O primeiro mangá da leva será lançado já na próxima semana, e se chamará “Yakusoku Neverland” – A obra será produzida por dois novatos que parecem ser muitos promissores. Posuka Demizu é desenhista que ficou famoso por publicar artes fantástica na internet, assim, sendo um daqueles poucos autores que inicialmente surgiram na internet e depois chegaram na Shonen Jump (O autor de Sesuji wo Pin! to entra nessa restritíssima lista). Já o roteirista, Kaiu Shirou, também parece ser novato, e para muitos, pode ser aquele que “afundará” a história. Enquanto Posuka Demizu provavelmente entregará uma arte fantástica e extremamente detalhada, ainda não sabemos se Kaiu Shirou conseguirá entrar um roteiro de qualidade. Tivemos o caso recente de “Gakkyuu Houtei”, que por mais que tinha uma arte espetacular, o roteiro mal desenvolvido afundou a série, levando ao cancelamento com apenas três volumes.
Sobre a história do mangá, “Yakusoku no Neverland” fala de três amigos que vivem em um orfanato. Todas as crianças que vivem no estabelecimento são muito tratadas e amadas, principalmente pelo zelador, que teoricamente é uma pessoa extremamente carinhosa. Mas, tem uma questão que começa a perturbar o protagonista e seus amigos, porquê nenhuma criança pode sair do orfanato? – Por não ter tido nenhum One Shot lançado, este é o máximo que sabemos dessa nova série – Contudo, pelo que esta parecendo, a série não será um B-Shounen, e sim um mangá mais sério, voltado a aventura e mistério. Os números que os personagens tem no pescoço, também nos leva a crer que de algum modo, o mangá pode ter alguns pontos de sci-fi. Até o lançamento do seu primeiro capítulo, tudo o que nos resta é especular sobre a verdadeira temática e estilo que a série terá, por nossa sorte, o seu lançamento acontecerá já na próxima segunda-feira (em inglês e japonês).
Chances de Sucesso: A verdade é que não tem como eu prever como será a recepção da série, as informações são muito poucas. A arte sempre foi um fator que pode ajudar uma série a conquistar o público japonês, contudo, já vimos MUITOS, mas MUITOS mangás com arte fantástica, que por causa de um roteira não convincente acabou sendo cancelado. Acredito que o exemplo supremo de uma dupla que acabou fracassando, por causa do roteirista, é “Tokyo Wonder Boys”, que teve somente um volume lançado. Talvez, o grande desafio da série seja justamente o “hype” colocado em cima do artista, Posuka Demizu – Muitas pessoas podem estar esperando uma série fantástica, e se deparar com algo mediano, pode trazer críticas mais negativas do que o mangá merece.
Love Rush (Ryohei Yamamoto)
LOVE RUSH é a nova série de Ryohei Yamamoto, que está retornando a revista pela segunda vez. O mangaká havia lançado o gigantesco fracasso “E-Robot” em 2014, contudo, mesmo com o fracasso da sua primeira obra, os editores decidiram dar uma segunda chance ao autor, que lançou na NEXT, o one shot “Love Rush” que acabou se tornando o mangá mais bem recepcionado de 2015, e o segundo mais bem recepcionado dos últimos três anos da revista. Vendo justamente quanto os japoneses amaram o mangá, os editores decidiram serializar “Love Rush”, que deve estrear na revista na edição #38 deste ano. É importante lembrar que “E-Robot” também tinha sido lançado na NEXT e venceu a edição de inverno de 2013, porém, por causa da mudança de diretivas, os japoneses acabaram não gostando da série do mesmo modo que gostaram do one shot. “E-Robot” tinha sido apresentado como um ecchi, com muitas cenas apelativas, contudo, quando foi serializado, por motivos desconhecidos, o autor diminuiu consideravelmente a quantidade de ecchi, mantendo somente a comédia.
Naquela época muitos argumentaram que era uma censura vindo dos editores, porém, podemos ver por “Yuragi-Sou no Yuuna-San”, que deve ter sido mais uma decisão do autor juntamente com o seu editor. Provavelmente isto não deve acontecer com Love Rush, pois, no meu ponto de vista o autor já apresentou a história com a leveza que queria. Para quem não viu o One Shot, a série tratará de um garoto que tem um grande “problema”, consegue, mesmo não sendo intencional, atrair todas as mulheres do universo, seja humanas, anjos, demônios, alienígenas, se é uma humanoide, o protagonista consegue fazê-la se apaixonar. Contudo, a única garota que não cai nos seus charmes, é justamente aquela que ele ama. A história foca justamente nesse protagonista que tenta agradar a sua amada, enquanto deve conviver com milhões de mulheres se apaixonando por ele, O mangá poderia ser um grandíssimo ecchi exagerado, porém Ryohei Yamamoto preferiu apresentar uma história com um ecchi bem leve, bem diferente de “Yuragi-Sou no Yuuna-San” que é bastante apelativo. Podemos dizer que a série agradará mais aqueles leitores que gostam de uma comédia romântica do que realmente um ecchi. É possível que o autor acabe mudando a história ou a leveza da série, deixando mais pesada ou mesmo eliminando totalmente o ecchi, mas acredito que a série manterá a mesma intensidade que vimos na NEXT.
