Quinta Marcha.
Nada melhor que começar o Analyse It 4.0, com um visual totalmente novo e com grandíssima surpresa, com uma das séries mais queridas pelo público: A Retrospectiva da Weekly Shonen Jump. Desta vez vamos tratar de um ano muito importante, que revelou várias séries de sucesso, entre elas, o nosso querido BLEACH. Para quem não conhece a “Retrospectiva”, é uma série de postagens no qual eu, Leonardo Nicolin, conto o que aconteceu na WSJ em um determinado ano. Comecei com o ano de 1997, no qual estreou ONE PIECE, e atualmente chegamos ao incrível ano de 2001. Recomendo dar uma lida nas análises precedentes, para poder entender bem a situação da revista nesse ano. Mesmo assim tentarei fazer a análise mais clara possível para todos, inclusive aqueles que não leram os textos precedentes.
Caso você não se lembre, os mangás presentes na revista na primeira edição de 2001 (lançada em Dezembro de 2000) eram: KochiKame, Yu-Gi-Oh, Seikimatsu Leader-den Takeshi!, ONE PIECE, ROOKIES, Whistle!, HUNTER X HUNTER, Rising Impact, Hikaru no Go, Tennis Ouji-Sama, Naruto, JoJo Part 6, Bremen, Normandy Secret Club, BLACK CAT, Junjou Pipe, Pyu to Fuku! Jaguar, Lilim Kiss e Bakabakashino!. Todas as séries estão em ordem de lançamento, por isso a mais velha é KochiKame e a obra mais nova na revista era Bakabakashino!, na edição #49 de 2000, por isso, tinha somente cinco capítulos lançados. As séries presentes na primeira edição de 2001 que tinham anime em exibição eram: ONE PIECE, Hunter x Hunter, Yu-Gi-Oh e KochiKame. As demais séries na revista ainda não tinham recebido uma adaptação em anime, sendo que três desses mangás receberam uma adaptação em 2001.
Primeira Leva (#02)
GUN BLAZE WEST (#02)
O ano de 2000 da Weekly Shonen Jump tinha um objetivo muito claro: encontrar uma nova série com um grande apelo comercial. Após o fantástico ano de 1999, no qual os editores conseguiram encontrar mangás como Hikaru no Go, Tennis no Ouji-sama e Naruto, o ano de 2000 acabou sendo decepcionante. Os editores até encontraram novas séries de sucesso, porém nenhuma delas tinha o potencial de se tornar um grande pilar ou um sucesso mundial, como Yu-Gi-Oh, Naruto, ONE PIECE, HUNTER X HUNTER e outros mangás presentes na revista. Pyu to Fuku! Jaguar poderia até estar vendendo muito e ser um sucesso de público, mas continuava sendo limitado pelo seu estilo e arte, que inviabilizava um sucesso gigante como as obras precedentemente citadas. Deste modo, já nas primeiras edições, mesmo não cancelando nenhum mangá, os editores decidiram estrear uma nova série: “GUN BLAZE WEST” de Nobuhiro Watsuki.
O motivo pelo qual os editores quiseram tanto estrear tal série, mesmo sem esperar uma nova leva ou até mesmo cancelar uma obra, era por um simples motivo: GUN BLAZE WEST tinha um potencial enorme e podia se tornar um novo HUNTER x HUNTER ou até mesmo um novo ONE PIECE. Se você não reparou, já que talvez não seja familiarizado com os nomes dos autores, a série era de autoria de Nobuhiro Watsuki, roteirista e artista da série “Rurouni Kenshin” (1994 – 1999, 28 Volumes), série que comentei nas análises passadas e foi o principal pilar da revista antes do lançamento de ONE PIECE. Entre o ano de 1996 e 1998 a Weekly Shonen Jump passou por uma grande crise. As suas três obras mais populares haviam acabado: Slam Dunk, Yu Yu Hakusho e Dragon Ball, e o público estava disposto a parar de ler a revista. Quem mantinha os leitores japonês comprando a revista eram principalmente dois mangás: Rurouni Kenshin e Hoshin Engi (que recebeu um anime à alguns meses atrás). A revista retornou a se recuperar com o lançamento de ONE PIECE em 1997, que veio a explodir realmente em popularidade, no início do ano de 98, juntamente com o sucesso do anime de Yu-Gi-Oh. Contudo, essas questões foram bem explicadas nas análises dos anos precedentes, recomendo dar uma lida.
