava que virasse esse monstro em vendas. Os volumes de Kimetsu no Yaiba ATROPELARAM todos os mangás do mercado, e chegaram a vender acima de 5 milhões de cópias.
Nunca o Ranking Oricon havia visto uma série vender tanto em tão pouco tempo. One Piece, que era o pilar da revista, viu seu título de “Mangá mais vendido do mercado” sendo roubado por um novato. E assim nasceu uma grande rivalidade entre os leitores dos dois mangás: Os leitores de Kimetsu no Yaiba se gabavam do sucesso, já os leitores de ONE PIECE diziam que a série inimiga não conseguiria vender essa quantidade com a duração de One Piece.
É inegável que em termo HISTÓRICO, por enquanto, One Piece é uma série muito mais importante. O mangá inspirou tantas crianças e adolescentes japoneses a começaram a desenhar, que pode ser inclusive comparado a Dragon Ball, porém, quando o assunto é vendas por volume, Kimetsu no Yaiba conseguiu destronar One Piece… Nem mesmo no seu auge, a série de Oda conseguia vender por volume, tanto quanto Kimetsu no Yaiba. Por isso, a batalha entre Kimetsu no Yaiba e One Piece, foi parcialmente vencida por Kimetsu no Yaiba.
A próxima rivalidade?
Tudo indica que está para nascer uma nova rivalidade: Jujutsu Kaisen, com seu anime, está preste a vender mais que One Piece, por isso os leitores da série de piratas, já tiraram as suas garras para defender a sua série preferida, enquanto os leitores de Jujutsu Kaisen estão prontos para se acharem os melhores por seguirem o mangá mais popular do mercado…
E assim, veremos mais uma batalha sangrenta entre FANDOMS de séries grandiosas… E a Shonen Jump? Como eu, iremos observar com uma pipoca salgadinha, os leitores se esganarem.