E novamente, com um belo atraso (pois lançar a Retrospectiva sem atraso seria quebrar a tradição), trago para vocês a segunda parte da retrospectiva do ano 2000 da Weekly Shounen Jump. Já avisando aos novos leitores do Analyse It, que já foram lançadas outras quatro análises, para alegria total da nação brasileira e portuguesa, por isso, recomendo dar uma lida nas partes anteriores, que são respectivamente essas: ano 1997, 1998, 1999 e 2000 parte 1. É importante ler-las para conseguir entender no máximo do possível qual é o contexto em qual a revista se encontrava nos meados dos anos 2000.
E para lembrar vocês quais eram os mangás presentes na revista nessa época, deixo aqui a lista os títulos das séries: KochiKame, Hoshin Engi, Yu-Gi-Oh, Hanasaka Tenshi Tenten-Kun, Seikimatsu Leader-den Takeshi!, ONE PIECE, ROOKIES, Whistle!, HUNTER X HUNTER, Rising Impact, Hikaru no Go, Tennis Ouji-Sama, NARUTO, Bremen, Tsurikkizu Pintarou, Sanjushi, Sand Land, Normandy Secret Club. Todas as séries estão em ordem de lançamento na revista, por isso temos da mais antiga até a mais nova na época. Agora, sem mais delongas, vamos continuar a análise do ano 2000 da Weekly Shonen Jump:
Chegamos aos meses de maio até começo de julho, que representam o começo da segunda parte da do ano comercial da revista (que começa em dezembro do ano anterior e termina em novembro), e a revista contava com três claros pilares: “ONE PIECE”, “Hunter x Hunter” (que eram séries extremamente novas, mas que já haviam conquistado os leitores japoneses) e “Yu-Gi-Oh”, que tinha acabado de ganhar um novo anime, que conseguiu transformar a série em um sucesso mundial. O problema é que nesse período, um dos pilares começou a mostrar a sua maior fraqueza, o seu tendão de Aquiles: estamos comentando sobre os recorrentes hiatos de “Hunter x Hunter” – das nove edições que analisadas nessa terceira parte dos anos 2000, a obra estava ausente em seis delas – Com um hiatos que durou 6 edições (da edição #27 até a #32, antes disso deu uma pequena pausa na edição #25), a série teve sua primeira pausa prolongada, mas mesmo assim não podemos dizer que perdeu sua vaga de pilar na revista.
Para compensar as ausências de “Hunter x Hunter”, os editores decidiram dar um destaque maior para dois mangás com um grupo de leitores estáveis (lembrando que “Tennis no Oji-Sama” e “Naruto” eram obras muito promissoras que vinham constantemente bem classificadas, mas ainda estavam conquistando os leitores da revista). Os dois mangás escolhidos foram: “Yu-Gi-Oh”, que com o anime fazendo um grande sucesso, os editores tinham mais motivos ainda para dar destaque a série. E “Seikimatsu Leader-den Takeshi!”, que era a série de comédia que podemos considerar o “pilar das comédias da revista”, logicamente se excluirmos “KochiKame” que vendia mais de 600 mil cópias por volume e tinha um grandíssimo número de seguidores, mas por causa da sua idade e número enorme de capítulos no mercado, não chegava a receber tanta publicidade por parte dos editores.
O mangá que teve a melhor média nesse período foi obviamente o rei da revista, “ONE PIECE” (média de 2.5), que teve dois grandíssimos tropeços: na edição #23 ficou em quinto lugar (seguindo o ranking japonês) e na edição #27 ficou no sexto lugar, que teoricamente a pior posição da série na história. Além disso a série não conseguiu o primeiro lugar na TOC (primeiro lugar no sistema ocidental, que é igual ao segunda lugar para os japoneses) em outras duas edições (#26 e #29), pois recebeu página colorida de abertura. Os mangás que conseguiram conquistar o primeiro lugar nesse período foram: “Seikimatsu Leader-den Takeshi” (na edição #23), “Hunter x Hunter” (#26), “Sand Land” (#27) e “Tennis no Oji-Sama” (#29). Mesmo dando dois grandes tropeços, podemos dizer que a série de Eiichiro Oda continuou soberana na revista. Em segundo lugar em média tivemos a comédia que já comentamos, “Seikimatsu Leader-den Takeshi” (média de 4.7), que como viram, teve também a alegria de conquistar um primeiro lugar na edição #23.