Chances de Sucesso: É inegável que o mangá tem boas chances de se tornar um sucesso, pois o one shot foi muito bem aceito, contudo, ao mesmo tempo, vimos muitas obras que foram bem aceitas quando apresentadas para o público, mas quando foram serializadas, acabaram não agradando mais – “Ultra Battle Satellite” é um grande exemplo – Deste modo, se “Love Rush” não conseguir transpor a atmosfera que fez os japoneses se apaixonarem pelo one shot, provavelmente acabará fracassando. Outro ponto que pode prejudicar a série é o sucesso de “Yuragi-Sou no Yuuna-San”. Por mais os dois mangás serem diferentes, quando “Love Rush” foi apresentado, os leitores de “ecchi” estavam na “seca”, agora não estão mais, deste modo não devem apoiar “Love Rush” como o apoiaram na NEXT.
Por sorte, a série também tem alguns pontos ao seu favor, o principal é que Nisekoi esta chegando ao seu fim, por isso pode conseguir agradar os leitores que já estão se preparando para o encerramento do mangá – “Love Rush” se aproxima MUITO do público alvo de “Nisekoi”, por isso é bem capaz de quem compra Nisekoi, acabar comprando também os volumes da nova série de Ryouhei Yamamoto. Logicamente, o mangá primeiramente deverá apresentar uma história interessante, e tentar desenvolver da maneira mais eficiente possível, as personagens femininas que perseguirão o protagonista, não jogando-as na cara do leitor de maneira impulsiva e aleatória. Outro ponto a favor é que o mangaká já está mais familiarizado com a revista, podendo assim evitar alguns erros que a maioria dos novatos cometem, como confiar demais no próprio editor. O meu coração diz que “Love Rush” acabará fracassando, mas devo assumir que a minha “sensação” não vale nada, e a realidade é que os japoneses estão muito ansiosos para ler a obra.
Red Sprite (Tomohiro Yagi)
Outro mangaká que está retornando a revista pela segunda vez é Tomohiro Yagi – O autor tinha lançado “Iron Knight” em 2013, contudo o mangá acabou fracassando e tendo somente três volumes lançados, sendo que os capítulos finais do seu último volume nem foram lançados na revista (Foram lançados diretamente no volume), entretanto, mesmo não dando muito certo com a sua primeira série, o autor conseguiu passar uma boa impressão para maioria dos japoneses. Deste modo, os editores decidiram dar uma segunda chance para o mangaká, que lançou na Jump NEXT Vol.03 de 2015, “Red Sprites”. O mangá pode não ter tido uma recepção absurda como “Love Rush”, mas conseguiu agradar bastante os japoneses e foi uma das séries mais amadas da sua edição. Deste modo, podemos dizer que os editores tem motivos claros para acabar serializando o mangá, já que ao menos o público japonês demonstrou ter interesse em ver a obra sendo lançada semanalmente.
Para quem está tendo contato com a obra pela primeira vez, “Red Sprite” é uma história ambientada em um mundo distópico onde o governo militar utiliza as máquinas para controlar a população. O protagonista é um trabalhador forçado que é selecionado pelo governo à participar de um experimento cientifico. Os militares fazem várias mudanças genéticas no protagonista com o objetivo de transforma-lo em um super soldado, e no final das contas, conseguem. Evitarei dar mais detalhes, pois se o autor manter a narrativa apresentada no one shot, o primeiro capítulo deve ser encerrado com uma grande reviravolta, mas para quem quiser sabe o que realmente acontece, recomendo ler a minha análise da Jump NEXT. Justamente pelo que foi apresentado na NEXT, muitos devem estar se questionando se o mangaká irá cometer o mesmo erro de “Iron Knight”, que é, modificar demais a obra, deixando-a bem mais leve – “Red Sprite” tem muitos pontos em comuns com a obra anterior do autor. Os dois mangás parecem ter um universo sombrio e distópico, onde a população passa uma grande dificuldade para sobreviver. O protagonista é jovem e não deve ter acima de quinze anos, de modo algum. O protagonista também passa por uma grandíssima perda já no primeiro capítulo. E por fim, nas duas obras, o protagonista herda o seu poder através de muita dor e sofrimento – Contudo, levando em conta que a decisão de deixar o mangá mais leve acabou levando Iron Knight para o fracasso, acredito que o autor manterá a seriedade do one shot.
Séries com temáticas mais sérias, onde a população sofre uma grande opressão, sempre me interessaram, porém, os meus gostos não são importante, e a realidade é que este estilo de série na Shonen Jump são complicados – O mangá tem chances de se tornar um sucesso, já vimos vários mangás sérios que conseguiram vingar, o mais famoso é justamente “Death Note”. Porém, a grande maioria das obras mais sérias que são lançadas na revista acabam sendo canceladas ou vendendo muito abaixo do esperado. “Red Sprite” estreia como o mangá menos desacreditado pelos japoneses, mesmo o seu one shot tendo agradado. A verdade é que muitos pensam que a temática da obra não conseguirá produzir uma série popular. Tomohiro Yagi tem um lungo caminho pela frente, para provar a todos nós, que ele pode entrar no grupo seleto de autores que conseguiram lançar um mangá “sério” na Jump e mesmo assim conseguiram vingar.
Chances de Sucesso: Acredito que das três novas séries, é o mangá que tem as chances menores, mas mesmo assim, por causa da sua boa recepção na NEXT, acredito que “Red Sprite” pode conseguir agradar o público e acabar se tornando um sucesso. É importante que o autor consiga se sobressair em relação os seus dois companheiros de leva, e principalmente que consiga manter todos os elementos que agradaram os simpatizantes do one shot. Como eu já comentei, a estrada será lunga e o autor terá que se esforçar muito para que “Red Sprite” se torne um sucesso, mas com as decisões justas, a série pode conseguir sobreviver.
*A imagem que utilizei como capa do artigo, é do one shot de Posuka Demizu lançado ano passado na Jump Plus, porém, parece que a sua nova série não será baseada neste one shot, deste modo, preferi nem cita-lo na análise.