O Novo Pilar?
Escrito por Leonardo Nicolin.
Como eu havia prometido, trago de volta para vocês análises mais “profundas” sobre temas e situações que merecem ser discutidas isoladamente, (dentro da coluna, já conhecida pelo público antigo: “Reflexões Semanais”). e nada melhor do que aproveitar as novas notícias da edição #27 da Weekly Shonen Jump, para “deduzir” quanto sucesso fará o anime, e também quanto o mangá pode ganhar com essa adaptação. Lembrando, que são deduções baseadas nos dados divulgadas até o momento, por isso, a minha visão como a minha própria previsão podem acabar se modificando nas próximas semanas.
Já fazem anos que analiso a Weekly Shonen Jump, e se teve um mangá que conseguiu remar contra a maré e todo o ódio que rondeava a sua serialização foi justamente Black Clover. A série estreou desacreditada e com muitas pessoas odiando os primeiros capítulos, considerando a obra clichê e nem um pouco original (elemento que critiquei inicialmente), mas ao mesmo tempo, o autor já tinha um bom grupo de seguidores por causa de “Hungry Joker”, e ao mesmo tempo conseguiu agradar muitos com sua simplicidade, conseguindo assim sobreviver na revista e se tornando um dos mangás mais promissores da revista nos últimos três anos. Podemos dizer que Black Clover é uma obra baseada em “dualidades”, tanto no seu roteiro quanto no seu desempenho, contudo, o estúdio que irá produzir o anime deve tentar agradar quanto mais pessoas possíveis, para assim maximizar seus lucros.
Deste modo, o primeiro trabalho que a Pierrot terá que realizar será justamente transformar os primeiros capítulos em um produto mais interessante, e que de algum modo, desperte menos comentários negativos. A Pierrot é um estúdio experiente, que já produziu muitos animes de sucesso, tendo como principais destaques justamente aqueles que vieram da WSJ, como é o caso de: Naruto, BLEACH, Hikaru no Go, Midori no Makibao, Beelzebub, e outras séries (e também conseguiram popularizar séries de outras revistas, como é o caso de Tokyo Ghoul e Tegami Bachi). Em contraposição a grande experiência do estúdio, temos um elemento em comum das suas adaptações que não agradam grande parte dos admiradores da obra original: Grandes modificações e Fillers.
A Pierrot é conhecido no meio do mundo “dos mangás” justamente por modificarem e encherem suas séries de produtos originais, estratégia que acaba sendo acertada com muitas séries, já que o estúdio consegue transformar suas séries em sucessos comerciais e ao mesmo tempo, aumentar as vendas dos volumes do mangà. Sejamos sinceros, mesmo tendo uma qualidade contestável, Tokyo Ghoul, por exemplo, se tornou um grande sucesso comercial e quadruplicou a sua popularidade, enquanto Naruto, mesmo tendo muitos “fillers” que os leitores do mangá odiavam, a série conseguia manter sua audiência alta por anos, e ainda por cima conseguiu construir um legado gigantesco. Por isso, o que quero dizer? A Pierrot pode ser o estúdio ideal para a situação de Black Clover, pois, adaptando a sua experiência, pode conseguir assim atrair várias pessoas que não conheciam a obra, e quem sabe, também não consiga recuperar aquele grupo de leitores que se negam a ler o mangá, por não terem gostado dos primeiros capítulos.
É muito importante também levar em consideração qual será o público alvo da Pierrot: Como em novembro foi lançado um OVA, que teve uma boa recepção pelo público que frequentou a “Jump Fiesta”, os editores da WSJ devem ter recolhido informações sobre o que o público espera de Black Clover, e no que eles acreditam que pode melhorar (se baseando no conteúdo da OVA), e devem ter passado essas informações para a Pierrot, que tentará utilizar-la para “guiar” a equipe responsável pela produção. Como já comentei, a Pierrot gosta de transformar suas séries em sucessos comerciais, por isso que alcance várias mídias diferentes, e principalmente, o público infantil. Por isso, podemos esperar que o estúdio utilize toda o seu conhecimento na área e os dados recolhidos sobre a opinião do público sobre a OVA e a obra, para criar um produto comercialmente viável.
Entretanto, para dizermos que a Pierrot será realmente capaz de transformar Black Clover em uma série com um grande número de feedback positivo, temos que analisar o “staff” por trás da produção do anime: e nessa última edição da revista (que irei analisar amanhã), tivemos o anúncio do “personal” por trás da produção de cada capítulo: o diretor será Tatsuya Yoshihara, que parece ser um diretor promissor, mas muito inexperiente – produziu somente uma série de “ação shonen” (de péssima qualidade), e tem muito mais familiaridade em desenvolver personagens femininas que masculinos, já que todas suas obras foram centradas em personagens de sexo feminino. Mesmo assim acredito que veremos a contratação do diretor sendo justificada já nos primeiros três episódios: A Pierrot não aceitaria um diretor inexperiente, que nunca trabalhou no estúdio, sem uma boa razão (o mesmo vale para o grupo editorial da WSJ, já que o diretor nunca trabalhou com nenhuma obra da revista). Pelo menos temos uma certeza, a cota “ecchi”, o diretor saberá suprimir.
