As Causas dessa Grande Crise!
Todo mundo que segue a Shonen Jump sabe da situação que a revista se encontra: Várias séries veteranas terminaram esse ano; Kimetsu no Yaiba, Yuragi-Sou no Yuuna-San, Yakusoku no Neverland e possivelmente vão terminar ainda esse ano Haikyuu!! e Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai. Muitos comentam como essa situação pode trazer consequências traumáticas para a revista, porém será que a Shonen Jump vai superar a sua maior crise do século (até então)? E quais são as ações que a revista precisa tomar para conseguir superar esse momento dramático?
Antes de responder essa pergunta, porém, devemos analisar um pouco o passado da revista e também as causas dessa grande crise:
1. Crises no Passado
Eu poderia dividir a revista em quatro principais eras:
1. Surgimento (1968 – 1976)
2. Era de Prata (1977 – 1982)
3. Era de Ouro (1983 – 1996)
34 Renascimento (1997 – 2011)
4.5Era Moderna (2012 – Atualmente)
O Surgimento e Era de Prata são eras muito importantes, pois vemos a formação da revista Weekly Shonen Jump como revista. Tivemos nesse período várias séries de comédia importantíssimas para o mercado dos mangás: Harenchi Gakuen (1968 – 1972), a primeira grande obra do gênio do ecchi Go Nagai, e Mazinger Z do mesmo Go Nagai. O profundo e incrível Hadashi no Gen (1973 – 1974) de Nakazawa, o mangá de Beiseball, Play Ball (1973 – 1978) de Akio Chiba. Além dos clássicos mundiais KochiKame (1976 – 2016), Ring ni Kakero (1977 – 1981), Cobra (1978 – 1984), Dr. Slump (1980 – 1984) e Kinnikuman (1979 – 1987).
A transição para a era de ouro acabou sendo muito tranquila, já que foi praticamente uma evolução da própria revista. Nesse período vimos nascer os grandes mangás da infância de muitas pessoas que seguem o Analyse It e que nasceram entre os anos 80 e começo dos anos 2000. Os sucessos são inúmeros, mas acredito que os principais que podemos comentar são: Captain Tsubata, Hokuto no Ken, Cavaleiros do Zodiaco, Dragon Ball, Yu Yu Hakusho e Slam Dunk. Esses três últimos foram, indiretamente os responsáveis pela primeira grande crise da Weekly Shonen Jump.
Em 1994, a revista tinha três grandes pilares: Slam Dunk, que tinha estreado em 1990, Yu Yu Hakusho, que também tinha estreado em 1990. E Dragon Ball, a segunda série mais velha da revista, e que tinha sido lançada em 1984. Como vocês puderam perceber, naquele período as séries não tendiam a durar muito anos (a segunda velha tinha 10 anos de vida), isto pedia dos editores uma grande renovação da “Line-Up” continuamente.
Continuando: Em 1994 vimos o encerramento de Yu Yu Hakusho, em 1995 vimos o encerramento de Dragon Ball e quem acabou em 1996 acabou sendo Slam Dunk. Em um arco de dois anos, os editores perderam os seus três pilares. Deste modo os principais mangás da revista se tornaram Rokudenashi Blues, que vendia muito bem, mas nunca chegou a ganhar uma série anime. Tínhamos também KochiKame, no qual já era considerado um clássico da revista. Jigoku Sensei Nube, que tinha um bom sucesso e por fim, o único verdadeiro pilar da revista Rurouni Kenshin, que vendia muito bem e tinha uma grande força comercial. Existiam na revista outros mangás interessantes, como o próprio BOY e JoJo que eram sucessos de públicos, mas não tinha tanto destaque em publicidade como esses quatro citados.