Deste modo, os editores estavam lançando uma obra de um dos autores mais importantes dos anos 90, que carregava uma legião enorme de seguidores e por um curto período, era o responsável pelo principal pilar da revista. “GUN BLAZE WEST” era um B-Shounen (Battle Shounen) que contava a história de um garoto de 9 anos (14 anos depois da introdução), que vivia em um mundo dominado por pistoleiros, em grande parte bandidos e policiais. O protagonista sonhava em ir viver em “Gun Blaze West”, uma região no qual os bandidos e os policiais (cowboys) viviam na paz e conseguiam conviver tranquilamente. Deste modo, assim que se sente pronto (já no primeiro capítulo da história), o herói parte para sua jornada rumo a “Gun Blaze West”, o paraíso dos pistoleiros.
Com uma ambientação no faroeste (que no início dos anos 2000 já não nem um pouco a popularidade dos anos 50 a 80), o lançamento de GUN BLAZE WEST acabou sendo um grandíssimo evento, inclusive os editores deram posições levemente mais altas do que normalmente dão para séries novas, contudo, mesmo não sendo um fracasso imediato (pois o autor tinha realmente muitos fãs), GUN BLAZE WEST acabou não agradando tanto assim os leitores japoneses, o que acabou sendo uma péssima notícia para os editores da revista, que acreditavam realmente que a série poderia se tornar uma nova mina de ouro já no primeiro capítulo. Porém, o nome do autor continuava ter um peso importante, por isso, mesmo a partir do oitavo capítulo os editores lentamente classificaram a série em colocações baixas, ainda não tinham totalmente desistido do seu sucesso, acreditavam em uma reviravolta que poderia acontecer, deste modo, mantinham a série com um pequeno destaque, como por exemplo, a página colorida no vigésimo capítulo, ao mesmo tempo que classificavam entre a zona intermediária e os últimos colocados.
O Império de Luffy
Rendimento dos Veteranos da Edição #01 até #10.
Enquanto os editores trabalhavam para fazer que a nova série de Nobuhiro Watsuki se tornasse um sucesso comercial, eles também trabalhavam para intensificar o sucesso das séries que já estavam dando certo. “ONE PIECE”, que teve uma média de posição de 2.6 entre a edição #01 e #10 de 2001, continuava sendo o principal pilar da revista e protagonizava quase todas edições. A série, ficou em segundo lugar (o que equivale a primeira colocação do Ranking Ocidental) três vezes nesse período, sendo a série com mais primeiras colocações. Logo após, em média de colocações, tínhamos “Hikaru Go” (média 3.7), que conquistou somente um primeiro lugar entre a edição #01 e #10. Os editores acreditavam muito no potencial de Hikaru no Go, e além de darem constantemente colocações altas ao mangá, estavam preparando terreno para o seu anime, que viria a estrear muito em breve. “Hunter x Hunter” (média de 5.6) era um outro mangá que tinha uma boa média de posições, mas estava lentamente sendo esquecido pelos editores por causa da sua grande quantidade de ausência.
Imediatamente depois, tínhamos “Tennis Oujisama” (média de 6.1) com um primeiro lugar, “Yu-Gi-Oh” (média de 6.1) com um primeiro lugar e “Naruto” (média de 6.2) com dois primeiros lugares. Esses três mangás não chegavam nem perto de ameaçar o domínio de ONE PIECE, contudo, eram importantíssimos para as vendas da revista, já que eram três mangás de altíssima apelo comercial. O primeiro (Tennis no Oujisama) era uma série de esporte que estava atraindo um novo público (o feminino) ajudando assim a revista a diversificar e aumentar suas vendas, o segundo (Yu-Gi-Oh) já tinha um anime de sucesso em exibição, o terceiro (Naruto) mesmo sem anime, já vendia muito bem e tinha uma legião de fãs.
