Fenômeno “Norman”.
Artigo de Leonardo Nicolin.
“A mais pedida” está de volta ao Analyse It. Trago à vocês, a análise do ano 2000 da Weekly Shōnen Jump – a análise seguirá o mesmo esquema que as anteriores, no qual dividirei a análise em vários tópicos, todos relatando um evento ou momento importante para a revista – por isso comentarei todas as estreias, cancelamentos, encerramentos naturais, aumento de popularidade, e muitos outros pontos, que servirão para trazer uma noção quase completa do que foi esse ano. Eu recomendo antes de começar a ler essa análise, dar uma olhada nas análises dos anos anteriores, no caso, o ano 1997, 1998 e 1999. Três anos que foram extremamente importantes pela supremacia da revista nos anos 2000, e que revelaram várias séries importantes, com destaque para; One Piece, Hunter x Hunter e Naruto.
O ano de 2000 começou com uma grandíssima expectativa; não por ser o último ano do século vinte ou por termos sobrevivido pelo fim do mundo cristão programado para o primeiro dia de 2000, mas sim, porque a revista vinha de vários sucessos: A Shounen Jump finalmente estava de volta aos principais holofotes do Japão. Os animes de Hunter x Hunter e ONE PIECE, lançados no meados do segundo semestre de 1999, havia atraído um público enorme para a revista. Além disso, novas séries que ainda não tinham ganhado anime também estavam atraindo os leitores: os novatos lançados em 1998 Rookies e Whistle! estavam atraindo os simpatizantes de esportes coletivos, e vários novatos espetaculares, lançados em 1999, despertaram um grande interesso dos jovens pela revista: Para quem gostava de esportes individuais tínhamos Rising Impact (a republicação já entra no ano de 1999) e Tennis no Oujisama. Para quem estava procurando um esporte ou mesmo um mangá mais “mental”, tínhamos Hikaru no Go, e para quem gostava de um bom B-Shoune (Battle Shounen), estreou no segundo semestre de 1999, o mangá que viria se tornar um verdadeiro clássico: Naruto.
Eram muitos mangás bons na revista no início de 2000, para vocês verem, em ordem de lançamento, essas eram as séries que componiam a revista: KochiKame, Hoshin Engi, Yu-Gi-Oh, Hanasaka Tenshi Tenten-Kun, I”S, Seikimatsu Leader-den Takeshi!, ONE PIECE, ROOKIES, Whistle!, HUNTER X HUNTER, Rising Impact, Hikaru no Go, Tennis Ouji-Sama, Zombie Powder, NARUTO, Romancers.
Deste modo, os leitores estavam vendo na revista um grupo gigantesco de séries frescas de altíssima qualidade, e esperavam que esse novo ano também trouxesse mais novas séries boas: o problema é somente um: – Quem muito espera, todo ganho parecerá pouco -. Tivemos boas séries estreando nesse ano, mas nenhuma delas chegou aos pés da maioria dos sucessos que tivemos nos três anos anteriores (se não considerarmos a sexta parte de “JoJo” como uma nova série). Mesmo esse ano não tendo grandes novos sucessos, não podemos dizer de nenhum modo que os editores saíram insatisfeitos, muito pelo contrário, a solidificação das séries lançadas em 1999, principalmente o aumento exponencial da popularidade de Naruto, foi o principal fruto do ano de 2000, Por isso, vamos começar a analisar esse período, pelo primeiro grande evento do ano: o retorno de Jojo e a estréia de Bremen.
Nas últimas duas edições de 1999, os editores decidiram cancelar duas obras: “Survibee” (3 Volumes, 1999), série do autor veterano Tsunomaru, que havia lançado a série de sucesso “Midori no Makibao” (16 Volumes, 1994-1998), mas acabou não acertando a mão nessa nova série – mesmo apostando no gênero que o consagrou, no caso, a comédia para crianças (com várias piadas também para adultos) -. A outra série que acabou sendo cancelada foi “Meiryotei Gotoseijuro” (10 Volumes, 1997-1999) de Hajime Kazu. Como vocês puderam acompanhar nas análises anteriores, a passagem de Gotoseijuro pela revista foi muito conturbada, pois, mesmo que não tenha se tornado um grande sucesso, conseguiu sobreviver por dois anos, tendo assim no total dez volumes. Após várias sobreviver por um triz, a série acabou sendo cancelada pelos editores.
