Talvez, um dos quadros preferidos da galera seja justamente a nossa querida retrospectiva da Weekly Shonen Jump. Aproveitando que esta semana não teremos a TOC, decidi trazer para vocês a continuação dessa série tão amada, desta vez com o fantástico ano de 1999, que serviu para solidificar uma nova Shonen Jump – Com grandes estreias, como a de Naruto, a revista demonstrou aos seus leitores que estava preparada para revelar muitos outros grandes mangás. Nada move mais novos compradores que novos sucessos. Caso queira ler as matérias dos dois anos anteriores: 1998 e 1997.
Como vocês puderem ler nas partes anteriores, o ano de 1997 e 1998 serviram para os editores mostrarem para os leitores que a revista ainda tinha capacidade de trazer novas obras de qualidade, por isso, apostando em autores veteranos e em autores novatos promissores, conseguiram lançar vários sucessos, entre eles: ONE PIECE, Hunter x Hunter, Rookies, Shaman King e muitos outros mangás. As vendas da revista voltaram a crescer, e assim finalmente estavam superando a crise. Contudo, mesmo a revista dando uma grande respirada, os editores notaram que haviam muitos outros autores talentosos prontos para lançarem novos mangás, e diferente que como fazem hoje, onde se satisfazem com poucas obras vendendo bem, os editores preferiram cancelar os mangás que vendiam mal ou vendiam mediocremente, e lançaram novas obras promissoras. Estratégia que acabou dando muito certo, já que por causa disso revelaram muitos outros mangás de sucesso, que iremos citar neste análise.
O ano de 1999 talvez não tenha sido um ano tão lucrativo para os editores quanto o ano de 1998, por exemplo, mas acabou trazendo a tona três (ou quatro, se tu considerar “Rising Impact” parte de 1999) séries que acabaram impulsionando mais ainda a revista. O resultado acabou sendo muito positivo, já que, por exemplo, atualmente temos em média um ou dois grandes sucessos por ano. O grande destaque do ano é claramente Naruto, que acabou se tornando um dos maiores sucessos da história da revista, inclusive, sendo um das poucas obras a terem uma continuação publicada na revista. Os editores tendem a não aceitar continuações de mangás, por motivos que atualmente ainda não conhecemos, entretanto a série não estreou na primeira leva do ano. A primeira leva foi composta por três mangás, dois lançados no ano de 1999, e um lançado na última edição do ano de 1998 – Os cancelados foram “Base Boys” lançado na edição #33 de 1998 e “Wild Half”, obra lançada no início de 1996.
Primeira Leva (#52, #01 e #02-03)
Rising Impact, Shinkaigyo e Hikaru no Go.
Os editores decidiram começar o ano de 1999 dando uma grande satisfação aos seus leitores. Inicialmente muitos estranharam a composição desta leva, mesmo já tendo acontecido outras vezes, uma leva de três mangás, onde dois deles são de esporte é uma decisão raríssima, e que nas maiorias das vezes acaba fazendo que somente um mangá de esporte acabe vingando. Em alguns casos, nenhum dos dois acaba vingando – Desta vez, por causa das duas obras serem de altíssima qualidade, “Rising Impact” e “Hikaru no Go” acabaram dando certo. Enquanto “Shinkaigyo” que seria o único mangá com temática diferente acabou não agradando nem um pouco os leitores da revista e foi cancelado precocemente, tendo somente dez capítulos publicados, por isso, podemos considerar Shinkaigyo um dos maiores fracassos que já passaram pela revista.
