Análise: TOC Weekly Shonen Jump #43 (Ano 2017).

Tapete Vermelho.

Começando pelos mangás não ranqueados, tivemos capa e página colorida de abertura para Shokugeki no Souma, que está cada vez mais próximo de ver sua terceira temporada estrear, inclusive a capa dessa edição é praticamente um tapete vermelho para a série. Também tivemos página colorida para PSI Kusuo Saiki, que ultimamente os editores vem aumentando bastante a publicidade sobre a série (muito provavelmente por causa da baixa de comédias na revista, assim é justo pegar a mais popular (Gintama será encerrado em breve) e realça-la ao trono das comédias, deixando a revista mais equilibrada. E tivemos páginas coloridas também para Boku-tachi e para o quarto concorrente da Golden Future Cup. E por fim tivemos nessa edição a ausência de Boku no Hero Academia, uma ausência surpresa que me deixa um pouco preocupado sobre o estado de saúde do autor.

Em primeiro lugar na TOC tivemos ONE PIECE que após dar a possibilidade de vários novatos conquistarem tal colocação, mostrou quem dominava nessa revista. È inegável que a série é o maior sucesso da revista, e com o fim de Kochikame, se tornou a mais velha. ONE PIECE é o velho sábio da Weekly Shonen Jump. Logo após tivemos Kimetsu no Yaiba que por pouco não voltou a ter uma primeira colocação, mas mesmo assim essa segunda colocação é um grande exemplo de como os editores acreditam na força da série. Nesta edição preferiram Yaiba em segundo que séries novatas que vende mais ou tem potencial para venderem mais. Uma decisão que não é nem correto e nem errada, é simplesmente muito interessante.

Em terceiro lugar tivemos a série, caso tivesse um tapete vermelho com todas as séries da revista, estaria nos holofotes por ser uma série novata, pouco conhecida, mas muito promissora – Yakusoku no Neverland. Podemos dizer que seria Thimothée Challamet quando o novo filme de Woody Allen estrear (calma é só uma referência louco, para a tristeza de muitos e felicidade de outros essa não será uma análise temática), já que Black Clover que também é um novato, mas que está preste a ganhar um anime, seria mais próximo a Tom Holland na estreia de Homem-Aranha. É um novato promissor, mas com tudo já muito bem organizado para se tornar uma estrela do cinema. Meses atrás eu cogitava Black Clover virar o quarto pilar, mas acredito que isso não acontecerá, por causa dos seus números de vendas atuais, já Yakusoku no Neverland, se continuar aumentando suas vendas antes do anime, ao ponto de alcançar 300 mil cópias em um mês, as chances de se tornar um quarto pilar é bem maior. Lembrando que pode acontecer de alcançar 300 mil cópias, e depois ter um pequeno aumento: Souma é um grande exemplo de série que explodiu ANTES do anime, vendia muito, mas mesmo assim não conseguiu ter um boost o suficiente para superar a marca de 700 mil cópias por volume.

Em quinto lugar tivemos Dr.Stone, que nessa semana os editores relaxaram um pouco em relação à série. Se percebemos bem, na verdade essa edição, mesmo ainda adotando a nova política, teve muito mais influência da antiga: as séries veteranas conseguiram posições melhores, e algumas séries novatas promissoras foram classificadas em colocações relativamente baixas, MAS ainda não chega ser o mistão que comentei na semana passada. Dr.Stone sinceramente merece publicidade, contudo, talvez seja um pouco exagerado coloca-lo por tantas semanas seguidas nas primeiras duas colocações. Em sexto lugar tivemos Haikyuu!!, que voltou a uma posição aceitável: Sim, os veteranos não precisam de publicidade e não devem perder leitores estando nas últimas colocações, entretanto, é bom deixa-los em posições altas, por dois motivos: agradam grande parte do público (por isso são sucessos) e dão um ar de familiaridade aos leitores. O mistão é funcional pois entrega ao leitor uma mistura de novo (o novato é a novidade) com o familiar (o veterano que já tem anime de sucesso). Acredito que essa mistura agrade o leitor, e é justamente por isso que os editores por todos esses anos mantiveram o mistão (porém, um mistão mais voltado aos veteranos)

Em sétimo lugar tivemos uma grandiosa surpresa que fará tantos seguidores do Analyse It (e da Jump no mundo todo) praticamente sair protestando pelas ruas, como fossem os fãs de Lady Gaga quando ela cancelou o show no Rock in Rio. Spring Weapon Number One conquistou uma bela sétima colocação e praticamente samba na cara de todos aqueles que acreditavam no seu cancelamento (eu incluso). Ainda existe a possibilidade de ser os editores dando um minima de glória a série no seus minutos finais, mas tudo indica é que na verdade ela acabou sendo salva do cancelamento após a reunião. A sua popularidade interna ou suas vendas digitais devem ser realmente muito boas (lembrando que as vendas digitais, na minha opinião, devem ser já uma boa fatia do bolo da receita das revistas, e comentei isso já varias vezes). Spring Weapon por ser uma série nova, pode estar atraindo muito mais compras digitais, que as séries veteranas que muitos continuam comprando a mídia física para manter a coleção.