Os dois mangás que ocuparam essas duas vagas foram duas apostas seguríssimas. A primeira era o retorno de “JoJo” para a revista. Após ser encerrada a sua quinta parte, Hirohiko Araki decidiu dar uma pequena pausa na série, e usou esses meses de “hiatos” para idealizar a sexta parte e também descansar. Assim, na primeira edição do ano 2000, o mangaká voltou a dar as caras na revista, trazendo a sexta parte da série que o levou ao sucesso mundial. Para quem não sabe, antes do encerramento da quinta parte, “JoJo” tinha um papel muito parecido com o de “BLEACH” na revista – restava sempre nas posições inferiores, mas em nenhum momento corria risco de ser cancelado, pois, era muito bem aceito pelos leitores e tinha todo o apoio editorial. Quando lançaram essa sexta parte, os editores se viram com a necessidade de dar um grande destaque à esse “recomeço” da série, deste modo, nas primeiras sete semanas vimos o mangá conquistando boas colocações, estando sempre nos dez primeiros colocados (utilizando o ranking japonês), por isso, na primeira metade da revista. Essa fase foi encerrada com uma bela página colorida de abertura no seu sétimo capítulo (nesse ano foi muito comum um mangá receber capa, e um outro ser a página colorida de abertura).
A segunda fase da série nesse ano, podemos chamar-la de “intermédio”. Os editores, após entregarem uma grande publicidade, atraindo assim novos leitores (e os antigos leitores do mangá) para a revista, os editores se sentiram mais confortáveis em deixar a série na zona intermediária, variando entre a décima e a décima quinta colocação – tendo alguns picos em colocações altas, como na edição #12, #17 e #25 – aliás, nessa última edição o mangá recebeu a posição mais alta da sua fase intermediária (uma sexta colocação, que na interpretação ocidental da TOC seria um TOP 5), e marcou o fim da era intermediária. A partir da edição #26 os editores voltaram a classificar a série nas posições de costume, por isso, nas últimas colocações da revista – provavelmente não foi uma simples coincidência, a série alcançar seu pico de posição quando estava preste a mudar de status. Tudo indica que era um modo de destacar a série pela última vez – O retorno de “JoJo” acabou sendo uma decisão acertada e muito segura, pois acabou enriquecendo ainda mais a “line-up” da revista que já era muito rica – a média de posição na TOC da série no ano 2000 foi de “12.7”, utilizando o sistema japonês, no qual todos os mangás são válidos.
A nova série que acompanhou “JoJo” nessa leva de dois mangás, foi “Bremen”, do autor veterano Haruto Umezawa, desenhista e escritor de “Hareluya II Boy” (33 Volumes, 1992-1999), série de grandíssimo sucesso que contava a história de um jovem “punk” que tinha como objetivo dominar as estradas japonesas através da violência. A nova série do autor, também passava uma sensação de “dominação”, mas no caso, o objetivo era dominar o ambiente musical. A série conta a história de um uma banda punk que são simplesmente monstros do rock, e ao mesmo tempo que tentam alcançar o sucesso mundial através da sua música “revolucionária”, se metem em vários problemas e crises existenciais. “Bremen”, mesmo tendo uma temática central diferente, mantinha muitos elementos da sua obra anterior: os personagens principais eram “punks”, viviam em um ambiente underdground e violento, e no meio de tantos problemas, os personagens principais sempre descobrem o verdadeiro valor da amizade e companheirismo.
Deste modo, por tantos pontos em comum com a obra anterior, o autor acabou dividindo opiniões; parte do público gostou de ver o autor retornando a revista com um produto parecido, outros não gostaram da ideia, esses mesmos acabaram também não se simpatizando tanto assim com os novos personagens, e como consideraram a nova série “pior” que a anterior. Por causa dessa polarização, e das grandes críticas, os editores inicialmente planejavam cancelar a série tendo apenas dois volumes (isso se pode notar pelas suas péssimas colocações assim que foi lançado a segunda leva, nas edições #12 e #13), contudo, a aprovação de alguns leitores, a confiança no autor veterano, deve ter levado o grupo editorial a mudar, e mesmo não apoiando realmente a série (já que continuavam a classifica-la nas últimas colocações, tendo constantes picos nas zonas intermediárias), “Bremen” conseguiu estender o seu tempo de vida na revista. Assim, mesmo que nós não possamos considerar essa leva um grande sucesso (por ter um mangá já bem estabelecida e um sucesso mediano), também não podemos dizer que a primeira leva de 2000 foi um fracasso.
