A Revista está Lotada!
Chegou o momento de entrar no ano 2002 da Weekly Shonen Jump. Enquanto entre o ano 97 e 2001, a revista conseguiu encontrar vários sucessos, os próximos dois anos: 2002 e 2003, foram bem problemáticos para a revista pela grande quantidade de séries veteranas de sucesso que estavam na revista. A Weekly Shonen Jump praticamente não tinha mais espaço para séries novas. Por isso é uma revista com poucos novatos. Deste modo decidi dividir o ano de 2002 em duas partes e o ano de 2003 em somente uma parte (O ano de 2003 realmente não acontece somente duas coisas importantes, além de não ter nenhum grande novato, por isso tentarei ser mais breve possível).
Antes disso, vamos lembrar quais mangás faziam parte da revista. Na Edição #01 de 2002 tinhamos:
Pilares: ONE PIECE (1997), Yu-Gi-Oh (1996) e Tennis no Ouji-sama (1999),
Mangás de Suporte (mais de 3 anos ou com anime): KochiKame (1976), JoJo (1987), Seikematsu Leader-den Takeshi (1997), Rookies (1998), Whistle! (1998), Hunter x Hunter (1998), Shaman King (1998), Hikaru no Go (1999)
Grandes Promessas (menos de 3 anos e sem anime): NARUTO (1999),
Séries Novatas (com menos de 3 anos e sem anime): Rising Impact (1999) Black Cat (2000), Pyu tu Fuku (2000), Bobobo-bo (2001), Mr.FULLSWING (2001), BLEACH (2001)
Ainda não bem estabelecidas: Mononoke! Nyantaro (2001), Sowaka (2001), Sakuratetsu Taiwahen (#01 de 2002)
Se é a primeira vez que você está visitando o Analyse It: Esse não é o primeiro artigo da “Retrospectiva” da Shonen Jump, já escrevemos vários artigos sobre a história da revista. Esse quadro iniciou a partir do ano de 1997, quando estreou ONE PIECE e iniciou a “Era do Renascimento” da revista. Por isso, se você quiser ler as demais retrospectivas: Ano 1997, Ano 1998, Ano 1999, Ano 2000 (Parte 1), Ano 2000 (Parte 2), Ano 2001 (Parte 1), Ano 2001 (Parte 2), Ano 2001 (Parte 3).
Prince of Tennis se torna um pilar! (Edição #01 até #13)
RESUMÃO DO QUE ACONTECEU ENTRE A EDIÇÃO #01 e #13
Utilizarei o sistema de ranqueamento japonês para a TOC, por isso a primeira colocação será sempre o mangá que recebeu capa, e as páginas coloridas serão ranqueadas.
Quando começou o ano de 2002, os editores se viram com tantos novos sucessos e várias séries promissoras. O anime de Hikaru no Go tinha tido uma boa recepção em 2001, mas não chegava aos pés do sucesso do anime de Tennis no Ouji-sama, que pouco a pouco se tornava a principal obra de esporte da revista. Além disso tínhamos vários novatos que ainda não tinham ganho um anime: NARUTO, Hikaru no Go, BLEACH, Mr.Fullswing, Bobobo-bo eram alguns dos exemplos. Os editores precisavam encontrar o equilíbrio entre “Divulgar as novas séries” e “estabelecer os pilares”.
Claramente, os dois pilares principais da revista continuavam a ser: ONE PIECE e Yu-Gi-Oh, as duas séries a vários anos dominavam as vendas e as televisões japonesas. Eram os pilares da revista desde 1998 e 2000, respectivamente. Yu-Gi-Oh podia não vender tão bem quanto ONE PIECE quando o assunto era “Volumes de Mangás”, mas o dinheiro que a série trazia a Shueisha e Shonen Jump, por causa das suas cartas e do seu anime, era absurdo. Os editores simplesmente estavam nadando no dinheiro por causa dessa série.
Vamos comentar as séries utilizando a média de posição da TOC: A série com melhor média nesse período, foi obviamente, ONE PIECE (média 3.30). A série já tinha se tornado o “Rei dos Mangás” em 1999, quando o seu anime estreou, e nunca abandonou esse título. A Edição #01 entregou o capítulo no qual Crocodile, primeiro grande vilão de ONE PIECE, é derrotado e todos os capítulos seguintes são praticamente o encerramento do arco de Alabasta e a preparação para o próximo arco. São capítulos tranquilos, depois de um 2001 frenetico. Porém mesmo assim os editores continuaram a classificar a obra entre as quatro primeiras colocações. Talvez com uma média um pouco pior, mas ainda sim soberana na revista.