Em sétimo lugar em média, estava “Seikimatsu Leader-den Takeshi!” (média 6.3), que tinha estreado juntamente com ONE PIECE, mas por ser uma comédia muito estranha, os editores ainda não tinham conseguido encontrar um bom estúdio e um bom horário televisivo para adaptar a obra. Deste modo, Takeshi! (obra de Shimabukuro, autor de Toriko) viu várias séries mais novas conseguiram uma adaptação televisiva. Da oitava posição em diante, começava a verdadeira zona intermediária, no qual vários mangás com uma boa popularidade vivam: “Lilim Kiss” (média de 9.8), “Rising Impact” (média 11.3), “BLACK CAT” (Média 11.3), “Whistle!” (Média de 11.5), “KochiKame” (média de 12.5), “Shaman King” (média de 14) e “Bremen” (média de 14.5). Desses, somente KochiKame tinha um anime, que era exibido na TV Fuji às 19.00 dos Domingos. O anime da série era de grandíssimo sucesso e estava em exibição continua desde 1996. É importante destacar desses nomes, BLACK CAT e Lilim Kiss que eram séries novas, ambas lançadas em 2000 (Edições #32 e #48, respectivamente) – as duas séries pareciam que estavam dando certo, porém uma delas na verdade era mais os editores mascarando a sua popularidade, pois acreditavam no seu potencial.
Por fim, nas últimas colocações tivemos “Normandy Secret Club” (média de 15.5), que continuava a capengar na revista, correndo risco séries de cancelamento. “JoJo” (16.1) e “ROOKIES” (16.7), duas obras populares que vendiam muito bem e que carregavam uma fanbase muito sólida, mas que os editores não acreditavam tanto assim no seu potencial comercial, deste modo preferiam deixar essas séries nas últimas colocações, mesmo não correndo risco algum de cancelamento. Esses dois mangás tiveram uma longa estadia na revista, mas em nenhum momento conseguiram ganhar uma adaptação televisiva. Os dois só foram ganhar produtos externos após serem encerrados (no caso de JoJo transferido). E nas últimas colocações tinhamos dois mangás que claramente seriam cancelados: “Junjou Pine” (média 17.1) e “Bakabakashino!” (média 18.2).
Segunda Leva (#11 e #12)
Jushin Ikaritorajiro (#11) e Bobobo-bo Bo-bobo (#12)
A edição número #11 nos trouxe uma boa surpresa, uma nova leva com dois mangás. Porém, para estrear novas séries, é necessário cancelar séries em atividade (Os casos como de Gun Blaze West, que essa regra não é respeita, são raros). Como os editores ainda não estavam seguros em cancelar “Normandy Secret Club” (que tinha 37 capítulos), e ainda confiavam na série musical “Bremen” (que tinha 55 capítulos), a estratégia mais óbvia era limitar uma leva, que seria mais vantajosa que fosse de três ou quatro mangás novos, para uma leva com somente dois mangás novos. As duas obras que acabaram sendo canceladas foram aquelas que tinham a pior média de colocações e constantemente estavam entre os últimos três colocados. O primeiro mangá cancelado acabou sendo “Junjou Pine” (1 Volume, 13 Capítulos, 2000-2001). Para quem não se lembra, o mangá tinha sido lançado na edição #47 de 2000 e tinha sido o segundo colocado da Akatsuka Award, a maior competição de One-Shot da época. Deste modo, muitas pessoas ansiavam pela serialização do mangá, que infelizmente, acabou não dando certo. A autora, Namie Odama, que atualmente tem várias obras de comédia de sucesso, vai receber uma segunda chance na revista em 2002, entretanto iremos comentar sobre esta série mais tarde.