A primeira parte desse ano eu considerei o intervalo da edição #1 até a #11, que vai da estréia da sexta parte de “JoJo” à quando estreia a segunda leva. E como eu já havia dito, tanto “One Piece” quanto “Hunter x Hunter” (média de posição na TOC de 5.8, tendo uma ausência) tinham acabado de receber uma versão televisiva (anime), por isso essas duas séries no início de 2000 tinham um grandíssimo apoio editorial (não é que já não tinham antes, mas com o anime aumentou), e por isso suas médias na TOC foram simplesmente incrível – na verdade no caso da série dos piratas, a sua média de posição já era bem parecida com a atual em 1998, porém, com o anime os editores tiveram mais uma razão para manter a série quase sempre na primeira colocação*. Deste modo “ONE PIECE” se firmou de uma vez por todas como o rei soberano da revista, e nas nove primeiras edições, teve sete primeiro lugares, e uma INACREDITÁVEL média de posição de 2.0 (levando em conta o ranking japonês, que a primeira colocação nossa, equivale sempre a segunda colocação deles). A primeira derrota do ano veio na edição dupla #03-04 (a imagem acima) no qual a série ganhou página colorida de abertura – o primeiro lugar ficou com “Seikimatsu Leader-den Takeshi!” – E a segunda vez foi quando a série levou uma pequena rasteira de “Hikaru no Go”, que roubou sua primeira colocação.
Aliás, “Hikaru no Go” (média de 4.7) foi a segunda série com a melhor média de posições na primeira parte do ano, mostrando que os editores estavam dando um grandíssimo apoio para o mangá. O motivo pelo qual a série recebia tanto apoio é bem lógico, a série era amada pelos leitores da revista, inclusive, mesmo não tendo dados exatos das vendas das séries naquela época, tudo indica que em 2000, o mangá era mais popular que “Tennis no Oujisama” (média de 6.4) e “Naruto” (média de 7.7). Portanto, entre os mangás que ainda não tinham recebida uma versão em anime, “Hikaru no GO” era aquele que tinha o maior apoio dos editores. Do mesmo modo que outras séries na revista, mesmo que em menor escalada, também tinham um grande apoio editorial: “Yu-Gi-Oh” (média de 6.7). que podíamos considerar um pilar juntamente a “Hunter x Hunter” e “ONE PIECE”, principalmente por ter um anime de grande sucesso e cartas que vendiam muito. “Seikimatsu Leader-den Takeshi!” (média de 5.4) que mesmo sendo da idade de “ONE PIECE”, por ser uma comédia “simples” ainda não tinha recebido anime, mas sua popularidade e apoio editorial era gigantesca, e era considerado o “pilar” das comédias.
Por fim, tínhamos também algumas séries que se encontram estáveis na revista, mas não tinham um grandíssimo apoio editorial, e nessa primeira parte do ano, ficaram surfando nas zonas intermediárias: “Shaman King” (média de 10.1), que tinha vendas boas, mas nada de espetacular, por isso os editores preferiam dar um apoio mais “modesto”, porém efetivo. O novato “Rising Impact” (média de 12), que após toda sua polêmica no decorrer do ano passado (lendo a análise do ano de 1999, vocês entenderão), conseguiu se estabilizar, e pouco a pouco estava aumentando suas vendas e ganhando espaço na revista. “Hoshin Engi” (média de 11.5 e uma ausência), que já tinha sido um pilar da revista, e atualmente se encontrava nas zonas intermediárias, com boas vendas e uma boa popularidade – a série também se encontrava em sua reta final -. E por fim, os dois mangás de esporte, “ROOKIES” (média de 14.3) e “Whistle!” (média de 14.8) que chegavam a pegar posições ruins, por exemplo “Rookies” ficou duas vezes nas últimas colocações, mas mesmo assim essas duas séries se encontravam muito segura nas revista. O motivo pelo qual essas duas séries eram “mal” classificadas, para mim, resta um mistério, mas enquanto “Whistle!” tinha vendas medianas, “ROOKIES” era muito popular e tinha ótimas vendas, talvez sua temática mais “delinquencial” deixava os editores mais cuidadosos em relação a série.
