TOC Weekly Shonen Jump #16 (20/03/17)
Robot×Laserbeam c01 (Capa, Página Colorida de Abertura e Nova Série de Tadatoshi Fujimaki)
01 – One Piece c859
Dr. Stone (Capítulo 03)
Black Clover c102 (Página Colorida)
02 – Shokugeki no Souma c207
03 – Kimetsu no Yaiba c54
Saiki Kusuo no Sainan c236 (Página Colorida)
04 – Hinomaru Zumou c137
05 – Boku no Hero Academia c130
Haikyuu!! c246 (Página Colorida)
Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai c07 (Pré-Rank)
06 – Yakusoku no Neverland c31
Yuragi-sou no Yuuna-san c55 (Página Colorida)
U19 (Capítulo 06)
07 – Spring Weapon No. 1 c21
Harapeko no Marie (Capítulo 04)
Poro no Ryuugaku-ki (Capítulo 05)
08 – Samon-kun wa Summoner c73
09 – Gintama c627
Isobe Isobee Monogatari ~Ukiyo wa Tsurai yo~ c229
World Trigger (Hiatos)
Prévia #17:
Capa e Página Colorida de Abertura: Boku no Hero Academia
Página Colorida: Shokugeki no Souma, Yakusoku no Neverland, Robot×Laserbeam
Nessa edição também tivemos o pré-rank de Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai – Acredito que o mangá será inicialmente bem classificado, mas sua sobrevivência dependerá da recepção das demais séries da leva. Mesmo assim, estou bem otimista nas suas chances de sobrevivência. Sobre a recepção de Dr.Stone, a série teve uma pontuação boa no primeiro capítulo, mas nada realmente especial, por isso eu diria que suas chances de sobrevivência dependerão de dois fatores; o primeiro é a qualidade dos próximos capítulos, e o segundo é quanto os leitores vão apoiar a série por causa da arte espetacular de Boichi. Vimos com Gakkyuu Hottei e Stealth Symphony que um nome famoso não salva nenhuma série na revista.
Em primeiro lugar tivemos ONE PIECE, que seria realmente o “Übermensch” da Shonen Jump – não simplesmente por ser o maior mangá da revista, pois o conceito de “Super-homem” ou “Além-Homem” em que Nietzsche acredita vai muito além de ser grande. ONE PIECE é o mangá que mais se aproxima desse conceito, pois apresenta aos seus leitores ideias que, inclusive, vão contra a moral tradicional dos japoneses – A naturalização do transexuais, combate o racismo (que é um dos aspectos mais tristes da sociedade japonesa), a mudança de conceitos de bom (piratas) e mal (marinheiros), e melhor, como Nietzsche afirma em “Assim Falou Zaratustra”, o Übermensch deve ser guiado pelos seus sentimentos, pelas suas pulsões, e é realmente assim que os heróis criados por Eiichiro Oda agem; Luffy é guiado sempre das suas pulsões, e principalmente, está sempre pronto à refutar certas regras pré-estabelecidas, utilizando uma vontade construtiva.
Em segundo lugar tivemos Shokugeki no Souma, que está muito instável na revista – algumas semanas em último, algumas em primeiro, outras recebendo páginas coloridas, mas mesmo com essa grande variação, sabemos que Souma se encontra em uma situação complicada e delicada, já que suas vendas continuam a cair. Voltando ao clima da análise, Shokugeki no Souma seria um niilista mais parecido com o conceito de Übermensch de Gabriele D’Annunzio (escritor italiano, importante nos momentos nacionalistas italianos nos anos 10 e 20 – deste modo, serviu de grande influência para o fascismo de Mussolini). D’Annunzio é um homem que prega a vida boêmia, e acima de tudo, acredita que conhecer e fazer da sua vida uma obra de arte é a levação. Shokugeki no Souma é aquela obra que tem como seu ponto mais forte a arte, uma arte que tenta elevar as sensações, os sentimentos, e ao mesmo tempo a sensualidade dentro de cada um dos personagens – Shokugeki no Souma é de certo modo uma obra que representa o estilo de vida no qual D’Annunzio tentou viver -.
Em terceiro lugar tivemos Kimetsu no Yaiba, que é o protagonista niilista da obra prima do escritor russo, Ivan Turgenev – Estou falando de Bazarov, do livro “Pais e Filhos”, mas porquê estou relacionando Yaiba à um personagens tão frio e calculista? Pois Yaiba, mesmo sendo pressionado por todos os lados, manteve o seu estilo narrativo, o autor precisou de frieza e uma grande crença em sua história para não ceder a pressões externas – além disso a série negou tudo aquilo que é conselhado em um mangá Shounen; o traço limpo, os protagonista bonitos ou “fodões”, batalhas com grandes super-poderes, evitar uma grande dramaticidade (Kimetsu no Yaiba é muito dramático). Bazarov ia contra a todos os sentimentos mundanos, as regras, a religião, a moral tradicional, do mesmo modo que Yaiba vai contra as regras dos mangás Shounen’s. E até mesmo a ambientação fria da série, de certo modo, lembra a vegetação russa, e também a personalidade de Bazarov. Só devemos torcer para que, o autor de Kimetsu no Yaiba, não acabe se cortando com uma das suas tesouro e acabe morrendo contaminado com “tifo epidêmica”.