Em terceiro lugar em média tivemos “Tennis no Oujisama” (média de 4.9), que piorou um pouco sua média em comparação a semana anterior (de 0.2), mas conseguiu manter sua posição. Mesmo ainda sem ter ganho um anime, a série já vinha conquistando um número gigantesco de leitores, e de certo revolucionando o mangás de esporte, pois a série tinha um apelo ao público feminino muito maior que qualquer outro mangá de esporte da época. Deste modo, os editores se sentiam muito seguros em apoiar a série. Em quarto lugar tivemos “Yu-Gi-Oh” (média de 5.3) que melhorou tantíssimo sua média (de 1.7) pelo motivos já explicados. E em quinto lugar, fechando o TOP 5 de séries mais bem classificadas pelos editores nessa terceira parte do ano, tivemos “Naruto” (média de 5.4), que na parte anterior estava na segunda colocação. O motivo pelo qual a série piorou a média deve ter sido três: O anime de “Yu-Gi-Oh” que melhorou a média da série, a ausência de Hunter x Hunter, que obrigou os editores a classificarem ainda melhor “Takeshi” e “Yu-Gi-Oh”, e a preferência do grupo editorial por “Tennis no Oujisama”, já que preferiram piorar a média de Naruto, que a de “Tennis no Oujisama”, aliás, essas duas séries poderiam ser considerar os príncipes da revista, pois tinham potencial de pegar o trono dos reis (os pilares).
Em sexto lugar tivemos “Hikaru no GO” (média 5.9) que em comparação a segunda parte teve uma pequena melhora, mas mesmo assim, não podemos dizer que voltou ao rendimento da primeira parte, em que foi a segunda série com melhor média de posições, só perdendo para “ONE PIECE”. Mesmo assim, o apoio editorial sobre a série continuou altíssimo, entregando muita publicidade a obra. A WSJ acreditava mesmo que “Hikaru no GO” poderia explodir após um possível anime. Logo após tivemos “Hoshin Engi” (média 7.8), que como estava nos seus últimos capítulos (a série estava preste a ser encerrada naturalmente), os editores decidiram aumentar um pouco mais o destaque sobre o mangá. Lembrando que “Hoshin Engi” chegou a se tornar um pilar da revista por um breve período de tempo. Em seguindo, na oitava colocação no ranking de melhores médias tivemos “Rising Impact” (média de 8.8), que continuou com uma média muito parecida com a da segunda parte – A série continuou a aumentar as suas vendas e destaque na revista, mas por esse dois meses, os editores mantiveram estáveis suas posições. O Ranking é seguido por: “Shaman King” (média de 11), Whistle! (média de 12), “ROOKIES” (média de 12.5), “KochiKame” (média de 13.2), “JoJo” (média 13.9), Bremen (Média de 14), a série de música começava a passar por grande sufoco, mas como tinham mangás em situações piores, acabou se salvando, mas com certeza os editores estavam esperando o momento correto para cancelar a série.
A quarta e penúltima leva de 2000, no qual tivemos a estréia de quatro mangás, sendo que um foi lançado algumas edições depois dos três inicias. Essa quarta leva veio carregando uma grande peso nas costas, pois os editores lançaram três levas consecutivas no qual não encontraram nenhum grande sucesso: “JoJo” não era uma nova série, “Bremen” por mais que sobreviva na revista, não teve uma grande explosão de popularidade e sempre se encontrava na corda bamba e “Sand Land”, por mais que vendia horrores era uma mini série, que seria encerrado juntamente com a estréia dessa quarta leva. Para a sorte do grupo editorial da revista é que os anos anteriores (1997, 1998 e 1999) tinham sido extremamente lucrativos, e ninguém era louco de contestar a capacidade dos editores em encontrar novos sucessos e gerir a revista, contudo, ao menos um grande sucesso no ano de 2000 deveria ser encontrado, e os primeiros 6 meses do ano já tinham sido mal aproveitados no quesito novas séries.