Em segundo lugar tivemos justamente o segundo pilar da revista, Yu-Gi-Oh (média 4.45), que estava chegando ao ápice do “Battle Cry Tournament”, por isso estava em um momento considerado por muitos bem animador. Em terceiro lugar, por uma diferença mínima na média tivemos Tennis no Ouji-Sama (média 4.45). A série estava com seu anime em exibição, que era um sucesso gigantesco de público. Os seus volumes começaram a vender acima de 1 milhão de cópias, se tornando a segunda série que mais vendia na revista. Tennis no Ouji-sama (média 4.45), deste modo, se tornou o “terceiro pilar” da revista. A primeira série de esporte a conquistar essa posição desde 1996, quando Slam Dunk terminou.
Em quarto lugar tivemos NARUTO (média 4.55), que tinha seu anime anunciado para outubro desse mesmo ano. A série já vendia muito bem, era a sexta que melhor vendia, mesmo sem anime, e os editores acreditavam que o mangá poderia alcançar 1 milhão de cópias por volume após o seu anime, se tornando a quarta série na revista na época à alcançar tais números (Se juntaria a: One Piece, Hunter x Hunter e Tennis no Ouji-Sama). Era uma grande aposta por parte dos editores. Em quinto lugar, tivemos Hikaru no Go (média 7.50), que começava a sofrer com uma quantidade enorme de ausências (Uma ausência cada 4 ou 5 edições), mas continuava a vender muito bem, cerca 850 mil cópias por volume. O quarto mangá que mais vendia na revista.
Em sexto lugar tivemos Shaman King (média 8.09), outra série que vendia muito bem e que tinha um anime em exibição. A série vendia cerca 750 mil cópias por volume, sendo a quinta que mais vendia na revista. Em sétimo lugar tivemos Mr.FULLSWING (média 9.54) e depois em oitavo lugar Bobobo-bo (média 10.45), as duas séries novatas lançadas em 2001 vendiam relativamente bem, mesmo que os números de Bobobo-bo eram superiores à aqueles de Mr.FULLSWING. Os editores ainda acreditavam em ambas as séries e estavam investindo nos mangás. A comédia de Shimabukuro, Seikematsu Leader-den Takeshi (média 11.40) conquistou o nono lugar, e estava variava muito, às vezes estava no TOP 5, outras vezes entre os últimos colocados.
Em décimo lugar, no “meio da classificação” tivemos BLEACH (média 11.45). A série continuava sendo bem classificada e vendia bem. Provavelmente acima de Bobobo-bo e Mr.FULLSWING. Eu diria que BLEACH recebe um tratamento parecido com o que Jujutsu Kaisen está recebendo agora (antes da estreia do seu anime). Os editores acreditavam no potencial de BLEACH, os números não enganavam, mas preferiam classificar a obra na zona intermediária e dar destaque a outras séries que precisavam de mais publicidade. Em décimo primeiro lugar tivemos KochiKame (média 11.63), o veterano continuava estável na revista. Em décimo segundo lugar tivemos ROOKIES (média 13.88), integrando da parte “baixa” da revista. Normalmente consideramos boas posições quem está acima de KochiKame, e mangás classificados normalmente em ruins colocações aqueles abaixo de KochiKame, que é praticamente o “divisor da revista”.
Se Rookies, por ser para um público mais adulto, era normal vermos sendo classificado em posições mais baixas, as posições do décimo terceiro colocado Rising Impact (média 13.90) e do décimo quarto colocado Black Cat (média 14.27), eram simplesmente inaceitáveis, eram horríveis. Os editores pareciam não estar muito satisfeitos com o rendimento dessas séries, que até 2001, recebiam colocações melhores. A diferença é que Black Cat ainda tinha o apoio editorial e mesmo tendo uma popularidade alternante, tinha um público cativo que gostava da série, já Rising Impact tinha perdido totalmente o apoio dos editores e não convencia mais tanto assim o público. Em décimo quinto lugar tivemos Whistle! (média 14.60), que sempre recebeu colocações baixas, pois suas vendas não eram tão convincentes, porém mesmo assim, estava preste a receber um anime, por isso não “corria tanto risco”.