Falando mais detalhadamente das obras, o primeiro mangá da leva foi justamente “Rising Impact” de Nakaba Suzuki – Por mais que os editores tivessem lançado vários mangás de esporte no ano de 1998, nenhum deles acabou se tornando um grande sucesso. “Whistle!”conseguiu até vingar na revista, mas podemos comparar o seu início ao de “Kuroko no Basket”, por isso uma obra que vendia mediocremente nos seus primeiros volumes lançados. Já “Rookies” era uma série de sucesso, mas passou longe de alcançar o sucesso de Slam Dunk, além da série ser muito focada no drama, e pouco no esporte. Rising Impact era uma grande aposta por parte dos editores, aposta que parecia que daria tudo certo, se não sofresse uma rasteira já nos seus primeiros capítulos – Como não consegui encontrar a versão original do mangá, não posso comentar com detalhes – Mas o mangá acabou sendo censurado, e foi cancelado na edição #16 deste mesmo ano. Contudo, por ser muito popular e o público realmente ter ficado revoltado com o cancelamento da série, na edição #27 do mesmo ano os editores decidiram trazer-lo de volta a vida, modificando vários pontos da obra. Comentarei sobre esta questão quando chegarmos no momento da sua re-serialização. Para quem ainda não percebeu (ou simplesmente não sabe), “Rising Impact” é a primeira série de Nakaba Suzuki, autor que é conhecido atualmente por estar publicando a incrível série “Nanatsu no Taizai”. O autor deu um primeiro passo conturbado na sua carreira de mangaká.
Logo após, na primeira edição de 1999, foi lançada a série “Shingakigyo“ de Kanako Tanaka que durou somente dez capítulos, tendo somente um volume lançado. O mangá contava a história de um super-herói que podia se transformar em uma tubarão, e usava suas habilidades para salvar as pessoas. A série misturava ação com uma comédia bem leve, como a obra “ONE PIECE” faz. Esta foi a primeira oportunidade do autor, e mesmo com um cancelamento precoce os editores decidirão de dar uma segunda chance para E por fim para encerrar a leva, tivemos um segundo mangá de esporte chamado de “Hikaru no Go“, escrito por Yumi Hotta e ilustrador por Takeshi Obata. O sucesso da série foi imediatado, e os editores finalmente conseguiram achar a série de esporte que procuravam. Se “Rising Impact” tem como temática o golf, “Hikaru no Go” preferiu apostar em um esporte mais local, mas que havia sido esquecido pela maioria dos japoneses, o “Go”. O mangá entregou uma interpretação inteligentíssima do esporte, conseguindo misturar o sobrenatural e mesmo assim mantendo a série crível para a maioria do público. O resultado superou a expectativa de qualquer um, o mangá ajudou o esporte a retomar sua popularidade (na verdade, muitos dizem que após “Hikaru no Go” o esporte conseguiu alcançar seu ápice de popularidade no japão), e ao mesmo tempo, a obra serviu para lançar os dois autores para o mundo. Takeshi Obata se tornou um dos ilustradores mais bem prestigiados do momento (e até hoje ainda é um dos mais prestigiados), Yumi Hotta por mais que tenha desaparecido após o lançamento da série, passou a ser conhecida mundialmente.
A primeira leva do ano reservou para os editores um grande problema, um grande fracasso e um grande sucesso. O cancelamento de “Wild Half” (1996-1998, 17 Volumes), que era uma série que havia uma popularidade mediana, pode ter sido polêmica, pois muitos acreditavam que a série vendia o suficiente para merecer ser mantida na revista, mas acabou se revelando uma ação acertada, pois por causa do seu cancelamento conseguiram achar dois mangás que acabaram vendendo bem mais. Os editores nesse período estava sem medo de arriscar, lançavam levas que tinham cinco obras, cancelavam mangás que não vendiam tão bem, não tinham medo de cancelar um mangá precocemente e evitavam manter séries novatas que não pudessem ser consideradas grandes sucessos. Isto aconteceu justamente por serem obrigados em 1997 a adotaram medidas agressivas, pois as vendas da revista estavam caindo absurdamente, inclusive a Shonen Magazine havia superado a Shonen Jump em vendas. Provavelmente a Shueisha deve ter inclusive feito uma reforma editorial no ano de 1998, juntamente com uma grande demissão de massa. O desespero fez com que os editores achassem obras fantásticas.
Segunda Leva (#12, #13 e #14)
Yamato Gensouki, Shuukyuu-den: Field no Ookami FW Jin e Daisuou – Dice King -.