Os mangás que foram encerrados ou retirados da revista para estrear essa nova leva foram cinco, mesmo que um já estava ausente na revista por um longo período de tempo. O primeiro mangá ser cancelado foi “Hanasaka Tenshi Tenten-kun” (17 Volumes, 1997-2000), série veterana que nos últimos meses vinha sido cada vez mais mal recebida pelo público e suas vendas só faziam cair, sua média de posições entre as edições #23 e #39, quando acabou sendo cancelado, foi terrível: “17.7”, a pior entre as três séries canceladas nessa leva. Quando estreou em 1997, “Hanasaka” teve uma recepção ótima, e logo conseguiu se estabelecer como uma das principais comédias da revista, inclusive um ano após o seu lançamento também ganhou um anime de 43 episódios que teve um sucesso mediano contudo, após o lançamento do seu anime, a série se encontrou em uma decadência constante, e sua popularidade na revista só fazia cair. Os leitores não estavam gostando tanto dos capítulos atuais, julgando-os não tão divertidos quanto os iniciais, e as vendas dos volumes também estavam caindo. Mês após mês, suas vendas caindo, chegando ano de 2000 como uma obra que não valia mais a pena ser mantida. O resultado se tornou mais do que esperado, a série foi cancelada. Podemos considerar “Hanasaka Tenshi Tenten-kun” uma estrela cadente, teve uma passagem brilhante, mas muito rápida pela revista.
O segundo a ser cancelado foi “Tsurikkīzu Pintarō” (2 Volumes, 2000), obra de um autor veterano que acabou não dando certo, tendo uma média de posiçoes de “17.4”. “Tsurikkīzu Pintarō” estreou em 2000 e tinha um grande potencial por ter sido da mesma dupla que lançou “Jigoku Sensei Nūbē” (31 Volumes, 1993-1999), série de sucesso que tem continuações sendo lançadas até hoje. A terceira obra cancelada foi o companheiro de leva de “Tsurikkīzu Pintarō”; “Sanjūshi” (2 Volumes, 2000), mas nesse caso o autor era inexperiente, e só havia lançado uma outra obra que também fracassou na revista no ano de 1999, tendo uma média de posições de “16.5”. O terceiro mangá a se encerrar, não foi cancelado e sim encerrado naturalmente, foi a mini série já citada “Sand Land” (Volume Único, 2000). O último mangá a ser transferido foi Bastard!! (27 Volumes, 1988-Presente), série lançada nos anos 80 que tinha se tornado mensal por causa da doença do autor, contudo, o autor piorou e a série entrou em um hiatos. A série só veio retornar a revista na edição #36-37, para anunciar sua transferência para a Ultra Jump, revista no qual a série é lançada até hoje (inclusive se encontra em hiatos – o que é “Hunter x Hunter” perto de “Bastard!!”).
O primeiro mangá da leva a estrear foi “Black Cat” de Kentaro Yabuki, autor que virá ser mais conhecido por sua arte em “To LOVE-Ru Darkness”. A sua nova série “Black Cat” não foi a primeira tentativa do autor na revista, ele já havia lançado em 1999 uma série que não deu muito certo, mas por causa do seu talento, os editores decidiram que valia a pena dar uma segunda chance. “Black Cat” conta a história de um homem que faz parte da maior sociedade de assassinos do seu mundo, que usa métodos violentos para manter a paz mundial, após um acontecimento traumático, o protagonista decide abandonar essa sociedade e se tornar um caçador de recompensa – Aliás, o protagonista conhecido como Black Cat é um dos maiores assassinos que o mundo já viu, com tamanha crueldade e habilidade que ninguém conseguiu sobreviver aos seus ataques.. Tudo muda quando um velho amigo do protagonista reaparece com um plano de acabar com essa sociedade de assassinos. “Black Cat” acabou sendo bem recepcionada pelo público japonês, e mesmo não se tornando um sucesso gigantesco imediato, a sua mistura de comédia com ação resultou em sua sobrevivência na revista. Kentaro Yabuki teve o seu primeiro sucesso, mas mesmo assim não podemos dizer que os editores encontraram o sucesso que esperavam.