Em décimo sétimo lugar tivemos HUNTER X HUNTER (média 17.00), que vendia cerca de 1.5 milhões de cópias, sendo a segunda série que vendia na revista, perdendo somente para ONE PIECE. O mangá, entre os anos 1998 e 2000 tinha se tornado um dos pilares da revista, mas o repentino cancelamento do anime e suas constantes ausências fizeram os editores rebaixarem a série a posição de Rookies e JoJo. Mangás populares que não serão “O Futuro da Revista”, por isso são classificados entre os últimos colocados. Nas últimas duas colocações tivemos respectivamente JoJo, tradicionalmente classificado no Bottom 5 e que se encontrava no ápice da sua sexta parte. Por fim, em último, Pyu to Fuku! Jaguar que sempre concluía a revista.
One-Shot’s: Tivemos alguns One-Shots interessantes lançados nessas edições. O primeiro é o One-Shot de “Toriko”, Shimabukuro ainda estava publicando Seikematsu Leader-den Takeshi, mas já estava se preparando para uma possível nova série. Deste modo lançou um protótipo de “Toriko”, que série que veria ser serializado no futuro. Também tivemos o lançamento do One-Shot “Sword Breaker”, que acabou sendo bem recepcionado pelo público e por isso os editores começaram a planejar a sua serialização.
Primeira Leva de 2002: Akkera Kanjincho, Shonen Esupa Nejime, Ichigo 100% e Fim de Rising Impact
Akkera Kanjinchou (#11), Ichigo 100% (#12) e Shounen Esper Nejime (#13)
Como pudemos perceber, a revista tinha incríveis 18 séries estáveis, que vendiam bem. Só restavam na revista outras três séries, as novatas lançadas na leva anterior: Mononoke! Nyantaro, Sowaka e Sakuratetsu Taiwahen. Os editores sabiam que para estrear uma nova leva não tinham muitas opções, além de ter que cancelar mangás que tinham mal completado 10 capítulos. A decisão acabou sendo MUITO inesperada: Os editores decidiram simplesmente cancelar um novato e deixar para decidir depois quais os outros dois novatos deveriam ser cancelados. O novato que acabou sendo cancelado foi aquele com a pior recepção: Mononoke! Nyantaro.
Mononoke! Nyantaro (2 Volumes, 11 Capítulos, 2001/02) era um mangá do autor veterano, que gostava de lançar comédias bem infantis. O seu primeiro mangá tinha sido o sucesso “Hanasaka Tenshi Tenten-Kun”, lançado em 1997 e que comentei nas respectivas passadas. O seu novo mangá não teve uma boa recepção e o autor depois desse fracasso migrou para a Saikyou Jump, versão “infantil” da Weekly Shonen Jump.
O problema é que os editores queriam lançar três novas séries nessa leva, e sabiam que não podiam cancelar precocemente Sowaka e Sakuratetsu Taiwahen, que tiveram uma recepção mediana. Sakuratetsu tinha ainda o fator que era o mangá era do autor de Hoshing Engi, um pilar da revista entre 1996 e 1999. A obra tinha potencial para se tornar um sucesso e cancelá-lo em apenas 10 capítulos parecia errado. Deste modo decidiram de cancelar pela segunda vez Rising Impact (17 Volumes, 170 Capítulos, 1998 – 2002). Desta vez a série não teve retorno à revista, como aconteceu em 1999. O cancelamento chocou muitas pessoas, mas entre as séries veteranas, Rising Impact era juntamente com Whistle! as mais frágeis. Só que Whistle! estava preste a ganhar um anime. O autor de Rising Impact, Suzuki Nakaba (que mais tarde viria a criar Nanatsu no Taizai), mesmo com o cancelamento, não decidiu abandonar a revista e começou a trabalhar em uma nova série.
O primeiro mangá dessa nova foi Akkera Kanjinchou, do autor(a) novato Yuki Kobayashi: A série era um B-Shounen ambientado no Japão Imperial. O protagonista é um jovem espadachim que vive em uma cidade, que acaba sendo atacada por demônio. O jovem espadachim decide se vingar desse demônio, mas no combate, quase morre, sendo salvo por uma misteriosa criança. E assim começa a aventura de Akkera Kanjinchou, do jovem espadachim e da criança mágica-misteriosa. O mangá era principalmente um B-Shounen, mas tinha vários elementos de comédias. O mangá tinha até uma arte interessante e condizente com a época, porém a sua recepção acabou sendo bem morna e as suas chances de sobrevivência foram bem baixas.