A situação se tornou tão dramática para a revista, que suas vendas começaram a despencar rapidamente, e entre 1996 – 1999, a revista viu a sua rival, Shonen Magazine superá-la em vendas. Tudo começou a mudar quando começaram a estrear novas séries de grande sucesso comercial. Em 1996 mesmo, tivemos a estreia de Houshin Engi e Yu Gi Oh. Em 1997 vimos estrear Seikimatsu Leader-den Takeshi! e ONE PIECE. Em 1998 estreou mais series clássicas Rookies, HUNTER X HUNTER, Shaman King. Em 1999 apareceram para bagunçar ainda mais a revista Hikaru no Go, Tennis no Oujisama e Naruto. Os sucessos não acabaram e nos anos sucessivos tivemos a estreia de várias outras séries importantes como: Pyu to Fuku! Jaguar (2000), Bobobobo (2001), Bleach (2001), e muitos outros mangás.
Esse período eu chamo de “Renascimento”, pois como na época do “Renascimento” vimos a revista tentando recuperar sua glória e recuperar o público que perdeu no período de crise, que começou em 1994 e terminou em 1997, uma pequena “Idade das Trevas”. O interessante é que nesse novo período, os editores mudaram de estratégia: Ainda tínhamos séries curtas, que duravam entre 3 a 6 anos, porém, começaram a surgir mais séries consideradas “longas”, que duravam mais de 6 anos de vida. Os novos pilares, compostos por One Piece, Naruto e Bleach não eram simples séries longas, eram séries absurdamente longas, que podiam durar mais de uma década.
O ano 2000, porém, sofre de dois grandes problemas: Excesso de períodos de seca, interligados com períodos férteis. Os períodos de seca dão a sensação aos leitores de que a revista não consegue se renovar. O leitor gosta de novidade e não ter nenhuma novidade acaba afastando várias pessoas. Chegamos a ter anos, como a sequência 2010-2011, no qual o único sucesso acabou sendo justamente Nisekoi. Esse período, como a crise atual, resultou em várias séries que vendiam mal se sustentando na revista. A revista também começou a sofrer com uma baixa diversidade da revista: Todos os mangás para serem sucessos precisavam de elementos de B-Shounen. Para “sanar” estes problemas, os editores iniciaram em 2012 a “Era Moderna”, no qual os editores também apostavam em encontrar séries mais “variadas”, com temáticas diferentes, e que duravam de menos, como nos anos 80 e 90.
2. Causas da Crise
Eu acho que a primeira pergunta séria que temos que fazer é: “Quais são as causas de segunda grande crise da Weekly Shonen Jump?”. A resposta, na minha opinião, estava sementada no ano de 2018 e 2019, no qual a revista teve reais problemas em encontrar novas séries de sucesso. Das 22 duas séries lançadas nesses dois anos, somente 3 conseguiram superar a marca de 50 mil cópias vendidas. Os mangás foram: Act-Age, Jujutsu Kaisen e Chainsaw-man.
Porém, você deve estar se perguntando: Os editores não podiam se planejar melhor em relação ao encerramento dessas séries, lançando vários mangás interessantes em 2019? Encontrar tão poucos sucessos é algo inaceitável. Então, vamos ter calmas e vamos observar os últimos 20 anos da Weekly Shonen Jump. Vamos olhar quantos sucessos foram encontrados em cada ano. Contarei como sucesso somente séries que chegaram a ganhar um anime ou ao menos um filme.
2000: 2 Séries (Black Cat, Pyu to Fuku! Jaguar)
2001: 2 Séries (Bobobobo, BLEACH)
2002: 2 Séries (Ichigo 100% e Eyeshield 21)
2003: 0 Série
2004: 5 Séries (Death Note, Gintama, Katekyou Hitman Reborn, D.Gray-Man e Muhyo to Roji)
2005: 1 Série (Neuro)
2006: 1 Série (To LOVE-Ru)
2007: 1 Série (SKET Dance)
2008: 3 Séries (Nurarihyon no Mago, Toriko, Bakuman)
2009: 3 Séries (Kuroko no Basket, Beelzebub e Medaka Box)
2010: 0 Série
2011: 1 Série (Nisekoi)
2012: 4 Séries (Haikyuu!!, PSI Kusuo Saiki, Ansatsu Kyoutshi e Shokugeki no Souma)
2013: 2 Séries (World Trigger, Isobe Isobee Monogatari)
2014: 2 Séries (Hinomaru Zumou e Boku no Hero Academia)
2015: 1 Série (Black Clover)
2016: 3 Séries (Yuragi-Sou no Yuuna-San, Kimetsu no Yaiba e Yakusoku no Neverland)
2017: 2 Séries (Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai e Dr.Stone)
2018: 2 Séries (Act-Age, Jujutsu Kaisen)
2019: 1 Série (Chainsaw-man)
*Adicionei já Act-Age e Chainsaw-man que são duas garantias de anime.