Como é de se esperar, várias levas revelando séries de sucesso resultariam no aumento da confiança dos editores. Se o cancelamento de “Wild Half” acabou dando um resultado positivo, porque também não encerrar uma outra série que teoricamente tem uma popularidade mediana? A próxima vitima foi justamente “BOY” (1992-1999, 33 Volumes), obra escrita e desenhada por Haruto Umezawa- Por mais que o mangá não tenha sido exatamente cancelado, podemos dizer que o seu encerramento foi adiantado pelos editores. Os editores sempre tiveram um carinho por “BOY”, mas após o fracasso do seu anime, que teve somente 26 episódios, o grupo editorial reparou que não valia mais a pena apostar na série, deixando-o morrer aos poucos. O público esperava a série ser cancelada desde 1997, quando o anime foi encerrado. Outras duas séries acabaram dando adeus a revista juntamente com o veterano “BOY” – A primeira foi a comédia “Boku wa Shounen Tantei Dan” do veterano Hiroshi Gamo que foi lançada no final de 1998, e teve pouquíssimos volumes. O autor já tinha lançado uma obra de sucesso anteriormente, no caso foi a famosa “Tottemo! Luckyman” (1993-1997, 16 Volumes), por isso foi uma grande perda para a revista o fracasso deste seu novo mangá. E por fim, o último cancelado foi o grandíssimo fracasso “Shinkagyo” (1999, 1 Volume), que por mais tenha sido lançado na leva anterior, foi tão mal recepcionado que os editores cancelaram com somente 10 capítulos.
Os novatos seguiram o mesmo esquema da leva anterior, com uma pequena alteração, ao invés da série B-Shounen estar mais voltada a comédia, desta vez estava mais voltada ao humor. Levando em conta a distância minuscula entre uma leva e a outra, é bem possível que antes mesmo dos editores saberem a recepção de “Rising Impact” e “Hikaru no Go”, os três mangás desta leva já tinham sido encomendados, por isso, os autores já tinham recebido sinal verde para começar a produzir uma serialização. A primeira série desta leva foi justamente “Yamato Gensouki“, o primeiro mangá de um autor que no futuro se tornaria um dos mais amados pelos adolescente japoneses (e muitos adultos japoneses também), sim, estou falando de Kentaro Yabuki, autor solitário de “Black Clat” e ilustrador da tão amada série “To LOVE-Ru -Trouble-“. Diferente de que muitos pensam, a primeira obra do autor, “Yamato Gensouki” não era um ecchi, e sim uma aventura que em alguns cenas utilizava do famoso “fanservice”. Levando em conta que a série teve somente dois volumes, cerca de 17 capítulos, podemos deduzir que a série teve uma recepção ruim, e não conseguiu alcançar as expectativas dos editores, sendo assim cancelado no mesmo ano em que foi publicado.
O segundo mangá da leva, lançado na edição #13, foi “Shuukyuu-den: Field no Ookami FW Jin“, série do veterano Yoichi Takahashi, Após o encerramento natural de “Captain Tsubasa: World Youth” (1994-1997, 18 Volumes), o autor decidiu retornar para a revista com um outro mangá de futebol. Lembrando que Yoichi Takahashi já tinha tentado lançar outras séries sobre outros esportes anteriormente, como é o caso de “Ace!” (1990-1991, 9 Volumes). que até estreou bem, mas após os seus dez primeiros meses de vida, a série teve uma grande queda de qualidade, e acabou sendo cancelado. O rendimento de “Shuukyuu-den” foi muito pior que a de “Ace”, a série não conseguiu agradar os leitores da revista, mais por causa dos japoneses não gostaram da personalidade do protagonista (e da maioria dos personagens que ocupam a série). E mesmo o autor tendo criado um drama que poderia ser interessante (O protagonista era um jogador que só jogava por dinheiro, até quando seu irmão, que sonhava ser um grande jogador, morrer. E em homenagem ao seu irmão, ele começou a jogar mais seriamente e pronto para ser uma estrela do futebol), a série não conseguiu convencer os japoneses, nem o suficiente para os editores decidiram manter a obra por mais tempo. Após o cancelamento de “Shuukyuu-den”, Yoichi Takahashi não publicou mais nenhuma série na Weekly Shonen Jump.