O segundo mangá a ser cancelado foi “Bakabakashino!” (1 Volume, 12 Capítulos, 2000-2001) companheiro de leva de “Junjou Pine” – somente Lilim Kiss acabou sobrevivendo -. Bakabakashino! era de Hiroshi Gamo, autor que tinha lançado uma série de grandíssimo sucesso: “Tottemo! Luckyman” (16 Volumes, 1993-1997). Como Hiroshi Gamo vinha de um fracasso, “Boku wa Shōnen Tantei Dan” (1998-1999, 2 Volumes), o sucesso de Bakabakashino era importantíssimo para que o autor conseguisse provar aos leitores que era capaz de produzir outros bons mangás, além de Tottemo! Luckyman. Porém, a sua nova série acabou sendo um fracasso gigantesco e a grande maioria do público achou o mangá sem graça e com piadas forçadas. O resultou acabou sendo um cancelamento precoce, que impactou tanto a carreira de Hiroshi Gamo, que teoricamente nunca mais teve a possibilidade de lançar uma nova série na revista (Existem rumores que o roteirista de Death Note, Tsugumi Ohba seja Gamou, contudo são só teorias da internet e não temos nenhuma prova disto. Oficialmente o autor nunca mais conseguiu publicar mais nenhuma obra na Weekly Shonen Jump, somente em outras revistas)
Os dois substitutos dessas duas obras eram muito promissores. O primeiro a ser lançado foi “Jushin Ikaritorajiro”, escrito e desenhado por Tsunomaru, autor veterano que já tinha lançado dois sucessos na revista: “Mon mon mon” (1992-1993, 8 Volumes) e “Midori no Makibao” (1994-1998, 16 Volumes) – o segundo mangá, soma mais 52 volumes lançados se considerarmos as suas continuações lançadas entre no ano de 2007 e 2016 -. Tsunomaru era amado pelo público infantil, e mesmo tendo lançado um fracasso Survibee (1999, 3 Volumes) a sua carreira e seu nome não foram impactados. Com Jushin Ikaritorajiro, era o momento do autor voltar a demonstrar que ainda conseguia escrever comédias divertentes. Jushin contava a história de um samurai nú que perde uma batalha em 1500 e acaba ficando presos por quase 500 anos nos destroços de seu castelo, até quando uma criança do fundamental acaba o encontrando (e ele assim começa a seguir essa criança, transformando sua vida em uma confusão só). Porém, os editores ainda não tinham percebido que o público já não estava mais gostando das comédias infantilizadas, com traços estranhos e piadas para criança que carregavam um duplo sentido, que tinham dominado os anos 90, e Jushin Ikaritorajiro que seguia esse estilo, acabou se tornando mais um fracasso. A verdade era que o público não achava mais esse gênero engraçado. “Jushin Ikaritorajiro” acabou se tornando o segundo fracasso consecutivo de Tsunomaru, que pouco a pouco percebia que o público jovem não era mais sua praça.
O segundo mangá a estrear foi “Bobobo-bo Bo-bobo”, de Yoshi Sawai, autor novato que tinha lançado precedentemente somente One-Shots. Bobobo-bo era uma comédia que misturava B-Shounen, estilo que popularizou muito nos anos 2000, e contava uma história estranha: sobre um homem (Bo-bobo) que tinha um incrível cabelo afro dourado e que conseguia controlar seus pelos nasais. O problema nasce quando um imperador careca decide que irá dominar o mundo e obrigar todos a cortarem o cabelo. Deste modo, Bobobo-bo, juntamente com seus amigos se une para salvar o mundo desse imperador louco. Se alguém me apresentasse essa história, eu diria que seria um fracasso, contudo, Yoshi Sawai conseguiu contar essa história de maneira engraçadíssima e com personagens muito carismaticos. E o que acontece quando é lançada uma série MUITO BOA? Um novo sucesso. A série foi maior sucesso da revista desde Naruto. Bobobo-bo caiu rapidamente no gosto popular e suas vendas, desde o primeiro volume, foram altíssimas. A equipe editorial da Weekly Shonen Jump aproveitou o êxtase popular em relação ao novo mangá, e o encheu de páginas coloridas nos capítulos seguintes, intensificando ainda mais o sucesso de Bobobo-bo Bo-bobo. Finalmente conseguiram encontrar um mangá que tinha um potencial de se tornar um grande sucesso mundial.
Efeito Exame Chuunin
Rendimento dos veteranos da edição #11 até a #22.
Chegamos ao mês de março de 2001 (lembrando que para a Weekly Shonen Jump começa em dezembro do ano precedente) e o rendimento da situação de vários novatos entre a edição #11 e #22 era muito interessante. “ONE PIECE” (média 2.6) continuava sendo o pilar da revista, recebendo nesse período uma capa e uma página colorida de abertura, além de ter ficado seis vezes em primeiro lugar. O motivo pelo qual os editores estavam dando tanto destaque para ONE PIECE nesse período, eram dois: a série se encontrava no ÁPICE do seu arco de alabasta, quando acontece a rebelião, por isso, ONE PIECE passava pelo seu maior arco até então. O segundo motivo era a mudança de horário do anime na TV. Por mais do sucesso a FUJI TV decidiu transferir ONE PIECE, das Quartas-Feira, aos Domingos às 19.30, logo após KochiKame. O novo horário era muito vantajoso para a série, pois conseguia agradar também os adultos que trabalhavam, não limitando assim o público somente as crianças e adolescentes.