Como podemos perceber, tivemos somente cinco anos atípicos nos quais foram encontrados mais de 2 sucessos, esses anos foram 2004, 2008, 2009, 2012 e 2016. Indo além na observação, se contarmos a combinações de anos consecutivos com menos de 4 séries de sucesso, encontramos somente as combinações: 2002-2003, 2005-2006-2007, 2010-11 e 2018-19. Somente essas 4 sequências de anos tiveram menos de 4 sucessos. Se unirmos esses dois dados podemos perceber que, após um periodo seca, acaba chegando um periodo no qual os editores encontraram vários sucessos gigantesco.
O período de 2002-2003, resultou na melhor leva do século, até então, com 5 novos sucessos em 2004. Esse período de 2004, resultou em uma revista CHEIA de novos mangás promissores, e os leitores não estavam mais interessados em novas séries, assim tivemos uma sequência de três anos de seca: 2004-2005-2006, mas esse período acabou sendo compensado, por um período fértil, tivemos deste modo dois anos espetaculares, no qual os editores conseguiram encontrar 6 séries de sucesso.
Depois de um período fértil que durou 2 anos, tivemos um outro período no qual a revista estava cheia de novatos que vendiam bem, resultando em mais dois anos de seca, no caso, o terrível ano 2010-2011, no qual somente 1 mangá deu certo. A consequência acabou sendo justamente o ano de 2012, no qual tivemos uma leva extraordináris. Os editores a partir da Era Moderna, para evitar inclusive esses continuos período de seca, que deixavam os leitores desanimados por terem poucos novos sucessos, decideram apostar em grandes variedades. A partir de 2012, os periodos de seca deixaram de ser “tão secos”. Sim, em 2013-2014 tivemos somente dois grandes sucesso realmente: Boku no Hero Academia e World Trigger, mas por terem encontrado também Hinomaru Zumou, que tinha uma boa recepção interna e Isobe Isobee Monogatari que começou bem, não podemos considerar realmente um período de seca, somente um periodo menos fértil.
Os períodos de seca não foram anulados com essa nova estratégia dos editores, simplesmente foram diminuidos de intensidade. Porém, mesmo tentando evitar esses períodos, quando se tem uma revista muito cheia de novatos, a tendência é realmente ter um período no qual os lançamentos acabam não encontrando um real espaço, resultando em vários cancelamentos injustos. Os editores tentaram encontrar um perfeito equilibrio nesses últimos anos, mas é inevitável a período de seca, e em 2018-2019 vimos um novo período, no qual, os editores lançaram menos de 4 sucessos. É algo natural, que vimos que se repete constantemente na revista.
Porém o que difere essa crise das demais que tivemos nos anos precedentes? É justamente os encerramentos. Eu digo que esta é a segunda grande crise da revista, pois mesmo tendo períodos de seca, a revista nunca sofreu com uma crise como aquelas vividas em 96 e 97. O motivo é que, em nenhum período de seca que vimos entre 2000 e 2017, tiveram como “PLUS” o encerramento de tantas séries importante. Em um ano (Meados de 2019 e meados de 2020) vimos o encerramento 5 séries que importantes: Shokugeki no Souma, Kimetsu no Yaiba, Yuragi-Sou no Yuuna-San, Yakusoku no Neverland e talvez Haikyuu!!. Foram quatro das seis séries que mais vendiam na revista. É uma combinação de encerramentos assustadores.