O segundo mangá da leva acabou sendo Ichigo 100%, série de uma autora que já tinha lançado um mangá na revista: Lilim Kiss (2 Volumes, 2001/02). A autora sabia que precisava que esse mangá funcionasse, dois fracassos seguidos podem terminar a carreira de qualquer autor. Ichigo 100% contava a história de Junpei Manaka que quando ia para o terraço da sua escola, uma garota despenca dos céus. Junpei nessa semana vê a calcinha com vários morangos dessa garota. Envergonhada, a garota escapa, deixando seu caderno. Junpei, deste modo começa a procurar na sua escola, quem poderia ser essa garota, para desenvolver seu caderno. Junpei depois encontra essa garota e ambos começam a desenvolver uma amizade romântica.
O mangá é uma típica comédia romântica, no qual o protagonista conhece várias garotas e todas, de certo modo, são interessadas por ele. A série tem elementos ecchi presentes constantemente, mas não chegam a ser excessivos como obras como To LOVE-Ru ou Yuragi-Sou no Yuuna-San. A série teve uma ótima recepção e por muitos na época, foi considerado um “ecchi” profundo, por ter uma ótima relação entre os personagens. As personagens femininas não eram simples artifícios para ver peitos e havia uma personalidade marcante e problemas reais. Ichigo 100% acabou sendo o primeiro grande sucesso do ano. Porém, isso trazia um problema: A revista continuava extremamente cheia de mangás.
O último mangá da leva a ser lançado foi Shounen Esper Nejime, comédia de Namie Odama, autora novata, que tinha vencido a Akatsuka Award em 2000 pelo One Shot de Junjou Pine (1 Volume, 13 Volumes, 2000/01), One Shot que depois acabou sendo serializado na revista, mas teve uma recepção terrível, terminando sendo cancelado com poucos capítulos. A nova comédia da autora também não foi muito bem recepcionado pelo público, fazendo Ichigo 100% o único sucesso dessa nova leva.
O Super ONE PIECE e Naruto pronto para o bote (Edição #14 até #25)
RESUMÃO DO QUE ACONTECEU ENTRE A EDIÇÃO #14 e #25
Utilizarei o sistema de ranqueamento japonês para a TOC, por isso a primeira colocação será sempre o mangá que recebeu capa, e as páginas coloridas serão ranqueadas.
Voltamos a situação dos veteranos nesse período. A revista continuava extremamente cheia e qualquer motivo era válido para cancelar um mangá: A mínima queda em vendas podia resultar em seu cancelamento. Talvez esse tenha sido um dos anos mais complicados da história da revista. Eram ainda 18 séries de sucesso, um número absurdo. Os únicos canceláveis continuavam quatro mangás.
De qualquer modo, quem dominou esse curto período, foi novamente ONE PIECE (média 2.36). A série nesse período começou a desenvolver o arco de Skypie. Os japoneses leram entre a Edição #14 e #25, o famoso encontro com o Barba Negra e quando os Mugiwaras ouviram pela primeira vez as histórias sobre Skypie. As vendas de ONE PIECE também eram simplesmente absurdas de altas, a série tinha batido o recorde de mangá com maior número de impressões iniciais, com mais de 2.6 milhões de cópias impressas. O recorde precedente era de Slam Dunk. Os editores estavam tomando banho do dinheiro.
ONE PIECE além disso nesse período lançou um Filme, chamado de “ONE PIEC: Chopper Kngdom”. Era o terceiro filme da série, e no mesmo mês do lançamento do filme, tivemos também o lançamento do Vide-Game “One Piece: Grand Battle! 2”, para o Playstation 2. A Shueisha e a Toei já tinha pegado total controle do potencial comercial da série e estava apostando altíssimo. Não é por nada que nesse período, ONE PIECE quase sempre acabou sendo classificado nas duas primeiras colocações.
Em segundo lugar tivemos NARUTO (média 3.11), que estava no arco no qual Orochimaru lutava contra o terceiro Hokage. Um momento importante para a série que estava preste a ganhar uma versão em anime. Os editores já sabiam nesse momento que muito provavelmente NARUTO se tornaria o mais novo pilar da revista, única coisa que poderia atrapalhar esses planos, era o fracasso comercial do anime, que iria estrear em Setembro. Em terceiro lugar tivemos Tennis no Ouji-sama (média 3.20), que recebeu também estava recebendo destaque continuamente na revista. Claramente os editores tratavam essas três séries como “O Futuro da Revista”. Inclusive, Tennis no Oujisama começava a ter vários Video-Games nesse período também.