Logo em seguida teve a estréia de “Kaiser Spike” era a nova aposta de esporte da WSJ: O esporte escolhido dessa vez foi o “voleibol”. O protagonista de “Kaiser Spike” é um garoto que acabou sendo convidado para entrar no time de voleibol do colégio após verem que ele tinha uma grandíssima habilidade de pular muito alto (o personagem pulava realmente muito alto). A história depois segue o comum dos mangás de esporte; esse novo jogador consegue guiar o seu time, de vários jogadores ruins, mas cada um com uma característica forte que pode ter aproveitada, ao sucesso. Muitas das cenas do mangá podem acabar lembrando justamente o sucesso atual da WSJ, “Haikyuu”, mas podemos dizer enquanto uma série acabou se tornando um grandíssimo sucesso, a outra, no caso “Kaiser Spike” não foi muito bem recebida, mais por não entregar personagens conseguiram criar empatia com o público. O terceiro mangá a estrear foi a série de Kart, “Rocket de Tsukinukero!”, série que contava a história de um mecânico que estava sonhava em se tornar um piloto de F1, e com a ajuda de outro piloto, começa a seguir seu sonho. A série teve uma recepção terrível e acabou sendo cancelada precocemente.
O último mangá a estrear foi realmente um “achado” por parte dos editores; substituindo “Bastard”, os editores decidiram lançar uma comédia que sempre estaria nas últimas colocações: “Pyu to Fuku! Jaguar” de Kyosuke Usata. Série que inclusive estreou sem nenhum ganhar uma capa (essa imagem que coloquei como referimento foi de uma capa que a série recebeu semanas após o seu lançamento). “Pyu to Fuku! Jaguar” é uma comédia curta e com traços simples, que conta a história de um garoto que sonha em se tornar um grande guitarrista e vai tentando entrar em várias casas discográficas, mas infelizmente não consegue por variados motivos, para piorar, tem um estranho garoto de cabelos laranjas que sempre acaba aparecendo em sua vida e atrapalhando seus planos, transformando-a em um inferno. Esse garoto se chama “Jaguar” e tem uma grandíssima habilidade em tocar flauta (fazendo-a inclusive parecer uma guitarra). Os editores já esperavam um bom resultado por parte da série, justamente por isso lançaram a série já dando um lugar seguro na revista (sempre a última colocação), mas provavelmente não esperavam que o mangá fizesse um sucesso tão grande quanto fez. “Pyu to Fuku! Jaguar” acabou se tornando o principal novato do ano de 2000.
A quarta leva de 2000 acabou entregando um resultado bem positivo para os editores, que conseguiram alcançar o objetivo de lançar ao menos um sucesso no ano de 2000 (e ainda tinham tempo para mais uma leva, para assim achar mais um outro sucesso). Duas séries acabaram não dando certo, contudo ter um 50% de aproveitamento é um resultado ótimo, principalmente se levarmos em conta que os editores perderam uma comédia que a alguns anos atras era de uma gigantesca popularidade, “Hanasaka Tenshi Tenten-Kun” e conseguiram achar imediatamente uma outra comédia ainda mais promissora, no caso, “Pyu to Fuku! Jagua”.