Mas você deve estar se perguntando, “Os editores se preparam para essa enxurrada de séries importantes terminando?” Eu acredito que sim porém, fim do ano de 2018 e todo o ano de 2019 acabaram sendo muito problemáticos, e os planos dos editores foram ralo abaixo. As duas comédias lançadas em 2018, serviam para tapar o buraco deixado por Gintama e KochiKame; A revista estava realmente sem comédias e esse gênero, sempre teve entre três a seis mangás, que agravam o público. Os editores apostaram alto nessas duas séries, investindo em publicidade e até mesmo em um anime precoce para Jimoto ga Japan!, mas ambas não agradaram tanto e terminaram canceladas.
A primeira leva de 2019, era muito interessante e bem planejadas: Foi composta por três mangás, igualmente promissora. Chainsaw-man, Ne0;lations e Gokutei Higuma. O primeiro mangá, Chainsaw-man, era de um autor veterano e que já tinha lançado uma série de grande sucesso: Fire Punch. O segundo mangá, Ne0;lations, era de uma dupla muito promissora, que tinha uma arte muito bonita, moderna, porém “padrão. O seu último mangá, Gokutei Higuma, vinha de um One-Shot bem recebido, e que tinha sido testado várias vezes pelos editores. O único a dar certo acabou sendo Chainsaw-man, mas a leva inteira tinha potencial. Todos os três mangás eram Battle Shounens (B-Shounen), por isso tinha um grande potencial comercial.
A segunda leva de 2019, também é muito bem planejada: Foram dois novos mangás que podiam realmente dar certo, ambos também B-Shounen, por isso tivemos 5 B-Shounens em sequência. É muito normal que os editores lancem vários B-Shounen no desespero de achar ao menos 1 de grande sucesso. Os mangás foram Saigo no Saiyuki, que era a segunda tentativa do autor, que em 2013 lançou na própria WSJ, Mutou Black. O mangá tinha conceitos interessantes, mas sofreu com seu excesso de drama. E Kamio Yui, de um autor veterano, que tinha lançado um mangá de sucesso (Nurarihyon no Mago) e um mangá que nos dias de hoje não teria sido cancelado, Illegal Rare. É uma leva prometedora também.
A leva sucessiva é realmente o ápice do planejamento por parte dos editores: Já sabendo do encerramento de Haikyuu!!, decidiram lançar duas séries de Esporte, que não deram certo e não agradaram ninguém. Além disso, outros dois mangás B-Shounen, um deles é Tokyo Shinobi Squad que sofreu por seus problemas no roteiro, mas que tinha um potencial interessante, e também, o grandioso, Samurai 8, de Masashi Kishimoto, autor de Naruto. Para transformar Samurai 8 em um sucesso, os editores utilizaram um grande Budget para divulgar a série, colocando posters por todo o Japão, algo que fazem muito raramente.
Eu tenho certeza absoluta que os editores achavam que iriam encontrar ao menos 3 sucessos em 2019: As levas foram muito bem planejadas, e Samurai 8 era visto como um sucesso garantido. Como o novo mangá de Masashi Kishimoto poderia dar errado? Sejamos sinceros, se Samurai 8 tivesse vendido bem, e os editores tivessem encontrado ao menos um outro sucesso em 2019, essa discussão sobre crise na revista, não estaria acontecendo. O fracasso desses mangás, e principalmente, o insucesso terrível de Masashi Kishimoto, destruíram completamente os planos dos editores, que esperavam de 2019 realmente um ótimo ano. Repito, as levas foram muito bem planejadas, e os editores apostaram justamente em gêneros que, historicamente, dão muito certo: Mangás de Battle Shounen e Mangás de Esporte.