Em segundo lugar em média de posições entre a edição #11 e #22 tivemos “Naruto” (média 3.2) que conseguiu melhorar tantíssimo em comparação as primeiras edições do ano. O motivo pelo qual os editores melhoraram tanto assim as posições de Naruto nesse arco também são bem claros, na edição #11 começou definitivamente a terceira parte do Exame Chuunin, no qual vários personagens lutavam entre si em uma arena. Mesmo que a lenda que as séries apostam em torneios para recuperar a popularidade (se repararmos bem, Naruto era já uma das principais séries da revista e uma das apostas mais promissoras dos editores), não podemos negar que a ótima execução desse arco por parte do autor (Kishimoto) acabou realçando a série em um novo patamar. Assim, mesmo sem ter um anime, Naruto conseguiu atrair ainda mais leitores. É importante deixar claro que mesmo assim, por mais que entre a edição #11 e #19 os editores tenham dado tanto destaque a Naruto, ao ponto da série ficar em primeiro lugar 4 vezes, receber uma capa e uma página colorida (que não eram tão comuns na época), a partir da edição #20 os editores voltaram a classificar um pouco mais próximos dos seus companheiros novatos, assim mantendo entre a terceira e sexta colocação, contudo continuou sendo uma média melhor que as precedentes. O arco elevou o patamar da série.
Outras séries conseguiram ter uma boa média de colocações nesse período: “Yu-Gi-Oh” (média de 4.3), “Hikaru no Go” (média de 5.4), “Tennis no Ojisama” (média de 5.7), “Bobobo-bo Bo-bobo” (média de 6), “HUNTER X HUNTER” (Média de 7.5) e “Seikimatsu Leader-den Takeshi!” (média de 8.0) também conseguiram ficar sempre entre os primeiros colocados, com destaque para um novo membro ao grupo dos primeiros colocados: Bobobo-bo, que com a sua boa recepção, imediatamente foi colocado constantemente entre os primeiros colocados. O único mangá além de ONE PIECE e Naruto a conseguir alcançar a primeira colocação na TOC foi Yu-Gi-Oh, que ficou em primeiro na edição #21-22 (edição dupla), nenhum outro mangá conseguiu ameaçar o reinado dos dois B-Shounen, que em um futuro próximo, iriam protagonizar totalmente a revista. A verdade é que Yu-Gi-Oh, juntamente com ONE PIECE e HUNTER X HUNTER era considerado ainda um dos pilares da revista, pois tinha um anime em exibição de sucesso, vendia muitos volumes e ainda por cima, estava popularizando suas cartas por todo o mundo, trazendo rios de dinheiro para a Shueisha. Tennis no Ojisama, Hikaru no Go e Naruto podiam estar ameaçando a série na popularidade interna, mas quando o assunto era popularidade geral no Japão, ainda não chegavam aos pés de Yu-Gi-Oh, por exemplo, a relação de Naruto e Yu-Gi-Oh, poderia ser comparada com a relação atual entre Yakusoku no Neverland e Boku no Hero Academia, a primeira mesmo vendendo muito bem e tendo posições na TOC melhores, não tem a popularidade da segunda, que é um dos três pilares da revista.
Mas quem era o novato mais promissor? Essa é uma pergunta muito importante a se fazer. Os editores tinham em mãos três GIGANTESCOS novatos: Naruto, Hikaru no GO e Tennis no Ojisama, todos estrearam no ano de 1998. Como não temos dados reais das vendas dessas séries, é complicado chegarmos a uma resposta exata, mas pelos dados que recolhi, tudo indicava que os editores apostavam mais em Hikaru no Go, que entre o ano de 1999 e meados de 2001 (por isso antes de estrear seu anime) foi entre essas três obras, aquele que recebeu mais páginas coloridas de abertura e teve uma média de posições mais altas. As obras de esporte conseguiam ter o mesmo range de popularidade de obras B-Shounen, por isso não chegava a ser uma aposta incomum por parte do departamento da Jump. Tennis no Ojisama agradava muito o público masculino e ainda por cima conseguia atrair uma boa porcentagem de mulheres. Naruto era uma obra mais tradicional, que conseguia agradar todos os públicos e também era muito popular, por isso esses dois tinham um grande apoio editorial, mas não chegavam a ser a aposta principal dos editores, mesmo que em alguns momentos, chegavam a ter mais destaque que Hikaru no Go, mas era por um período curto de tempo.