Chegando a última parte do ano (da edição #47 e #52 irei analisar juntamente com o resumo do ano 2000, que irei fazer após a quinta leva), que cobrirá os meses de julho até metade outubro (sendo que o ano comercial da WSJ se encerra em novembro). E nesse período (o quarto do ano) podemos dizer que os editores tinham praticamente o mesmo objetivos que as partes anteriores, por isso, destacar as séries novatas que podiam receber nos próximos dois anos uma versão em anime. As séries novatas escolhidas para ser o grande destaque foram as mesma dos meses anteriores, por isso “Tennis no Oujisama”, “Hikaru no Go”, “Naruto”, e etc. Só que desta vez decidiram por variados motivos dar mais destaque mais a série de tabuleiro “Hikaru no Go” (média de 4.2). O motivo deve ser muito simples: os editores no início do ano decidiram dar um grandíssimo destaque a série, após esse período preferiram destacar outros novatos, deixando “Hikaru no Go” mais “escondido”. Após dar a publicidade necessária a essas outras séries, retornaram a divulgar “Hikaru no Go”, mantendo assim um ano mais equilibrado. A série conquistou três primais colocações nesse período e vai conquistar nos últimos dois meses do ano, mais outros dois primeiros lugares. Os editores apostaram pesado em “Hikaru no Go”.
O único mangá da revista que constantemente recebeu destaque foi “ONE PIECE” (média de 2.0), que também não esteve ausente em NENHUMA edição do ano, demonstrando uma constância invejável. Em relação ao ano de 2000, não podemos dizer o mesmo de “Hunter x Hunter” (média de 4.4), mas nesse período, a série retornou do hiatos na edição #33, e só veio dar uma pequena pausa na edição #44. Os editores sabendo que a série passou por um grande hiatos (o primeiro de tantos), decidiram dar um enorme destaque para a série, fazendo-a se tornar a terceira melhor média desse período. A quarta melhor média, empatados, foram respectivamente “Yu-Gi-Oh” e “Tennis no Oujisama” (média de 5.0). As duas séries já vinham recebendo um grande destaque nos períodos anteriores, Yu-Gi-Oh por seu anime de sucesso e Tennis no Oujisama por ser uma série muito promissora. E nesse último período obviamente a situação não mudou, aliás, “Tennis no Oujisama” foi a única série ao lado de “ONE PIECE” e “Hikaru no Go” a conquistar a primeira colocação nesse período. “Yu-Gi-Oh” conquistou uma primeira colocação nos últimos dois meses do ano. Nenhuma outra série, além das quatro já citadas conquistaram uma primeira colocação entre a edição #32 e #52.
Em quinto lugar tivemos “Seikimatsu Leader-den Takeshi!” (média de 5.5) que é uma outra série que recebeu por todo ano um bom destaque por parte dos editores, e nesse período não mudou. Sim, a média foi inferior à do período #23-31, contudo, se analisarmos que nos dois primeiros períodos a série teve uma média de 5.4 e 6.0, percebemos que esse período a série simplesmente recebeu um tratamento padrão para o mangá. Os editores consideravam “Seikimatsu Lader-den Takeshi” uma grande aposta, mas acreditavam que comercialmente, por isso em comparação aos mangás B-Shounen e de esporte, estava um pouco “atrás”. Falando em estar atrás, Naruto teve somente a sexta melhor média, e nesse período ficou um pouco pra trás – Talvez os editores não acreditavam tanto assim no potencial da segunda parte do exame Chuunin, ou simplesmente os arcos das demais séries estavam tão bons, que preferiram deixar Naruto com um destaque um pouco menor em termo de posições na TOC. Logo após tivemos “Rising Impact” (média de 7.6), no qual os editores novamente melhoram sua média de colocações – no primeiro período a série teve uma média de 12, no segundo e terceiro de 8.8 e 8.7, e depois no quarto melhoraram para 7.6. Isso demonstra como os editores, ao longo dos anos foram criando confiança em “Rising Impact”, que mesmo nunca tendo se tornando um grande sucesso, marcou sua passagem na revista.