*Sempre que dizer primeira colocação, seria referente a segunda colocação no Ranking Japonês, já que o primeiro colocado no ranking japonês é o mangá que recebe página colorida de abertura.
**A média de posições na TOC citadas ao lado do nome das séries é referente da edição #01 até a edição #11. Lembrando que cada edição tinha em média 19 séries.
Em Fevereiro (lembrando que o ano editorial da Jump começa em Dezembro e vai até Novembro do ano seguinte), os editores decidiram lançar uma segunda leva. O número de mangás dando certo e com boa popularidade, deixou os editores receosos em lançar uma nova leva, mas é importante sempre estar lançando novas séries. Os mangás que poderiam ser cancelados eram três: I”S, que vinha tendo uma grande queda de popularidade e não tinha previsão de ter um anime. E os novatos “Zombie Powder” e “Romancers”. Esses dois últimos foram os escolhidos para deixar a revista. “Zombie Powder.” (4 volumes, 1999-2000) do autor novato Tite Kubo (que retornará a revista com a série BLEACH), tinha até um pequeno apoio editorial, inclusive, tinha sobrevivido à uma leva de cancelamento, contudo, como os editores precisavam cancelar duas séries, e “Zombie Powder” tinha vendas bem baixas, decidiram corretamente encerrar-lo. O outro mangá que acabou sendo cancelado foi “Romancers” (3 volumes, 1999-2000) do autor de “Wild Half” (17 Volumes, 1996-1998), Yuuki Asami. O mangá foi lançado na mesma leva que “Naruto”, e desde o início não foi muito bem aceito pelos leitores da revista, por isso, o seu cancelamento foi mais do que natural. Infelizmente. após esse fracasso, o autor não lançou mais nenhuma série.
O primeiro mangá que estreou no lugar de “Zombie Powder.” e “Romancers” foi “Tsurikkīzu Pintarō” da dupla Makura Shō e Takeshi Okano, que juntos já haviam criado o sucesso “Jigoku Sensei Nūbē” (31 Volumes, 1993-1999). Deste modo, é mais do que óbvio que os editores acreditavam bastante no potencial da nova série, e vimos isso sendo refletido nas suas primeiras colocações na TOC, os editores em quase todas as semanas deixaram a série acima do seu companheiro de leva; “Sanjuushi”, e sua média de posição era superior a aquelas entregues as séries novatas. Contudo, mesmo tendo por trás dois autores amados pelo público, a recepção da série acabou sendo negativa, e tanto os leitores quanto a crítica especializada criticando durante a série.
Inicialmente a sua premissa única atraiu a curiosidade de muitos leitores; para quem não sabe, “Tsurikkizu Pintarou” conta a história de um garoto que é um ótimo pescador, e junto com sua “companhia de amigos”, vai em busca de uma “isca” preciosa e lendária, que um ladrão roubou da sua vila. A história une vários elementos que na época fazia sucesso: uma comédia leve, com personagens principais divertidos e alegres, uma boa quantidade de “ecchi”, e uma aventura no qual os personagens passavam por várias localidades e encontravam vários elementos (normalmente de pesca), diferenciados. Porém, esses elementos não foram tão bem desenvolvidos no “parecer” do público que acompanha a revista, e por mais que o humor tenha sido aprovado pelos leitores da revista, a narrativa da série, o protagonista genérico, e os acontecimentos desinteressantes, acabaram transformando “Tsurikkizu Pintarou” em um grande fracasso.
O segundo mangá a estrear foi justamente “Sanjūshi”, do autor inexperiente Kanako Tanaka, que havia lançado no ano anterior uma série intitulada de “Shinkaigyo” (1 Volume, 1999) – série que acabou sendo cancelada com apenas 10 capítulos. O novo mangá do autor tentou manter o mesmo estilo do seu antecessor, melhorando e alterando alguns elementos. Nesta obra o protagonista não tinha mais um poder ridículo, a série era ambientada em um mundo fantasioso, que lembrava de certo modo, o faroeste, e o romance da história (entre o protagonista e a garota que veio pedir a sua ajuda e sua proteção) também teve uma atenção maior por parte do autor, contudo, mesmo assim, “Sanjuushi” acabou não sendo muito bem recepcionado pelo público da revista, deste modo o seu cancelamento era só uma questão de tempo.