Em seguida, com posições mais intermediárias tinhamos “Black Cat” (média de 8.8), “Whistle!” (média de 11), “Rising Impact” (média de 11.8), “Shaman King” (média de 14), “Lilim Kiss” (média 14), “Gun Blaze West” (média de 14.1). Black Cat vinha melhorando lentamente a suas posições, enquanto que Rising Impact lentamente ia perdendo espaço na revista. Os editores estavam criando “confiança” em Rising Impact no meados dos anos 2000, e assim iam pouco a pouco, melhorando suas colocações, contudo, com o sucesso de duas novas séries: Black Cat (que era um B-Shounen com grande apelo com os adolescente, público alvo da revista) e Bobobo-bo (que teve uma explosão de popularidade surpreendente), os editores tinham que sacrificar as posições de algumas séries já bem estabelecidas, um dos mangás prejudicados acabou sendo Rising Impact, que voltou a ser classificado na zona intermediária (por um período dos anos 2000 estava sendo classificado entre os primeiros colocados). Já Whistle!, mangá de esporte (futebol) que tinha sido lançado em 1998, continuava a manter sua popularidade estável e os editores não cogitavam o seu cancelamento.
Shaman King talvez se encontrava em uma situação parecido com Rising Impact, quando o assunto era satisfação com as ações editoriais. A série mesmo recebendo capas e páginas coloridas, nunca chegou a ser tratada pelos editores como um futuro pilar e mesmo com seu anime sendo encaminhado (faltavam somente quatro meses para sua estreia), os editores continuaram a classificar a série entre os últimos colocados. O que era estranho, pois Shaman King era um tradicional B-Shounen com um grande potencial comercial, e os editores sabiam muito desse aspecto da série. Entretanto, acreditavam que os demais mangás da revista tinham um potencial ainda maior, por causa disto, mesmo vendo o potencial de Shaman King decidiam classificar a série na zona intermediaria. Então os editores utilizaram uma estratégia muito comum: adiar a promoção de uma série até quando for inetivável, no caso, quando estiverem realmente muito perto da estreia do anime. Por fim entre os últimos colocados tinhamos “ROOKIES” (média de 15.4), “KochiKame” (média de 15.4), “JoJo” (média de 16) “Normandy Secret Club” (média de 16.6) e “Bremen” (média de 16.8).
Terceira Leva (#23 e #24)
Mr.FULLSWING (#23) e Karusuman (#24)
Lembra do famoso fenomêno “Normandy” ou “Norman” explicado nas análises passadas? Tal efeito acontece quando uma série que não é muito popular, consegue sobreviver por mais de dez meses por dois motivos: O grupo editorial acredita em seu potencial e existem várias outras séries em situação pior, assim, vão salvando um mangá não popular, pois devem cancelar outros que são ainda menos popular. Tivemos vários exemplos de efeito “Normandy” na revista, o mais recente é o caso de Spring Weapon Number One. Então, comento sobre essa situação, pois chegamos no momento no qual, o mangá que deu o nome a esse efeito acabou sendo cancelado. “Normandy Secret Club”, o primeiro mangá que enlouqueceu os japoneses que não entendiam como os editores decidiam continuar salvando a série, na edição número 20 acabou sendo cancelado, juntamente com Lilim Kiss, para dar entrada a dois novatos relativamente interessantes, que tinham uma chance de lançar mais uma nova série de sucesso na revista.
Porém, antes de comentar sobre esses dois novatos, vamos conversar um pouco sobre as duas séries que acabaram sendo canceladas. Os tinham quatro opções, sendo que todas elas iriam desagradar uma parte do público, já que todas as quatro tinham seguidores fieis que torciam pelo seu sucesso. Os mangás que não foram escolhidos foram: Gun Blaze West, que os editores sabiam que dificilmente conseguiria se tornar um sucesso, mas por causa do potencial do autor (e obviamente por ter um grupo de pessoas que votavam na série) decidiram que ainda era muito cedo retira-la da line-up, era melhor esperar mais alguns meses. O outro mangá que acabou sendo salvo foi “Bremen”, de Haruto Umezawa. A série já tinha completado mais de um ano na revista, e entre os quatro mangás na berlinda, era aquele mais popular e com maiores vendas. Além disso, ter um mangá sobre uma banda de rock punk, estilo que estava voltando a ser muito popular no início dos anos 2000 (com bandas pop punk e emo) era uma aposta muito inteligente em longo prazo. O único problema para “Bremen” era que suas vendas realmente não eram muito animadoras e nenhum estúdio queria adaptar a sua obra para o anime, desanimando assim a Shueisha, que cada mês que passava, acreditava menos na possibilidade de tornar Bremen um sucesso mundial.