A diferença em média entre essas sete primeiras séries e as demais era gigantesco. Os editores realmente acreditavam no potencial dessas e faziam de tudo para que esses mangás continuassem tendo um grandíssimo destaque na revista. Os mangás seguintes podiam vender bem e até ter um bom potencial, contudo os editores preferiam não dar tanta atenção, pois, teoricamente tinham menos chances de explodir em sucesso que as sete primeiras ou mesmo já tinha tido seu anime lançado e já não tinham mais possibilidade de se tornar um sucesso (como é no caso de Hoshin Engi e JoJo, mesmo que esse último depois de muitos anos voltou a ter um aumento milagroso de popularidade). Shaman King (média de 11.5) e Whistle (média de 12.7) são dois grandes exemplos de séries que estrearam no mesmo período que essas sete primeiras, ainda não tinham ganho anime, mas em nenhum momento tinham o mesmo apoio editorial, e por mais que não corriam risco de ser cancelados, não eram colocados como futuras séries que poderiam se tornar um pilar. A verdade é que qualquer uma dessas sete primeiras (talvez menos Rising Impact) eram ou tinham uma alta possibilidade de se tornar um pilar da revista.
O décimo mangá com melhor média nesse período foi “Hoshin Engi” (média de 12.9), que essa semana anunciou um novo anime (quase 17 anos após seu encerramento) e por alguns meses, quando a revista passa pela crise criativa de 1996 e 1997, o mangá se tornou um pilar da revista, e teve um bom tratamento por parte dos editores – seu anime de sucesso foi de grande ajuda -, contudo com a chegada de “ONE PIECE” e “Hunter x Hunter” a série deixou de ser pilar, e com outras obras promissoras estreando, pouco a pouco “Hoshin Engi” foi colocado na zona intermediária. Além disso, os editores tinham outro motivo para não apostar na série, estava se encerrando naturalmente e pouco tempo de vida, mas sobre isso comentarei em breve. Logo após tivemos “Bremen” (média de 13.0) que continuava na corda bamba, mas conseguia sobreviver, “Kochikame” (média de 13.4), “Normandy Secret Club” (média de 15.5) que tinha tudo para ser cancelado na próxima leva, mas vários fatores levaram os editores a salvarem a obra, mesmo vendendo mal e tendo uma popularidade medíocre para ruim. E nas últimas duas colocações tivemos “JoJo” (média de 16.2) e “Rookies “(média 16.5) que foram duas séries que não corriam risco de serem canceladas, mas pelos editores não saberem quem colocar nas últimas colocações, amarguraram péssimas colocações nesse período, principalmente “Rookies” que ficou em último três vezes.
Após um período no qual os editores adotaram uma organização da revista bem “segura”, destacando as séries que já estavam destacando, e gerindo as quatro novas séries, decidiram que era o momento de estrear mais uma leva. E podemos considerar essa nova leva relativamente polêmica, não por causa dos mangás que estrearam, mas sim por aqueles que acabaram sendo cancelados. Os editores tinham a disposição duas séries para serem encerrada: “Hoshin Engi” que acabaria naturalmente (e tudo indica que a nova leva demorou tanto para chegar por causa do encerramento dessa série) e “Normandy Secret Club” que tinha uma popularidade medíocre poderia ser cancelado sem que fizesse alguma falta na revista. Se fosse necessário poderia cancelar precocemente uma das quatro novas séries ou mesmo cancelar “Bremen”, que podemos dizer que se encontrava na mesma situação que “Hinomaru Zumou”, só que sem o grandíssimo apoio editorial (por isso, vendia abaixo do esperado, mas tinha um apoio interno da revista). Contudo, após uma leva de quatro mangás, sendo que dois parecem ter dado certo, era desnecessário estrear três obras, podiam atrasar o lançamento de uma para o início de 2001 (já que a primeira leva do ano teve somente uma série).