Deste modo, a segunda leva do ano “2000” acabou sendo um grande fracasso, e mesmo “Sanjuushi” sendo praticamente um lançamento feito para ser cancelado, a má recepção de “Tsurikkizu Pintarou” acabou pegando o grupo editorial de surpresa. Ao mesmo tempo que essas duas séries estavam indo mal, os editores já começavam a preparar a revista para as próximas levas que iriam estrear ao longo do ano. Os mangás que se encontravam na “berlinda” eram: “Bremen” (média de 14), que tinha tido uma recepção relativamente fraca e caso não melhorasse, os editores não viam motivo para manter-lo na revista. “Hanasaka Tenshi Tenten-kun” (média de 14.6), que já tinha sido um grande sucesso, entretanto, em 1999 vinha tendo uma queda de popularidade, que se intensificou no início dos anos 2000, por isso, os editores começaram a planejar o cancelamento da série, e mesmo dando algumas posições altas para a série, inclusive uma capa na décima quinta edição, o objetivo editorial era cancelar a série ainda no ano de 2000 (e isso era visto claramente pela sua média baixa de posições). E o mangá que já estava certo o seu cancelamento, era I”S – provavelmente os editores já tinham decidido bem antes que iriam acabar com a série, e deram tempo o suficiente para o autor conseguir encerrar a série antes da Golden Week, do modo mais satisfatório possível.
A segunda parte do ano de 2000 começou a mudar a situação de algumas séries na revista, mas, primeiro vamos comentar do maior acontecimento dessa segunda parte: a estréia da segunda temporada da série “Yu-Gi-Oh”. Essa nova temporada, que estreou em 18 de Abril, por isso, mais ou menos entre a edição #18 e 20, do ano 2000, foi a responsável pela gigantesca popularização da série. “Yu-Gi-Oh! Duel Monsters”, conseguiu alcançar um público bem maior que a primeira temporada por vários fatores diferentes, mas o principal podemos dizer que foi a mudança de canal, trocando a TV Asahi pela TV Tokyo, e de estúdio. trocando a Toei Animation pelo Studio Galiop, que até hoje é responsável pelas novas temporadas da série. Os editores sabiam muito bem do potencial, por isso, além de darem capa para a série na edição #20, deram página colorida de abertura na edição #19 e ainda por cima, aumentaram a publicidade da série dentro da revista (e pelas ruas no Japão).
Contudo, mesmo aumentando a publicidade entregue a série, os editores decidiram que não valia a pena melhorar a média de posição da série na TOC, (por motivos que não conheço), aliás, a série nessa segunda parte se tornou ainda mais instável, tendo um pico de posição alta maior (segundo lugar) que na primeira parte, mas também um pico bem baixo quando assunto era posição ruim (décimo terceiro lugar). Talvez isso seja uma ação “normal” dos editores, pois já vimos outras séries quando estão preste a ganhar uma versão em anime, se tornarem bem mais instáveis, mas isso não passa de uma teoria. De qualquer modo, “Yu-Gi-Oh” nessa segunda parte teve uma média de 7.0, resultado assim em uma piora de 0.3 – que podemos considerar baixa, mas levando em conta que o anime estava perto de ser lançado, se torna um pouco inexplicável, principalmente levando em conta que a publicidade direcionada a série aumentou nesse período.
Chegando aos veteranos, a série que novamente teve a melhor média de posições na TOC foi “ONE PIECE” (média de 2.1) – nessa segunda parte, a série sobre piratas teve um rendimento um pouco menor, cedendo a primeira colocação três vezes (e outras duas vezes por ter sido página colorida de abertura), contudo, mesmo tendo uma média um pouco pior, de nenhum modo a série estava tendo uma queda de popularidade, muito pelo contrário, suas vendas só estavam aumentando. A segunda série com melhor média foi “Naruto” (média de 4). Comparado a primeira parte, Naruto deu um grande salto no quesito “apoio editorial”, além de ter sido a segunda série com melhor média, nessa segunda parte a obra também ficou pela primeira vez no topo da TOC, na edição #15, e repetiu esse feito também na edição #20. A ótima recepção da série por parte dos japoneses e seu aumento enorme de vendas, estimularam os editores a começarem a dar um grandíssimo apoio a série, que pouco a pouco, ia se tornando o “Naruto” que conhecemos hoje.