Como muitos sabem, ano passado constatei que o motivo das quedas de vendas DE TODOS OS MANGÁS DO MERCADO talvez seja relacionada a popularização da mídia digital: sejamos sinceros, em praticamente todo o mundo a mídia física está perdendo forças: os filmes são quase todos digitais, a Steam está dominando o mercado dos jogos, a maioria não espera sair o CD na loja física para ouvir o disco de um cantor que tu gosta e muita gente já está optando por comprar os livros na Google Play ou ler na Amazon, por um motivo simples: é mais prático e ocupa muito menos espaço (o que no Japão, no qual as casas são pequenas, é muito importante). Eu mesmo serei sincero, tem livros que eu leio do meu celular enquanto vou para a universidade (e comprei eles via Google Play), ou quando sai o novo capítulo de ONE PIECE leio diretamente do celular, para assim saber o que aconteceu. O amor pela mídia física te prende ao passado, mas não é tão prático e vantajoso quanto o digital. Essa é a realidade, e muitos japoneses já devem comprar os mangás pela mídia digital (do mesmo jeito que passei a comprar a Ultra Jump e SQ digitalmente ao invés de encomendar). A prova disso é que Amazon revelou em 2010 (em uma conferência sobre o Kindle) que os livros vendem O DOBRO EM MÍDIA DIGITAL que em mídia física). E sabemos que não tem público mais conservador que aqueles que compram livros.

Por a mídia digital nos mangás no Japão está se popularizando nos últimos três anos, não podemos esperar resultados parecidos, porém uma boa parcela pode já estar no digital. A prova disso é o atraso de um mês entre o lançamento digital e físico nos volumes da série ONE PIECE, como foi comentado na MangaHelpers – Sim o motivo pode ser a pirataria (é um motivo muito válido, já que o digital facilitaria a distribuição de cópias de boa qualidade), contudo seria mais inteligente adotar um atraso de uma semana (já que em uma semana depois da mídia física já encontramos na internet os materiais único ao volume em altíssima qualidade). A mídia física é importante pois gera mais emprego, e em um país como o Japão, as empresas de mangás se importam com o mercado de trabalho que gira em torno dos mangás – a diminuição das vendas de mangás físicos AFETA MUITO os comerciantes e as pessoas que trabalham no comercio. A Shonen Jump não adota essa estratégia de atrasar o lançamento com quase nenhum mangá, somente com ONE PIECE, por causa do grandíssimo impacto que a série tem nos comércios. São mais 3 milhões de cópias que circulam pelo Japão. Infelizmente não posso dar o número de quanto porcento das vendas são digitais, simplesmente não temos nenhum dado, mas eu acredito que já supere a marca de 20%, podendo já chegar a 40% das vendas – levando em conta que é um mercado novo, diferente dos livros em versão digital. É questão de anos para a mídia digital começar a vender mais que a mídia fisíca.

Robot x Laserbeam que foi colocado em uma colocação mais baixa, mas não deve sofrer por isso, já que antes da nova política estava nessas colocações. Não podemos esquecer que tem uma grande possibilidade da série não ter tanto grande nos votos internos, mas essa continuará sendo uma possibilidade, pois nunca saberemos a verdade – já que a Shonen Jump não revela os seus dados internos. Logo após tivemos, em nono lugar, Yuragi-Sou no Yuuna-San que continua tendo que se acostumar com as posições intermediária, ao mesmo tempo que os editores a entregam páginas coloridas, como acontecerá na próxima semana – uma relação bipolar -. Na corrida de qual será a próxima série a ganhar anime, e por isso poder ter o seu próprio tapete vermelho, temos Yuragi-Sou e Kimetsu no Yaiba como os mais prováveis, já que estão preste a comemorar dois anos de revista (daqui a cinco meses). Será que Yuragi será a próxima?

Tivemos em décimo lugar Hinomaru Zumou que para mim está na posição que merece: a “hipótese” da série vender bem digitalmente é uma possibilidade real, pois se utilizarmos como “argumento” várias pessoas terem vergonha em comprar seus volumes, e levando a data da sua estreia, em 2014, quando alguns sites já estavam começando a vender digitalmente os mangás, mas do mesmo modo que eu não acredito que Spring Weapon Number One seja um sucesso em vendas digitalmente (sim, os mangás mais novos devem ter uma parcela de vendas digitais maiores que os mais velhos, mas não acredito que seja monstruosa ao ponto de considerarmos essas duas séries um sucesso). Hinomaru Zumou não aumenta significamente suas vendas desde o volume 2, não merece uma publicidade inútil. Logo após, na décima primeira colocação, tivemos Gintama, que em uma falsa TOC vazada parecia que ia receber capa na próxima edição, mas só foi ilusão. A série só deve receber mais uma capa antes do seu encerramento, infelizmente.

Em décimo segundo lugar tivemos Shoodan! que só deve se salvar, se por um milagre, estrear duas séries (ou três substituindo Hunter x Hunter), o que é possível, mas sejamos sinceros, os editores não parecem querer salvar a série. Não devem estar achando um fracasso, mas a série já tem garantidos 16 capítulos, o que dá para fazer dois volumes bem fechados. Outros dois mangás que com certeza acabarão sendo cancelados são Harapeko no Marie e Cross Account – esses dois só serão salvos se acontecer um milagre vindo diretamente dos céus.

A pergunta dessa semana é: “Quais autores(a) veteranos você gostaria de ver retornando na revista na próxima leva?” – É importante levar em consideração que coloquei o nome de todos os autores que publicaram alguma série na revista nos últimos anos (não vale autor que está a mais de 10 anos fora da revista) e sabemos que não está em outra revista (que não seja a Jump Plus – aliás deixei claro os autores que tem série na plataforma). Os autores na lista tem uma possibilidade de retornar na revista, por isso não coloquei Kishimoto e Kubo por já deixaram bem claro que não querem voltar na revista. É para ser uma votação que une a sua vontade com uma visão mais realista.

Questionário 3