Já as séries canceladas acabaram sendo duas. A primeira, “Normandy Secret Club” (5 Volumes, 46 Capítulos, 2000-2001) era aposta mais segura de cancelamento. A obra não era odiada e acabou inspirando vários mangás, entre eles SKET DANCE, que será lançado na WSJ e será exportado para todos os continentes alguns anos depois do cancelamento de Normandy. Contudo, sua popularidade entre os quatro escolhidos, era aquela mais frágil e com um cancelamento mais justificável. Ninguém poderia se lamentar que o grupo editorial não tinha dado capítulos suficiente para a série se desenvolver e o mangá não tinha seguidores o suficiente para deixar muitas pessoas irritadas com seu cancelamento. O outro mangá que acabou sendo cancelado foi “Lilim Kiss” (2 Volumes, 24 Capítulos, 2000-2001), da autora Mizuki Kawashita, que por mais que tenha fracassado em sua primeira série, saiu com um grupo de admiradores que a ajudaram a criar uma expectativa pela sua segunda obra, que veria ser lançada no ano de 2002. Tivemos vários casos de autores que não conseguiram lançar uma série de sucesso na primeira tentativa, mas conseguiram criar uma fãbase útil para seus lançamentos futuros: o criador de Black Clover e o criador de Boku no Hero Academia são dois exemplos muito recentes. No final das contas, os dois cancelamentos acabaram sendo uma decisão correta, pois dificilmente essas duas obras, mesmo tendo um pequeno grupo de seguidores, conseguiria se tornar lucrativas.
E quem são os dois mangás que estrearam? A edição #23 nos trouxe Mr.FULLSWING, que não conta a história da Carla Perez dançando uma música de axé, muito pelo contrário, é uma obra de esporte, mais especificamente beiseibol, que narra a jornada do protagonista que entra em um clube relacionado ao beisebol para poder conquistar o coração da sua amada, que é a gerente desse clube. A história mistura comédia, romance (bem leve) e tem várias características típicas dos mangás de esporte. Em nenhum momento podemos considerar Mr.FULLSWING uma aposta realmente arriscada com um um roteiro inovador, mas o autor novato, Shinya Suzuki conseguiu entregar uma história convincente com personagens carismaticos, e mesmo não sendo um sucesso imediato, conseguiu criar empatia com os japoneses, que pouco a pouco foram se apaixonando pela série. Os editores, se analisarmos a publicidade entregue a série e seus rankings prévios, pareciam não acreditar que poderia dar certo, e como o sua aceitação não foi explosiva, pareciam ter um receio em apostar na série, assim classificando-a sempre na zona intermediária e nas últimas colocações, esperando para ver a série conseguiria se aumentar sua popularidade, ou se tornaria um novo Bremen, no qual já tinha completado mais um ano e meio de vida, e não conseguiu se tornar um mangá que vendia relativamente bem. Só o tempo poderia responder se os editores encontraram ou não uma série de beisebol de sucesso.
Já na edição #24 estreou o segundo e último mangá dessa leva, “Karasuman” de Hajime Kazu, que já havia lançado duas séries na revista, sendo a última “Meiryotei Gotoseijuro” (10 Volumes, 1997-1999) , que durou dois anos. Para quem não se lembra, Meiryotei Gotoseijuro contava a história de um garoto muito inteligente que comandava o conselho estudentil de uma escola privada no Japão. O mangá conseguiu agradar os japoneses, mas nunca chegou a superar a ser considerado um sucesso comercial, e acabou sendo cancelado depois de 2 anos na revista (não podemos considerar um fracasso, deste modo, pois sobreviveu por muito tempo, superando a marca de 10 v0lumes). A Shueisha decidiu dar uma terceira chance para o autor, com Karasuman, série ambientada em um futuro hipotetico (2050), que juntava elementos militares e tinha um protagonista um pouco estranho: um homem corvo. Sabemos que o estranho acaba agradando muito os japoneses, mas não foi o caso de Karasuman, que acabou fracassando e teve pouquíssimos capítulos lançados.
SEGUNDA PARTE: AQUI
Capas WSJ (#01 até #24)