Mesmo com essas opções claras, os editores decidiram cancelar precocemente duas das quatro novas séries. Os dois mangás de esporte acabaram dançando: A série de “Kaiser Spike” (2 Volumes, 2000) que acabou tendo somente 13 capítulos lançados, e a série de corrida “Rocket de Tsukinukero!” (1 Volume, 2000) que deu uma de “Tokyo Wonder Boys” abandonou a revista com apenas 10 capítulos. Pelo que tudo indica a recepção dessas duas novas séries foi realmente muito baixa, e mesmo o público não odiando, simplesmente ninguém se importava tanto com a presença delas na revista, se tornando assim um cancelamento “fácil”, entretanto, um cancelamento precoce é sempre muito mal aceito pelo público que mesmo não lendo mais a série, defende que cada autor tenha o tempo suficiente para desenvolver minimante uma série. E levando em consideração que os editores tinham outras opções disponíveis ao invés de cancelar precocemente duas séries, deixou muitos outros leitores bem irritados. Quem acabou comemorando com essa decisão foi principalmente o autor de “Normandy Secret Club”, que conseguiu sobreviver por um pouco (nunca subestimar o efeito “Normandy”, que expliquei na análise passada).
O outro mangá que acabou “dançando” nessa leva, não foi de nenhum modo cancelado. “Hoshin Engi” (23 Volumes, 1996-2000) chegou na edição #47 e encerrou naturalmente suas atividades, entregando aos leitores um final satisfatória e redondo. A série chegou a ser considerada o terceiro pilar da revista no ano de 1997, antes da estreia de “ONE PIECE” e teve um anime com um bom sucesso em 1999, que infelizmente não foi o suficiente para fazer a série retornar a ter um grandíssimo destaque pelos editores, mas pelo menos a ajudou a ter vendas e popularidade estáveis (que não serviram para tanto, já que teve um final natural um ano depois). “Hoshin Engi” entra naquela categoria de série que são esquecidas pelo tempo, principalmente por não ser muito lida ou assistida pela geração seguinte (mais ou menos o que estamos vendo acontecer com “D.Gray-Man”), mas que em seu período conseguiu uma popularidade alta o suficiente ao ponto de marcar muitos leitores (muito parecido com a popularidade que “Shokugeki no Souma” alcançou). É justamente por ter marcado várias pessoas no seu período e por ter uma história interessante e cativante, que a série receberá um novo anime, que deve adaptar a série do seu início. Quem sabe, com esse anime “Hoshin Engi” não consiga entrar no “hall” das séries lendárias que são lembradas por décadas.
De qualquer modo, mesmo os editores podendo ter organizado melhor essa leva de cancelamentos e de estreias, não podemos negar que os três mangás que foram escolhidos para estrear tinham um grande potencial. O primeiro, que estreou na edição #47, foi “Junjou Pine” de Namie Odama. autora que tinha ganho a “Akatsuka Awards” (a atual Golden Future Cup) e tinha um grandíssimo número de leitores esperando sua estreia na revista – a história podia parecer louca, mas como os japoneses gostam de humor sem sentido e o One Shot realmente tinha sido bem recepcionada valia a pena apostar: “Junjou Pine” contava a história de dois estudantes (um que se transformou em um super abacaxi ambulante) que lutam contra aliens que querem dominar a terra. Pode parecer uma ideia terrível, e realmente acabou não sendo muito bem aceita (sendo assim cancelado alguns meses depois), contudo os editores realmente acreditavam na possibilidade desse mangá se tornar uma outra comédia de extremo sucesso, como foi “Jaguar”.
A segunda série a estréia nessa leva foi um mangá que os editores estavam apostando alto, de uma autora que vem explodir nos mangás algum período depois da estréia da sua primeira série na WSJ. Estamos falando de “Lilim Kiss” de Mizuki Kawashita, autora que lançou “Ichigo 100%”. “Lilim Kiss” conta de um succubus que sobrevive drenando as vidas das suas vidas, até o dia que conhece um garoto que tem uma vida tão “saborosa” que a deixa “louca”. A história não foi muito longe, pois não acabou agradando os japoneses, contudo, podemos dizer que “Lilim Kiss” serviu para o autor pegar experiência com o gênero, que no caso é comédia romântica com uma dosagem altíssima de “ecchi” – Lembrando que essa foi a primeira série da autora na revista WSJ, mas não no mercado de mangás, ela já havia lançado dois fracassos em revistas de mangás para o público feminino. Além disso, mesmo a série acabando sendo cancelada, não podemos considerar um fracasso completo na questão “longo prazo” – por causa do sucesso da série sucessa da autora, muitas pessoas decidiram dar uma chance a Lilim Kiss, e o número de admiradores aumentou relativamente.
