A Shounen Jump nos videogames!
(por Luís Garrido)
Após tentar conseguir uma chave de acesso do closed beta e falhar miseravelmente finalmente consegui jogar o grande crossover dos mangás da Shounen Jump, segue aqui minhas primeiras impressões além de expectativas para o jogo final.
Antes de começar acho importante destacar que meu passado com jogos de luta é quase nulo, nessa geração joguei apenas o J-Stars Victory Versus+ (que na verdade é apenas um porte do jogo de PS3) além disso tive alguns problemas com o beta do jogo e infelizmente não consegui jogar o online, porém pelo que eu pesquisei de feedback apesar das dificuldades de se conectar ao servidor as lutas em si não possuíam muitos problemas de conexão e lag, algo que é inaceitável para esse tipo de jogo.
Essa beta disponibilizou 17 personagens e 5 estágios os quais podem ser conferidos na imagem abaixo além de um personagem novo que na versão final poderá ser totalmente personalizado por você (no beta eles dão algumas opções para escolher) com quem eu quase não joguei, eu tentei experimentar pelo menos um pouco cada e sentir as diferenças de gameplay, além disso peguei dois bonecos para me aprofundar mais nos combos, que para surpresa de ninguém foram o Gon e o Hisoka. Eu joguei a versão de PS4.
Pelo fato de ser o mesmo estúdio que desenvolveu o mais recente crossover da Jump eu estava esperando uma jogabilidade bem parecida com o a do seu predecessor o que acabou acontecendo. Porém Force não é igual ao J-Stars, a Spike Chunsoft (que é mais conhecida no ocidente como a desenvolvedora da franquia de jogos Danganronpa) fez algumas mudanças na jogabilidade que conseguiu fazer uma separação entre esses dois jogos, algumas dessas mudanças conseguiram melhorar a experiência, outras nem tanto.
Começando a falar da Jogabilidade, o jogo segue batalhas bem rápidas com combos bem simples de quadrado, quadrado, quadrado, bolinha etc. Os especiais podem ser utilizados segurando o R2 + quadrado, bolinha, triângulo ou xis (sendo esse último a habilidade mais forte); geralmente o personagem possui um especial de longa, um de média e um de curta distância tendo que encher a barra de força para soltar os especiais mais fortes, eu não sei se foi por conta da minha incapacidade com jogos de luta ou por que isso realmente estava desabilitado mas não consegui lançar o especial mais poderoso nenhuma vez, talvez eu precisasse apanhar um pouco para carrega-lo igual acontece em muitos jogos de luta, porém mesmo eu deixando o controle imóvel pra deixar a CPU me bater o tempo da batalha acabava e nada acontecia, o computador era muito fácil, então acabei não conseguido fazer o Gon dar um socão bem dado na boca do Ichigo.
As batalhas consistiam em dois rounds: cada lado escolhe três personagens e podem trocar quantas vezes quiser no decorrer do jogo. Além dos botões de bater também tem a clássica defesa segurando R1 e um dash para o inimigo segurando o L1, tal ato consome uma barra que ao se esgotar tem que esperar encher pra fazer de novo, mas mesmo tentando arbitrariamente nunca consegui consumir mais do que a metade dela. Ao apertar o L2 você troca o personagem e tem de esperar um cooldown de uns 5 segundos para repetir a ação, segurando o mesmo botão o próximo personagem da fila entra no jogo como suporte utilizando algum especial (o Naruto por exemplo lança um rasengan), essa ação também gera um breve período de cooldown. O jogo não possui muitos bugs, na verdade só encontrei uma vez um bug gráfico onde não houve nenhum efeito de partícula para a técnica especial.
A barra de vida e de energia dos personagens é compartilhada quando e você troca de personagem a vida não é restaurada, ficar o tempo todo com o mesmo personagem ou ficar o trocando não muda em nada o crescimento ou diminuição da barra e aí pra mim onde é que está o maior problema do jogo. Eu creio que tal decisão foi feita para ter partidas mais dinâmicas e rápidas, porém isso acabou sacrificando uma das principais características do jogo que é a troca de personagens no meio do jogo, eu explico: jogos que permitem a seleção de vários personagens geralmente seguem uma lógica de pedra, papel e tesoura; ou seja você quer escolher o seu trio tendo em base as qualidades e defeitos de cada boneco para fazer uma estratégia contra seu adversário, quando a barra de vida é a mesma tal sistema é feito de forma ainda mais rápida e dinâmica (afinal o personagem trocado não vai recuperar nada da sua própria barra de vida) necessitando de um balanceamento ainda maior. E aí que vem o defeito, Jump Force não tem balanceamento nenhum, não existe um personagem que é mais fraco contra um tipo ou mais forte que outro pois todos tem ao menos um estilo de skill diferente, tal fator torna o ato de trocar de personagens no meio da partida raro ou quase nulo, afinal porquê vou ficar trocando de personagens o tempo todo ao invés de me especializar em apenas um?