A última leva de 2019, é praticamente um pequeno respiro de “calma”, após quatro levas bem planejadas, os editores decidem lançar uma leva mais tranquila, formada por: Yozakura-San Chi no Daisakusen e Mitama Security. O primeiro é um mangá de comédia que tem potencial para se tornar um B-Shounen, um caso muito similar a Katekyou Hitman Reborn. O autor é um vencedor da Golden Future Cup, por isso, que também tinha um grande potencial. O segundo mangá é uma comédia tradicional, que poderia dar certo, como não, mas não custava nada tentar, já que as duas comédias precedentes, deram errado. Esses dois mangás tenderiam a ser cancelados, se fossem lançados dois anos antes, porém, sabemos que no período de “seca”, mangás que tem uma recepção mediana conseguem ter uma sobrevida maior, e por enquanto, ambos não foram cancelados.
O começo do ano 2020 também teve duas séries que parecem ter sido bem planejadas: ZIPMAN, é derivado de um One-Shot muito bem recebido e que os leitores estavam esperando a anos a sua serialização. É como vermos o lançamento de Galaxy Gangs (que espero que seja lançada ainda esse ano). E tivemos também Agravity Boys, uma comédia que vem de um autor que muitos ignoram, mas que lançou Kurokuroku, série que entre os mangás que tiveram menos de três volumes na década passada, é aquele que melhor vendeu. Isso mesmo, Kurokuroku conseguiu vender mais que Stealth Symphony, Seinsei no Bulge, Hungry Joker, Ultra Battle Satellite, Iron Knight e Red Sprite, séries que são consideradas “cancelamentos” injustos por várias pessoas. Então é uma boa aposta.
De qualquer modo, com certeza os editores erraram em não apostar tanto em séries que tinham um potencial “diversificado”, como aconteceu 2012, quando encontraram, por exemplo, Ansatsu Kyoushitsu, Shokugeki no Souma e PSI Kusuo Saiki, que não eram típicas séries B-Shounen. Porém, não podemos acusar os editores de não terem se planejados, pois na verdade, se planejaram muito bem. A causa dessa crise, deste modo, é uma série de desfortunas, que levaram os editores a não encontrarem um novo sucesso.
3. O Ano de 2020.
Provavelmente os editores chegaram em 2020 sabendo o que iam enfrentar. Viram como as séries lançadas em 2019 não deram certo, sentiram o gosto amargo do insucesso de Samurai 8 e sabiam que iam dar encontro com um ano complicadíssimo, no qual os leitores teriam a sensação que estavam faltando “bons mangás” na revista. Não é por nada que planejaram lançar Burn The Witch já com um anime em produção. Para mostrar aos leitores que a Shonen Jump ainda é uma revista com vários autores veteranos e mangás de sucesso.
Porém, eu acho que mesmo assim os editores foram pelos de surpresa pela consequência do encerramento de Kimetsu no Yaiba: No começo de 2019 os editores já sabiam que a série estava terminando, mas duvido que sabiam que o encerramento de Kimetsu no Yaiba ia trazer esse sentimento de “A Shonen Jump perdeu um dos seus pilares”. Pois, no começo de 2019, Kimetsu no Yaibe era somente uma série vendia bem, e não a maior sucesso dos últimos 20 anos da revista. Os editores foram pegos totalmente de surpresa pela proporção que a série tomou.
Vamos dizer que você está esperando terminar duas grandes séries: Yakusoku no Neverland e Haikyuu!!. Tu sabe que os leitores vão sentir uma sensação que a revista está mais vazia, mas só perdeu dois grandes mangás, como já tinha acontecido em 2014, com o encerramento de Naruto e Kuroko no Basket. Porém, do nada, o ano de 2020 se tornou o ano em que a revista perdeu TRÊS grandes mangás, incluindo o mangá que mais vende no mercado atualmente, a série que estava vendendo mais que One Piece. Isso intensificou a crise na Shonen Jump
Depois tem outros dois fatores, que deixaram os leitores ainda mais com a sensação que a revista está “fraca” e em “crise”: O primeiro é a ausência de mangás de esporte, afastando de vez o público que gosta desse gênero. Por anos os editores tentaram encontrar um novo sucesso. Tentaram vários esportes diferentes, seja um individual quanto um de grupo, mas nenhum realmente deu certo. Robot x Laserbeam talvez tenha sido aquele que chegou mais próximos a se tornar um sucesso, mas também terminou cancelado. O encerramento de Haikyuu!!, deste modo, é uma grande facada para os editores, que estão dependendo mais dos seus B-Shounen para conseguir vender unidades.