Em quarto lugar tivemos Hinomaru Zumou. representa perfeitamente o niilismo passivo de Schopenhauer, por um simples motivo: a série percebeu que sua existência na revista não está valendo nada (estou sendo exagerado logicamente), e o mangá praticamente tem pouquíssimas chances de ganhar um anime, deste modo só lhe restou apreciar os demais mangás na revista, sem almejar mais nada para si mesmo. Hinomaru Zumou não está quebrando nenhuma regra, até tentou no começo apresentado um mangá sobre um esporte esquecido por deus e o mundo, mas acabou se conformando com as exigências da sociedade e tentou (apresentando personagens marombas e mais personagens femininas) atrair o público, deste modo não está usando sua vontade de ser único e indiferente as morais dos outros para quebrar esse niilismo que circunda a sua vida. Deste modo, sim, Zumou me lembra muito Schopenhauer.
Em quinto lugar tivemos Boku no Hero Academia que consegue apresentar muito bem o conceito de Apolíneo e Dionisíaco que tanto Nietzsche comentou ao longo dos seus longos livros filosóficos. Enquanto Izuku representa aquele herói Apolíneo (por isso baseado em Apollo), no qual os planos, as estratégias, a visão sobre o mundo, são baseadas em um viés mais racional, e mais organizado, o seu arqui-inimigo Bakugou adota o espirito Dionisíaco, deste modo voltado para o caos e que escapa de qualquer sistema racional pré-imposto pela sociedade. Para Nietszche, provavelmente Bakugou estaria mais próximo do Übermensch que Izuku, mesmo que de certo modo, também o protagonista de Boku no Hero Academia tenha algumas características necessárias para se tornar o “super-homem” de Friedrich.
Em sexto lugar tivemos Yakusoku no Neverland, série que dependendo do modo no qual o roteirista decidirá guiar a história, pode adotar um niilismo ativo, idealizado por Nietzsche. Sim, talvez toda a existência dos órfanos seja resumida a ser animais prontos para o abate, mas mesmo a realidade sendo triste e vazia, praticamente sem sentido, isso os fortalece, e através da suas vontades de não se conformarem com o sistema (que os levará a morte), decidem quebrar as regras e escapar. Não podemos considerar os personagens principais da verdadeiros “Ubermensch”, pois tem muitas características suas que são o contrário do esperado por Nietzsche, mas não podemos negar que a série de certo modo, mesmo que não perfeitamente, apresenta elementos parecidos com a ideologia niilista de Friedrich Nietzsche. Em sétimo lugar tivemos Spring Weapon Number One, que acredito que seguirá um conceito: nasceu do nada, viveu por alguns momentos, e depois retornou para o nada.
Samon-Kun wa Summoner ficou na oitava colocação, e consideramos o personagem um niilista mais Leopardiano – Giacomo Leopardi foi um escritor italiano que de acordo com o crítico alemão Karl Vossier criou a “religião do nada”. O pessimismo de Leopardi, baseado muito na visão de mundo de Lucrezio, lembra exatamente o protagonista que dá o nome ao mangá: Samon. O demônio prega pelo mal dentro de cada um de nós, por uma visão tão pessimista sobre o funcionamento de cada ser humano na natureza e no universo, que podemos inclusive considerar o “mal”, “a vã existência” e a “morte” como parte essencial e base do funcionamento de tudo que nos circunda. Samon acredita tanto na soberania do mal, que está pronto para levar a protagonista da história para inferno. Como, acontece em “Ad Arimane” de Leopardi, vemos em Samon-Kun wa Summoner uma contemplação do deus do mal.
Em nono lugar tivemos Gintama, que por mais que tenha ficado na última colocação, não corre nenhum risco de cancelamento. Se tem uma série que consegue recuperar e incorporar o espirito dionisíaco, famoso deus grego da loucura e do caos, é a nossa série de comédia preferida, Gintama. Como Nietzsche explica no livro “O Nascimento da Tragédia”, tentar explicar a realidade através de pensamentos organizados não funciona muito bem, por isso é necessário adotar o espirito de Gintama (dionisiaco), deste modo, através do caos e da eterna mutação moral, nunca se acomodando a conceitos estáticos e regras, explicar a realidade que nos circunda. Digo isso pela narração e humor caótico adotado pela série, que sejamos sinceros, é espetacular.
*Lembrando que essa análise adapta um pouco as teorias niilista de vários autores, e é uma análise mais relaxada.