E por fim, o último mangá a estrear foi “Daisuou – Dice King –” de Michimoto Munenori. A série voltada ao esporte handball (handeboll) não conseguiu agradar os japoneses também, fazendo assim que todos os mangás dessa leva fracassem miseravelmente. O autor, que tinha já um outro fracasso publicado em 1994, por isso “Daisouou – Dice King -” foi o segundo fracasso de um autor que não era conhecido por quase ninguém, contudo, mesmo tendo dois fracassos, os editores decidirão de dar uma terceira chance para o autor, que comentaremos no ano de 2002. O fracasso desses três mangás foi um grande chute nas bolas dos editores, principalmente por terem perdido “BOY” para não achar nenhuma série, contudo, por mais que tenha sido uma leva relativamente decepcionante, os editores tinham três espaços em aberto, o que lhe davam um espaço confortável para lançar mais três séries novas, sem precisar cancelar nenhum veterano. BOY, em curto prazo pode ter parecido um ruim cancelamento, pois era um série conhecida pelos leitores e tinha uma popularidade mediana, contudo, pensamento em longo prazo, como os editores SEMPRE devem pensar para que assim a revista se mantenha viva, o seu cancelamento acabou sendo uma escolha muito acertada.
Terceira Leva (#18, #19)
Bushizawa Receive e Mahhaheddo.
Quatro edições após o lançamento de uma nova leva, os editores lançaram uma nova leva, que pelo que tudo indica foi lançada “nas coxas”. Por causa da censura, na edição #16, a série “Rising Impact” acabou sendo cancelada, enquanto o quinto arco de “JoJo no Kimyo na Boken” acabou chegando ao fim, o que resultou na série entrando em uma pausa de vários meses. Os editores planejavam trazer essas duas séries de volta (JoJo era praticamente uma certeza), contudo até que elas retornassem era melhor ocupar os seus postos com duas séries que pudessem ser promissores. “Rising Impact” em si não era uma certeza que retornaria, mas tudo indica que quando a série foi cancelada, os editores já estavam conversando com o autor para que houvesse uma “re-serialização”, por isso uma re-publicação da série, em que o produto estaria de acordo com as censuras da revista, retirando todos os pontos negativos possíveis.
Quarta Leva (#31, #32, #33 e #34).
Survibee, Tennis no Oujisama, CHILDRAGON e ZombiePowder.
Mesmo com duas levas seguidas dando errado, os editores sabiam que é lançando novos mangás que se encontram novos sucessos, por isso não desanimaram, e em meados de 1999 lançaram a quarta leva do ano, desta vez contento quatro mangás: Todos eles extremamente promissores. Infelizmente para estrear novas séries é necessário cancelar algumas antigas, por isso os editores se viram obrigados a se livrar de todas as séries lançadas na segunda leva do ano. Vimos sendo cancelados um atrás do outro, respectivamente: “Yamato Gensouki”, “Shuukyuu-den: Field no Ookami FW Jin” e “Daisuou – Dice King -“. Além dessas três séries, os editores também acabaram cancelando mais um outro novato, “Mahhaheddo”, que por ter sido extremamente mal recepcionado pelos leitores da revista, o grupo editorial prefeririu cancelar precocemente a obra. Os editores decidiram queimar praticamente todos os novatos da revista, mantendo somente “Bushizawa Receive” vivo por um simples motivo; planejavam que esta seria a última grande leva do ano. “Ruroni Kenshin” estava preste a ser encerrado naturalmente, por isso, a próxima leva já tinha um espaço vago garantido. Cancelando mais um mangá, no caso, “Bushizawa Receive” que os editores já sabiam que teve uma recepção ruim, já podiam lançar uma última leva com a presença de somente dois mangás.