O segundo fator é que a revista está sofrendo claramente com uma boa variedade de séries. A variedade de estilo que normalmente compõe a era moderna da revista “morreu”. Atualmente a Shonen Jump tem dois sucessos diferentes, que são Dr.Stone e Act-Age, o restante é tudo B-Shounen: One Piece, Boku no Hero Academia, Black Clover, Jujutsu Kaisen e Chainsaw-man. Até mesmo os mais novos sucessos, MASHLE e Undead Unluck, tem elementos gigantescos de B-Shounen no seu interno, o que acaba ajudando a revista a saturar mais ainda o estilo (por isso podemos esperar como consequência 2021 e 2022 uma seca de Battle-Shounen, pelo público estar cansado do estilo). Variar para assim não criar saturação é importante.
Mas atualmente os editores estão com uma variedade baixíssima de séries, e como os editores tentaram compensar isto em 2019-2020? Lançando mais B-Shounen, ao invés de apostar em séries similares “Nisekoi”, “Ansatsu Kyoushitsu” ou “Shokugeki no Souma”, no caso, apostar em ideais criativas, que escapavam do comum. O ano de 2019 também acabou sendo muito pobre em comédias, que era um outro gênero não bem representado pela revista. Talvez agora teremos Time Paradox Ghostwriter e quem sabe Shakunetsu no Nirai Kanai para trazer um pouco mais de variação aos gêneros da revista, e o gênero de comédias acabou sendo sanado parcialmente por MASHLE, que não resolve porém a saturação Battle-Shounen, e uma tentativa de sanar com a nova leva e Shinrin Ouja Moriking.
A verdade é que os editores devem ver esse 2020/21 como um grande “Festival de Novas Séries”, ou “Festival de Novatos”, no qual vão lançar várias séries DIFERENTES, com objetivo de algumas delas se tornar um grande sucesso e trazer uma boa variedade de gênero a revista. As levas que integram o Festival de Novatos, ou melhor a Golden Future Cup versão estendida, já que praticamente estamos escolhendo o “Futuro da Revista” avaliando os 20 primeiros capítulos de várias séries são:
Última leva 2019: Yozakura-San Chi no Daisakusen e Mitama Security
Primeira leva 2020: ZIPMAN!! e Agravity Boys
Segunda leva 2020: Undead Unluck, MASHLE e Majo no Moribito
Terceira leva 2020: Shinrin Ouja Moriking, Bone Collection, Time Paradox Ghostwriter
Quarta leva 2020: Ayakashi Triangle, Hakaishin Magu-Chan, Shakunetsu no Nirai Kanai, Boku no Roboko
*Adicionei Yozakura-San e Mitama, pois mesmo não sendo de 2020, e sim das últimas edições de 2019, estão tendo direta influência no lançamento dos novatos de 2020.
Por enquanto eu diria que somente uma série mesmo é um comprovado sucesso: Mashle, que é um mangá que une ação e comédia. A obra está dando certo pelos seus personagens carismáticos, pela sua ótima paródia de Harry Potter e por suas cenas de ação hilárias. O seu primeiro volume vendeu já 31 mil cópias, e a tendência é continuar aumentando. Mashle, deste modo, tem uma grande chance de se tornar o mais novo sucesso da revista. O primeiro de 2020.