Já Yu-Gi-Oh (média 4.90), começava a perceber que seu protagonista estava lentamente desaparecendo. A série, fora da revista, ainda era um sucesso gigantesco: O Video-Game “The Duelist of The Roses” lançado para Playstation 2 estava tendo um sucesso interno enorme (e em 2003 viraria um sucesso mundial). O anime estava começando a ser exportado para a Europa e Estados Unidos. E as vendas das cartas continuavam altas, a qualidade dos capítulos só aumentava, mas não o público não aumentava mais tanto. Deste modo, os editores sabiam que Yu-Gi-Oh não iria durar mais tantos anos na revista. Era um pilar com dias contados.
Em quinto lugar tivemos Ichigo 100% (média 7.00), que tinha tido uma recepção ótima e já estava sendo classificada em colocações altíssimas, inclusive na Edição #19, tinha recebido sua segunda capa. Isso mesmo sete edições após o seu lançamento. Mesmo que os editores quisessem cancelar todas as séries novatas, não podiam cancelar Ichigo 100%, o seu potencial comercial para enorme, e era um gênero que estava em falta na revista. Em sexto lugar tivemos Shaman King (média 7.40), que continuou muito bem estabelecido na revista.
Hikaru no Go (média 7.75) conquistou a oitava colocação, e estava sofrendo com uma estranha ausência: Não consegui encontrar o motivo de tantas ausências nesse período. A série não esteve presente em 7 edições das 11 desse período. E suas ausências continuaram altas nas edições seguintes. Porém, mesmo sendo muito irregular, a série continuava vendendo bem e ainda tinha um anime em exibição. Os editores assim, continuavam a classificar bem a série. Em nono lugar tivemos Whistle! (média 9.18), que estava preste a lançar seu anime (que por coincidência seria lançado perto da Copa do Mundo). Os editores, deste modo começaram a classificar muito bem a série, dando o tratamento à Whistle! um tratamento similar aos grandes sucessos da revista.
Tennis no Ouji-Sama, Capa WSJ #18
Em décimo lugar tivemos Mr.FULLSWING (média 9.18) que também estava recebendo um grande apoio dos editores (inclusive recebeu capa na Edição #19), porém pouco a pouco se notava que talvez a série não tivesse um apelo comercial tão alto quanto BLEACH e Bobobobo-o, que vendiam mais. Os editores ainda precisava de mais tempo para testar bem o potencial da série, mas suas vendas não conseguiam acompanhar os seus companheiros de ano. Em décimo primeiro lugar tivemos KochiKame (média 9.81), que teve posições melhores do seu normal, por isso deve vez não servirá como “divisória da revista”.
Em décimo segundo lugar tivemos BLEACH (média 10.63) que continuava com uma boa média, mas nada de espetacular. É importante dizer que a série tinha o apoio editores e tinha sido bem recepcionada: Suas vendas eram boas, porém, os editores provavelmente não acreditavam ainda que BLEACH poderia se tornar um terceiro pilar da revista. Lembrando que a série ainda estava no seu quarto e quinto volume, por isso ainda apresentando a Soul Society. Em décimo terceiro lugar tivemos Bobobo-bo (média 11.00), que também estava no seu inicio e estava desenvolvendo a sua história. Entre os mangás lançados entre 2000 e 2001, Bleach e Bobobo-bo era os mais promissores e os editores sabiam disso.
Em décimo quarto lugar tivemos Seikimatsu Leader-Den (média 11.18), que continua sendo uma montanha russa em posições. Chegando na parte baixa da classificação, em décimo quinto lugar tivemos Black Cat (média 12.09), que com o cancelamento de Rising Impact teve um pouco de respiro. A série não arriscava realmente o cancelamento, mas sabíamos que também não estava totalmente segura. Os editores estavam sem mangás para cancelar, e Black Cat era um dos mangás que vendia menos. Talvez Mr.FULLSWING vendia ainda menos, porém era uma série mais nova que Black Cat.