Tirando o “roteirista chefe”, os demais membros também são inexperientes, contudo, já trabalharam com o estúdio e mostraram um bom trabalho, por exemplo, o compositor musical fez um ótimo trabalho com a segunda temporada de Kingdom, enquanto o designer de personagens, Itsuko Takeda também se demonstrou muito competente em atualizar o traço de Togashi aos padrões atuais, na adaptação de Level E (também lançado pela Pierrot). Inclusive, levando em conta as imagens divulgadas de Black Clover nessa semana, acredito que um dos pontos fortes do anime será justamente o design de personagens. Itsuko Takeda conseguiu entregar um traço muito convincente aos dois “protagonistas” da história, principalmente a Asta que parece mais maduro e condicente a sua atitude.
Para encerrar, talvez o que mais chama atenção no “staff” seja justamente o “roteirista chefe” (que não é aquele que escreve o roteiro, mas que dita o ritmo e o rumo que os episódios irão tomar), que tem uma grandíssima experiência com vários animes diversificados, com destaque a Hajime no Ippo Rising, além de ter escrito episódios de séries como: Sket Dance (que me fez pensar que Asta parece um pouco com Bossun, é o mesmo cabelo), BLEACH e JoJo’s. Com tamanha experiência em séries de ação, e ao mesmo tempo, tendo já uma boa relação com o diretor (já que trabalharam juntos em duas dos quatro animes do diretor), aliás, os animes que eles trabalharam juntos não tinham um grande orçamento, por isso, a qualidade era bem ruim, por isso podemos dizer que estarem acostumados a tirar leite de pedra em animações de baixo orçamento (Pierrot pode ser famosa, mas quase todos os seus animes tem uma qualidade de animação bem baixa). Vendo a experiência e comprovado talento de Kazuyuki Fudeyasu, acredito ele será o elemento principal do “staff” para um possível sucesso do anime.
Mesmo assim, todos esses elementos que podemos considerar positivos para a série podem se tornar extremamente negativos: A inexperiência da equipe, pode ofuscar o talento de cada membro, resultando assim em uma série de péssima qualidade. As mudanças que a Pierrot poderá realizar pode também acabar eliminando os elementos positivos dos primeiros capítulos dos mangás ou até transformando o anime em um produto ainda mais genérico e clichê (já que a Pierrot vai tentar adequar Black Clover aos padrões japoneses), e ainda por cima, o começo “polêmico” do mangá, pode fazer com que os poucos que decidam dar uma chance a obra, acabem desistindo imediatamente e simplesmente abandonando de uma vez por todas a franquia. Com o número grande de “haters” que a série tem, um tropeço como esse (ou até menor, caso a Pierrot entregue um produto mediocre, como Sousei no Onmyouji), praticamente prejudicaria a popularidade do mangá para sempre: já que as vozes que a série é ruim só irão aumentar, e muitos outros leitores irão se afastar da obra, enquanto outros irão criticar só por “modinha”.
Pelo menos, essa situação, mesmo sendo “catastrófica”, não acabaria enterrando de uma vez por todas a obra, que vende bem (mesmo não sendo um monstro de vendas) e por isso, mesmo com um anime fracassando, poderá manter suas vendas na média das 230 mil cópias.
Mas, caso o anime faça sucesso, e todos os elementos citados previamente resultem em um aumento de popularidade, como o mangá poderá sair ganhando? Seja a adaptação igual ou não, ao mangá, se muitas pessoas gostarem do anime, de certo irão procurar o produto original para saber como é, como aconteceu com Tokyo Ghoul, e deste modo veríamos um aumento em vendas, que pode ser baixo ( menos de 70 mil cópias) médio (70 a 150 mil cópias), alto (150 à 230 mil cópias) ou até mesmo altíssimo (230 à 320 mil cópias) – tem a opção do boost monstruoso, que seria acima de 350 mil, que faria a obrar vender mais de 600 mil cópias por volume. Um aumento de vendas de ao menos 150 mil cópias, faria que Black Clover garantisse na WSJ ao menos mais quatro anos de vida, o que acredito que para os leitores seria uma grande benção. Um aumento acima de 350 mil cópias, que é uma taxa muito difícil de ser alcançada, a deixaria no mesmo patamar de Boku no Hero Academia atualmente, e sim, nesse caso a série pode começar a pensar em se tornar um pilar.
Sendo realista, e fazendo uma dedução baseado nos elementos apresentados previamente, tudo indica que a Pierrot entregará uma adaptação com uma qualidade modesta, utilizando um budget de produção baixo (que de certo modo é refletido no próprio “staff”), mas apostando bastante tanto na publicidade quanto no apelo infantil da obra. A equipe parece bem talentosa, com destaque para o designer de personagens e para o “roteirista chefe / “Compositor” do anime, mas também demonstra ser bem inexperiente, e sem uma boa supervisão da Pierrot, pode resultar em uma série cheia de defeitos. Por fim, será muito complicado vemos Black Clover se tornando um pilar, as possibilidades são muito baixas, pois suas vendas devem aumentar muito, mas mesmo assim as chances não são nulas. O objetivo que a WSJ quer com esse anime é bem óbvio, e acredito que os seguidores da série devem torcer para esse objetivo, não esperando resultados grandiosos da adaptação. Objetivo é: aumentar as vendas da série o suficiente para criar uma estabilidade de longo prazo do mangá na revista, deste modo, um aumento de 150 a 200 mil cópias por volume, com um anime tendo boas vendas no DVD-Blu-Ray, ao ponto de garantir ao menos uma segunda temporada. A temporada deve ser lançada nesse Outubro, ou em Janeiro de 2018.