Porém, existem outros mangás que podem se tornar grandes sucesso comerciais: Time Paradox Ghost Writer parece ter tido uma boa recepção interna, Undead Unluck vendeu até bem, e tem potencial para crescer, Yozakura-San não está convencendo, mas pode mudar a situação com um arco mais emocionante. Shinrin Ouja Moriking foi bem recepcionado, mas somente em Agosto teremos a certeza, com a venda do seu primeiro volume. Além disso, temos toda a “Quarta Leva” que acabou de ser lançada e alguns desses quatro mangás podem dar certo.
Eu acho que o ano de 2020, pode ser lembrado como um ano de grandes perdas, mas também pode ser lembrando com um ano de grandes lançamentos, um ano que no qual vimos a revista renascer novamente. É o momento dos editores apostaram em novas séries, seja de novatos ou de autores veteranos. Esse ano pode ser lembrando como um ótimo ano, como 2004, 2008, 2009, 2012 e 2016.
4. Soluções para a Crise
A solução para a crise são bem claras, na minha opinião, se baseiam em praticamente em três estratégias que os editores terão que adotar nesse ano e no próximo ano, para que assim, a revista consiga manter os leitores atuais “presos” na revista, e ao mesmo tempo consigam desenvolver as novas séries que podem se tornar um grande sucesso. É inegável que a Shonen Jump irá superar essa crise, pode ser a maior crise do século, mas é muito parecida com aquela dos anos 90, e os editores sabem que devem fazer essas três ações:
Apostar nos Animes: Jujutsu Kaisen deve se tornar o novo “Rurouri Kenshin” da revista, que com o encerramento do Trio de Ouro nos anos 90, conseguiu dar um “ar novo” a revista e sustentar suas vendas. Para que isto aconteça, os editores devem divulgar muito o seu anime, que será lançado em outubro. A série precisa vender tão bem quanto Boku no Hero Academia, e assim se tornar o terceiro pilar da revista. Após os editores apostaram quase todas as suas fichas em Jujutsu Kaisen, devem começar a planejar, já para 2021, o anime de Chainsaw-man e Act-Age. Esses animes são importantes para que os leitores atuais se sintam presos a revista e tenham a sensação que a Shonen Jump continua a lançar vários sucessos, mesmo não tendo mais na sua Line-Up: Neverland, Kimetsu no Yaiba, Haikyuu!!, Yuragi-Sou no Yuuna-San e Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai.
Apostar em Burn The Witch: Primeiro devem convencer que a “Mini-Série” do Kubo dure ao menos 2 anos, assim, que o mangá se encerre em 2022 ou começo de 2023. Ter um nome como “Tite Kubo” na revista, pode realçar a importância da Shonen Jump e vai dar a sensação que a revista ainda tem vários autores importantes ao seu interno. Porém nada serve se a série de Kubo durar somente 1 ano (5 volumes), deve durar ao menos 2 anos (10 à 12 volumes), para assim dar tempo para os editores desenvolver os novatos. Quando Burn The Witch terminar, os editores já vão ter em mãos vários animes, que serão das séries das séries de sucesso lançados em 2020 e 2021.
Recuperar Autores Veteranos: Isso mesmo, no mesmo tempo que apostam em vários mangás de novatos promissores, é o momento de trazer de volta Kawada (Hinomaru Zumou), Tsukuda e Shun Saeiki (Shokugeki no Souma), Matsui (Ansatsu Kyoushitsu), Naoshi Komi (Nisekoi), Fujimaki (Kuroko no Basket), Shimabukuro (Toriko) e Iwashiro (Psyren), que são autores que devem estar trabalhando em uma nova série na revista. Depois, tem outros autores que tem possibilidade de estarem trabalhando em uma série nova, são eles: Shinohara (SKET Dance), Akira Amano (Katekyou Hitman Reborn), Sorachi (Gintama), Shiibashi (Nurarihyon no Mago). A Shonen Jump tem um leque de veteranos gigantescos e pode fazer retornar um ou dois deles em cada leva. Obviamente recuperar autores veteranos, enquanto se dá sempre chances aos autores novatos.