O último mangá a estrear foi “Bakabakashino!”, a última série de Hiroshi Gamô na revista (autor que explodiu no mundo dos mangás com a série Tottemo!! Luckyman) – logicamente existe boatos que o autor mudou de nome para Tsugumi Ohba, roteirista de “Death Note”, “Bakuman” e “Platinum End”, contudo são somente boatos, com nenhuma prova concreta, por isso, oficialmente, essa foi a última série do autor. “Bakbakashino!” é uma comédia sobre um garoto que se torna rei de um reino imaginário, no qual acontece muitas coisas estranhas. Essa era uma das apostas mais seguras para esta nova leva, principalmente se levarmos em consideração a experiência que Hiroshi com séries de comédia, contudo, “Bakabakashino” acabou dando errado, e teve uma péssima recepção com o público, que considerou a obra muito, mas muito sem graça e com piadas forçadas. Com esses três mangás não dando certo, a última leva do ano 2000 acabou sendo um fracasso total e todas as séries acabaram sendo canceladas com pouquíssimos capítulos, contudo, o encerramento desses três mangás só iremos comentar na primeira parte do ano 2001.
Com certeza o ano de 2000 não foi um dos melhores para a revista no quesito nova séries, o número grande de fracassos comprova isto, contudo, não podemos esquecer que um dos principais motivos pelo qual a revista teve tão poucos sucessos nesse período, é justamente a quantidade enorme de novos mangás que vingaram entre o ano de 1997 e 1999. A revista simplesmente estava “inchada” de séries que não podiam ser canceladas – e mesmo não tendo tantos novatos assim, o ano de 2000 acabou sendo muito lucrativo, pois serviu para a estabilização das séries que estrearam nos anos anteriores: Os editores deram destaque enormes para: Hikaru no Go, Tennis no Oujisama e Naruto, por exemplo – todos esses mangás foram lançados em 1999. Os três novatos que podemos dizer que os editores tinham mais esperança que se tornassem grandes sucessos mundiais, e não podemos dizer que estavam errados. Outro mangá de 1999 que teve um bom tratamento, mesmo que inicialmente os editores não queriam apostar, foi Rising Impact, que teve seu relançamento em meados de 1999 e estava agradando bastante o público.
Algumas outras séries novatas também acabaram sendo bem estabilizadas, os “sucessos” dos anos 1998, como Rookies, Shaman King e Whistle! podiam estar constantemente entre os últimos, mas não corriam nenhum risco de serem canceladas e estavam estáveis na revista. Ao mesmo tempo trabalharam na estabilização de séries veteranas: ONE PIECE e Hunter x Hunter que tinham ganho anime no mesmo período (final de 1999), e estavam com uma popularidade altíssima, ao ponto de se tornarem pilares. O mesmo vale para Yu-Gi-Oh que simplesmente confirmou sua colocação de pilar com o sucesso gigantesco que seu novo anime teve nos anos 2000. Logicamente essas obras não se tornaram pilares somente por causa do anime, mas as suas adaptações televisivas foram de extrema para a estabilização dessas obras nos anos 2000. Por fim tivemos no meio de tantos mangás veteranos, três séries que conseguiram sobreviver: Bremen e Normandy, que infelizmente não vão durar muito tempo, Black Cat que foi um sucesso mediano para bom e Jaguar que realmente foi um grandíssimo sucesso.
Deste modo podemos considerar esse um ano com um grandíssimo deserto creativo em relação a novas séries, contudo, muito importante para a estabilização das séries que estrearam nos últimos três anos da revista. Para encerrar, depois com vocês a média de posições de todas as séries com um mínimo sucesso na revista em 2000:
II’s: 15.7 (Cancelado na Edição #24)