Em décimo sexto lugar tivemos ROOKIES (média 15.11), que podia ser sempre classificado entre os últimos, mas vendia mais de 400 mil unidades (não tenho o resultado de vendas de Rookies, mas levando em consideração suas vendas totais, certamente vendia acima desse número) e nem sonhando seria cancelado. Em décimo sétimo lugar tivemos HUNTER X HUNTER (média 15.85), que tinha lançado uma OVA nesse período, porém mesmo assim os editores não queriam apostar mais na série. Tinha se tornado realmente uma série popular de “Fundo de Revista”.
Concluindo o Trio dos “Grandes Mangás Mal Classificados”, tivemos JoJo (média 18.36), que estava na sua sexta parte. Essas séries também eram mal classificadas, pois agravam o público mais velho da revista, e não na demografia mais jovem, que comercialmente tinha mais valor para os editores (O público mais velho estava “preste” a abandonar a Shonen Jump). Em último lugar, entre os veteranos, tivemos Pyu to Fuku! Jaguar, que sempre era classificado em último. Era a série que “concluía” a revista.
One-Shot: Tivemos um lançamento interessante entre a Edição #14 e #15 da revista. O One-Shot de “Eyeshield 21”, lançado, porém em dois capítulos grandes (Parte 1 na Edição #14 e Parte 2 na Edição #15). Os editores tinham esperanças nessa nova obra e praticamente estavam prontos para uma serialização, mas decidiram alguns meses antes, lançar como uma “Mini-Série” para ver a sua recepção. Não tenho nem que dizer que o Eyeshield 21 foi bem recepcionado.
Segunda Leva de 2002: Pretty Face e Number 10
Pretty Face (#24) e Number 10 (#25)
Muito provavelmente os editores se encontravam em uma situação de desespero total. Não sabiam mais qual mangá veterano cancelar: Whistle! seria uma ótima aposta, se não tivesse preste a ganhar um anime. Já Black Cat, mesmo não sendo um dos maiores sucesso da revista e a presença do seu “Ecchi” incomodar parte do público, ainda era uma série de sucesso e que merecia estar na revista. Ichigo 100% era um novo sucesso e cancelar uma série que tem uma ótima recepção não era aceitável.
Restavam quatro séries que podiam ser canceladas: Sowaka, Sakuratetsu Taiwahen, Akkera Kanjinchou e Shonen Esper Nejime. Levando em conta que a revista se encontrava em uma situação realmente complicada, e tinham aberto prorrogado um dos cancelamentos da leva anterior. Os editores se viram obrigado a cancelar três séries e estrear duas novas séries (Por isso, um cancelamento da leva anterior e dois cancelamento da leva atual). Mas quais séries deveriam ser canceladas?
Entre esses quatro, aquele que parecia ter uma melhor recepção era justamente a comédia de Namie Odama, Shonen Esper Nejime. Por isso, antes mesmo da leva começar, na Edição #18 do ano, os editores decidiram cancelar Sakuratetsu Taiwahan (2 Volumes, 14 Capítulos, 2002), que tinha tido uma recepção pior que seu companheiro de leva Sowaka. Deste modo “descontaram” a vaga a mais que tinham dado. O cancelamento de Sakuratetsu Taiwahan acabou sendo muito sentido, pois era do autor veterano, Ryu Fujisaki, criador de Hoshin Engi, porém, ele ainda viria a receber uma terceira possibilidade na revista
Para a nova leva, mesmo assim, precisavam cancelar mais dois mangás. Deste modo, os editores decidiram de cancelar precocemente Akkera Kanjinchou (2 Volumes, 12 Capítulo, 2002) e cancelar o último sobrevivente da última leva de 2001, Sowaka (3 Volumes, 22 Capítulo, 2001/02). O autor de Sowaka, que já tinha lançado um fracasso no passado, também viria a receber uma terceira possibilidade. A recepção de Sowaka não tinha sido tão ruim assim, e talvez em um período diferente a série teria conseguido sobreviver. Quem acabou sendo excluído do parquinho foi o autor de Akkera Kanjinchou, que nunca mais retornou a revista.
O primeiro mangá a estrear foi Pretty Face do autor novato Yasuhiro Kanou. A série é uma comédia romântica com elementos ecchi muito interessante: Pretty Face conta história de Rando, que entrar em coma após sofrer um acidente de ônibus. Um ano após, Rando acorda do seu coma e percebe que está com o rosto da irmã gêmea do seu “crush”. O cirurgião vendo um corpo desconfigurado, utilizou uma foto no bolso de Rando para reconstruir o seu rosto. O problema era que a foto não era sua. Esquecido pela própria família e amigos, Rando, vem adotado pela família do amor da sua vida, vivendo como a sua irmã gêmea. Será que ele vai conseguir viver como a irmã do seu “crush”?