A terceira série que teve melhor classificação foi “Tennis no Oujisama” (média de 4.5), a série tinha começado dar um bom salto de popularidade, e por isso, o grupo editorial decidiu dar um destaque bem maior à série nesse período, inclusive, além de ficar duas vezes na “primeira colocação”, também ganhou uma página colorida de abertura na edição #17 e capa na edição #21. Era inegável que a popularidade de “Tennis no Oujisama” era muito alta, e a série tinha grande potencial em se tornar um dos pilares da revista com o passar do tempo, contudo, a concorrência na revista nessa época era altíssima, e outras duas séries estavam disputando pela vaga de pilar: a comédia “Seikimatsu Leader-den Takeshi” (média de 6) e a obra de esporte “mental”, “Hikaru no Go” (média de 6.4). Esses dois mangás podem até ter tido uma queda na média de posições, mas continuavam com um grande apoio editorial, e logicamente, os editores estavam esperando ansiosos pela oportunidade de transformar esses dois mangás em anime, principalmente “Hikaru no Go”.
Já “Hunter x Hunter” (média de 9.4) começou a ter seus primeiros grandes problemas com a “frequência”, e mesmo não tendo feito nenhuma pausa nessa segunda parte do ano, o autor da série, Yoshihiro Togashi, demonstrava através da sua arte e narrativa um cansaço (provavelmente relacionado a sua saúde fragilizada), e vimos ao longo da TOC, a série sofrer de uma grandíssima variação de posições, enquanto conseguia conquistar posição altas (ex: duas quartas colocações e duas terceiras colocações), também era classificada em posições baixíssimas (ex: duas vezes décima sexta colocações e duas décima oitava colocações) – Estando ausente em alguns índices da revista (TOC) inclusive, demonstrando que seus capítulos podiam estar sendo entregues com um atraso. Esse período foi um “pré-anuncio” para o pequeno “hiatos” que a série entraria na terceira parte do ano 2000.
Enquanto “Hunter x Hunter” vinha estando bem instável, uma outra série vinha melhorando os seus resultados e conquistando cada vez mais a confiança dos editores: “Rising Impact” (média de 8.7). O motivo dessa melhora de posição pode ter sido duas opções: melhoras em vendas, como está acontecendo com “Kimetsu no Yaiba” (sendo que “Rising Impact” já era bem mais popular) ou os editores se sentiram mais confiantes após toda a poeira da polêmica ao redor da série abaixar. Sobre “Whistle!” (média 12.8) e “ROOKIES” (média de 13.3), as duas séries continuaram a receber o mesmo tipo de apoio da primeira parte, a única diferença é que os picos “baixos” diminuíram (ex: não tiveram nenhuma última colocação), deste modo, suas médias melhoraram. As demais séries ainda não citadas, mantiveram o mesmo “status” da primeira parte, por isso eram mangás de “meio da revista” que não corriam risco de cancelamento, mas não recebiam tanto destaque assim do grupo editorial: “JoJo” (média de 11.4), “Shaman King” (média de 11.8), “Hoshin Engi” (média de 11.8) e “KochiKame” (média de 13.4).
E chegamos a última leva dessa parte da análise do ano 2000 (as duas demais levas serão analisadas na segunda parte, que deve sair muito em breve). Como uma dessas duas novas obras, era na verdade uma mini-série, os editores decidiram que valia a pena cancelar somente um mangá, e infelizmente o escolhido era mais do que óbvio: “I”S” (15 Volumes, 1997-2000). Levando em conta suas posições na TOC (a média da série na segunda parte era de 16.7, tendo em média de séries na revista eram 19), tanto o autor quanto os editores já planejavam encerrar a série nessa terceira parte do ano. Acredito que essa decisão vinha sido tomada ainda em 1999, e com a aproximação do fim da série no primeiro semestre do ano 2000, os editores começaram a classificar a série em uma posição de “cancelamento”. Após o encerramento de “I”S”, o autor Masakazu Katsura, que já vinha lançado outros sucessos na Weekly Shōnen Jump, “Wingman” (13 Volumes, 1983-1985), “Den’ei Shōjo” (13 Volumes, 1989-1991) e “D.N.A²” (5 Volumes, 1993-1994), decidiu migrar para uma outra revista semanal, no caso a Weekly Young Jump, no qual o autor lançou a sua obra mais famosa, “Zetman” (20 Volumes, 2002-2014), mesmo que tal série tenha tido seus quatro “One Shots” lançados na “Weekly Shōnen Jump” (entre 1989 e 1994) antes de ser serializada na Young Jump.