Jump Force é um jogo majoritariamente galgado no famigerado fanservice, todos os personagens tem que conseguir fazer tudo para que o jogador possa pegar o seu favorito sem medo de sofrer nas batalhas, porém isso acaba ferrando quem quer se aprofundar ainda mais no jogo, sem contar que deve ter algum personagem que é ligeiramente mais forte que todos os outros e vai dominar o multiplayer (em um dos Naruto Ultimate lembro ouvir falarem que era o Deidara). Apesar disso o jogo ainda brilha nesse fanservice: todo o skill set do personagem é feito com base no mangá original com técnicas que foram usadas nele, eu fiquei impressionado com o Hisoka que não tem muitas técnicas nomeadas no mangá (só a goma de mascar e a textura surpresa se não me engano) e mesmo assim eles fizeram façanhas icônicas do personagem virarem seus especiais, pelos trailers a sua técnica mais poderosa da combinação R2 + xis veio de uma cena que apareceu apenas no volume 35 do mangá (que é relativamente recente), o Gon por sua vez tem uma das poucas Jogabilidades completamente diferente do normal (algo que também ocorria de forma semelhante no J-Stars) onde suas skills de R2 + triângulo e bolinha são na verdade buffs de resistência ou velocidade e suas técnicas de ataque são utilizadas ao apertar R2 + quadrado para carregar o ataque e novamente R2 + quadrado, triângulo ou bolinha para lançar uma de suas três técnicas clássicas, sendo uma de curta distância, outra de média e outra longa.
Um fato positivo também é como que o jogo é megalomaníaco: em J-Stars Victory Versus+ só víamos grandes técnicas em área com os golpes finais, já no Jump Force um simples especial pode ser um golpe ultrapoderoso. Acho que é uma ideia bem legal diferentemente da do jogo anterior que fizeram os poderes mais absurdos ficarem mais fracos nesse eles fizeram os poderes mais pé no chão ficarem ultra chamativos, e na minha opinião é muito mais legal ver o Gon lançar o janjanken de papel do tamanho de uma genkidama que o contrário.
Falando sobre a qualidade gráfica eu achei o jogo bem feio, eu acho que esses modelos da Unreal Engine 4 ficam muito esquisitos e sem originalidade, parecem aqueles personagens criados por fãs e vendidos em lojas de assets, e o mesmo pode se dizer do cenário que além de todos serem basicamente um grande campo aberto parece tudo meio genérico, e mesmo tendo um sistema de iluminação muito bom não exala o mínimo de originalidade. Ao ver os cenários da pra perceber que o motivo do jogo se passar na terra não é nada mais que uma forma de economizar na criação de campos de batalhas utilizando assets já prontos, por mim o jogo deveria ser como normalmente os de animes são: em cel shading, o J-Stars mesmo tendo gráficos ultrapassados até mesmo para a geração passada ainda era muito mais palatável que o Jump Force pois seu estilo gráfico conseguia se adaptar de forma muito mais natural aos variados designs de personagens. E a Spike Chunsoft já tem experiência para esse tipo de jogo na geração atual com One Piece: Burning Blood, que mesmo não tendo uma qualidade gráfica e efeitos no nível dos jogos da franquia Ninja Storm do Naruto desenvolvido pela CyberConnect2 não é de nenhuma forma feio. Talvez a única coisa digna de elogio no quesito gráfico são os efeitos de partículas, é realmente de encher a boca ver as técnicas dos seus personagens favoritos tão bonitas e chamativas de uma forma que não é possível ver nem nas versões animadas, eu fiquei realmente impressionado quando o Naruto lançou um rasen-shuriken e uma chuva de fogos de artifícios começou a voar da tela.
No fim mesmo com os vários problemas minhas impressões com Jump Force são positivas, pois esse jogo existe principalmente por causa do fanservice, por um desejo quase sexual de ver em embate dois personagens de duas franquias que não possuem nenhuma ligação lutando entre si, e para isso acontecer o principal não é uma jogabilidade competitiva ou gráficos sensacionais mas sim respeito com o material original e isso o jogo tem de sobra, acho que ele se tornará cansativo bem rapidamente (principalmente para quem tentar usufruí-lo sozinho) mas ainda assim é uma experiência que eu com certeza quero viver esse ano.
Já minhas expectativas para o jogo final são bem mornas, seu lançamento está previsto para o dia 15 de fevereiro e a menos de um mês do lançamento não vejo como possível consertar as principais reclamações que tenho com o jogo (talvez o balanceamento já que essa beta provavelmente foi feita para testar o online), sobre novos anúncios de personagens eu espero mais franquias famosas no ocidente, já que esse jogo está sendo muito promovido por aqui, acho que Jojo é quase garantido e espero que o All Might também entre no jogo. Felizmente o jogo não vai ser igual ao J-Stars que não teve nenhuma dlc lançada, ele já possui um season pass com 9 personagens confirmados, seria um desperdício perder uma plataforma para lançar mais personagens depois, gostaria de um pack de personagens de mangás mais novos como Kimetsu no Yaiba e Jujutsu Kaisen dentre outros, ou talvez até mesmo um “seinen pack” com personagens das revistas mais adultas como o Shin de Kingdom ou o Sugimoto de Golden Kamui afinal a Shounen Jump não é a única “Jump” que existe. Sobre a campanha não espero nada, honestamente acho que vai ser uma grandessíssima merda, esperar uma trama para esse tipo de jogo é que nem assistir pornô pela história: não faz sentido nenhum e talvez você deveria procurar um psiquiatra.
No geral é isso, vou ver se consigo jogar o online um pouco amanhã ou depois nos próximos horários de beta e se conseguir atualizo o post, comente aí o que você achou da beta e quais são suas expectativas para o jogo. Jump Force sai no dia 15 de fevereiro de 2019 para XBOX ONE e PS4.
EDIT: obrigado ao leitor Vinícius Sanhudo por lembrar que o jogo já tem dlc’s confirmadas.
O Nicolin pediu para avisar que o Top 20 sairá amanhã ás 18 horas da tarde, ele teve alguns problemas de agenda que acabou gerando o atraso.