A recepção de Pretty Face, acabou sendo positiva, mas a série sofria com o problema de Ichigo 100% ser muito similar em alguns aspectos (Eu digo em alguns, pois as duas séries tem muitas diferenças. Pretty Face era muito mais voltado para a comédia que Ichigo 100%). Deste modo começou uma luta interna pela popularidade entre essas duas séries, sendo que Ichigo 100% era muito mais popular no começo. E Pretty Face, por ter sido lançado depois, sofria um pouco mais em conquistar o público. Quais desses dois mangás se tornariam a comédia romântica predominante na revista? Bem, se você não sabe, descobrirá nas próximas análises da revista.
O segundo mangá a estrear nesse período foi Number 10, série de Futebol que tinha sido lançada justamente pelo “Hype da Copa do Mundo de 2002”. O Mangá era de um autor novato, Yuki, que já tinha grande fracassado anteriormente, com Rocket de Tsukinukero (1 Volume, 10 Capítulos, 2000). Yuki sabia que não podia ter um segundo grande fracasso e aproveitar o “Hype” da Copa do Mundo poderia transformar sua série em grande sucesso. Infelizmente, a realidade muitas vezes é diferente do mundo dos sonhos, e Number 10 teve uma recepção horrorosa.
Estreia do Anime de Whistle! e Copa do Mundo
Não era uma surpresa para ninguém que Whistle! estava tendo problemas em vendas e popularidade. A série tinha tudo para ser cancelada, mas um evento acabou mudando a situação da série: A Copa do Mundo de 2002, realizada na Coreia do Sul e Japão. A mídia japonesa estava comentando, loucamente, sobre esse evento, e os editores da Shonen Jump sabiam que precisavam lançar algo para aproveitar esse grande “Hype”.
Além da nova série, Number 10, os editores decidiram de produzir um anime para Whistle!. O estúdio escolhido acabou sendo “Studio Comet”, que era muito experiente e já tinha produzido algumas temporadas de Captain Tsubasa e Initial D. A distribuição seria por responsabilidade da Animax. É importante dizer que o anime não tinha um grande “Budget”, e os editores apostavam realmente em “surfar” na Copa do Mundo. O anime foi lançado em 5 de maio, três semanas antes do começo da Copa do Mundo.
Essa adaptação trouxe grandes frutos para a revista, em termos divulgação: Os editores deram uma capa para o mangá na Edição #21 e na Edição #27, e a série começou a ser classificada constantemente nos primeiros colocados, algo que nunca tinha acontecido com o mangá em todos esses anos (Sempre chamei Whistle! de fiel companheiro de ROOKIES, por estar junto com a série, sempre nas últimas colocações da TOC). Será que Whistle! finalmente iria decolar e se tornar uma grande série de esporte?
Infelizmente, não. O anime, mesmo sendo exportado para o exterior, não teve a recepção esperada. O anime, inclusive, foi encerrado com 39 episódios, um número extremamente baixo para um anime semanal. E o mangá também não teve um aumento de vendas. Praticamente a situação de Whistle! continuou praticamente a mesma. A obra era um mangá que vendia “OK” e continuou sendo uma série com vendas “OK”. Toda a divulgação da Shonen Jump não serviu para nada.
Próxima Retrospectiva: Assim encerro a primeira parte da Retrospectiva de 2002. Em breve espero de publicar a segunda parte. Teremos nessa segunda parte, mais novas séries, incluindo a estreia de Eyeshield 21. A continuação do combate romântico entre Ichigo 100% e Pretty Face. A estreia do anime de NARUTO e o cancelamento de duas séries veteranas, que deixaram muitas pessoas chocadas. Vejo vocês na próxima parte!
Todas as Capas da Shonen Jump entre a Edição #01 e 25.
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Todo Dia Uma Capa Antiga da Shonen Jump #Day4
Edição: Shonen Jump #09 de 2005
Mangá: NARUTOVocê deve estar se perguntando, “O que tem de especial nessa capa?”. Essa é a PRIMEIRA capa de Naruto depois do Time-Skip. É quando conhecemos “Naruto: Shippuden”. E fazem já 15 ANOS! pic.twitter.com/cvwciOExFD
— Leonardo Nicolin (@AnyoneNico) July 13, 2020