O primeiro mangá a estrear nessa leva, não foi nada mais e nada menos, que uma mini-série do gênio Akira Toriyama, “Sand Land” – após o encerramento de “Dragon Ball” (42 Volumes, 1984-1995), o autor decidiu que iria lançar somente mini-séries, que de certo modo lembravam a primeira fase de “Dragon Ball” (pois, o autor mesmo declarou que gostou mais de escrever a primeira parte, do que a segunda parte, que conhecemos como “Dragon Ball Z”). a primeira mini série foi “Cowa!” (1 Volume, 1997-1998) e a segunda foi “Kajika” (1 Volume, 1998), comentei sobre ambas nas análises do ano de 1997 e 1998. A terceira e última mini-série do autor na revista foi “Sand Land” (por mais que “Jaco!” seja uma mini-série, não colocamos no mesmo grupo dessas três por causa de ter sido lançado em uma outra época da revista). Essa última mini-série durou quatorze capítulos e contou a história de um mundo, no qual boa parte do povo passa fome e sede, deste modo o “trio” protagonista sai em busca de uma “nascente fantasma” para poder salvar o seu povo. A história tem muitas influências de filmes como “Mad Max” (1979) de George Miller, e inspirou “Acquaria” de Sandy e Junior (quem entendeu a referência vai ganhar um prêmio). A mini-série foi um grandíssimo sucesso, e novamente ajudou a revista a atrair os antigos leitores.
O segundo mangá lançado nessa leva foi a série: “Normandy Secret Club” do autor novato Mikio Itō. Logicamente, o público não tinha muita expectativa sobre a nova série, principalmente pelo fato que toda a atenção estava voltada à “Sand Land”, e não podemos dizer que o público realmente errou em não esperar nada da série, pois quando leram os primeiros capítulos, a grande maioria não encontrou nada em especial na série, e por isso a obra tendia a não ir bem nas enquetes. A inexperiência do autor e sua temática talvez ajudaram a série não ter um rendimento tão bem: o mangá conta a história de um personagem que sonha em ser um mangaká e entrar em um público secreto de escritores de mangás. Entretanto, mesmo não sendo muito popular, a série conseguiu sobreviver por 11 meses, e “Normandy Secret Club” acabou entrando na história dos “seguidores” da Weekly Shōnen Jump, pois ela deu origem ao famoso “Fenômeno Norman”, também conhecido como “Fenômeno Normandy” que tantos os japoneses comentam até hoje.
Explicando mais detalhadamente, o “Fenômeno Norman” que faz referência direta a serialização de “Normandy Secret Club” é utilizado para se referir a série que não são populares e não vem bem nas enquetes, mas conseguem sobreviver na revista por vários meses, pois os editores tem na revista séries menos populares, que estão sendo encerradas naturalmente ou que entram em hiatos (exemplos atuais temos Mononofu e Kagamigami). Contudo, para uma série ser enquadrada no “fenômeno Norman”, ela obrigatoriamente não deve superar a marca de 12 meses de vida na revista ou a marca de cinco volumes, pois, nesse caso é muito provável que os editores estejam mantendo a série na revista por outros motivos, e não simplesmente por ter outros mangás menos populares. Continuar a serializando uma série não popular, de certo modo, traz muitas desvantagens a revista, portanto raramente séries enquadradas no “fenômeno Norman” conseguem superar essa marca – pode ser também que inicialmente um mangá estivesse “sofrendo” desse fenômeno, mas a partir de “X” capítulo, conseguiu mudar totalmente a sua situação, e acabou se tornando uma série popular, escapando assim do cancelamento definitivamente. A série mais famosa que passou por isso, e que os japoneses utilizam para demonstrar que o “fenômeno Norman” pode trazer resultados positivos a revista foi SKET Dance, e atualmente temos uma outra série que demonstra isso: Kimetsu no Yaiba.
FIM da Parte 1/2
– Em breve lançarei também a segunda parte, no qual comentarei sobre a terceira e quarta parte do ano dos mangás veteranos, além da quarta e quinta leva do ano.
– Agradeço ao Victor Seiti e Rukaso por me ajudar na tradução de vários dados japoneses.