O primeiro mangá desta nova leva, foi uma comédia mais voltada ao público infantil: “Survibee”. A série, por mais que para muitos ocidentais pode parecer um claro cancelamento, era visto com bastante potencial pelos editores, justamente por estar sendo desenhado por Tsunomaru, o escrito e ilustrador de Midori no Makibao (1994-1998, 16 Volumes). “Survibee” mantinha tudo de bom que havia contido na obra anterior do autor: personagens simpáticos, um traço agradável aos olhos e uma comédia bem leve, que poderia agradar o público de todas as idades, contudo a comédia não conseguiu convencer o público leitor da revista, e a série acabou sendo cancelada nas últimas edições deste mesmo ano. Por causa do grande sucesso da sua série anterior, o mangaká conseguiu ganhar outra possibilidade na Shonen Jump, retornando a revista em 2001. Outro mangá que acabou fracassando e foi cancelado ainda no ano de 1999 foi “CHILDRAGON” de Naoki Azuma. Podemos considerar-lo o maior fracasso desta leva, já que o mangá acabou sendo cancelado precocemente, tendo somente 11 capítulos. Mesmo assim, o autor era considerado uma grande promessa, por isso acabou recebendo uma segunda chance na revista em 2001. Comentaremos as novas oportunidades deste dois autores quando o momento chegar.
Já “ZombiePowder“, também tenha sido um fracasso, conseguiu durar um pouco mais que os seus demais companheiros, assim alcançando quatro volumes. A série é o primeiro mangá de um autor que ajudaria a Shonen Jump a ser uma das revistas mais conhecidas no ocidente, Tite Kubo, criador de “BLEACH” – “ZombiePowder” é uma série B-Shounen ambientada em um faroeste futurístico, muito parecida com a série “Trigun”. O mangá teve uma recepção mediana nos primeiros capítulos, fazendo assim os editores acreditarem que poderia valer a pena manter a série por mais alguns capítulos, contudo, após os seus quinze primeiros capítulos. a sua popularidade provavelmente teve uma queda gigantesca, e assim os editores decidiram que valeria a pena cancelar a série. Mesmo assim, o simples fato da série ter conseguido um começo esperançoso, fizeram que os editores acreditassem bastante no potencial de Tite Kubo, mantendo-o na revista, e dando uma possibilidade dele ter uma segunda chance. Ás vezes é muito importante o autor começar com um fracasso, pois a primeira série serve como um grande aprendizado, além de ajudar o autor a “cair” um pouco na real e tratar sua história com mais cuidado, retirando aquela certeza de que por ser talentoso, a sua série será um sucesso absoluto. Talvez Tite Kubo sempre tenha sido muito humilde, por isso, a segunda lição não pode ser aplicada ao autor, porém, com certeza com o fracasso de “ZombiePowder”, Tite Kubo saiu com grandes aprendizados. A verdade é que se a série fosse lançada na época de vaca-magras conseguiria durar mais tempo, mas lançado em uma ano em que concorria com “ONE PIECE”, “Hunter x Hunter”, “Ruroni Kenshin”, e outros B-Shounen de altíssima qualidade, “ZombiePowder” claramente não era bom o suficiente para se manter na revista.
Por fim, deixei por último o segundo mangá lançado nesta leva, contudo, aquele que fez mais sucesso: “Tennis no Oujisama“. A revista como eu comentei no início desta análise havia encontrado duas séries de esporte: “Hikaru no Go”, que se tornou um grande sucesso e “Rising Impact” que estava se tornando um sucesso, mesmo que o seu início tenha sido conturbado. Além disso, a revista contava com “Whistle!” que vinha tendo uma boa recepção, contudo, nenhuma dessas séries podiam ser comparada a “Slam Dunk” (1990-1996, 31 Volumes) – “Hikaru no Go” era a única com um sucesso realmente gigantesco, entretanto, os editores estavam em busca de séries com um esporte mais vivaz, e menos mental – Por isso o lançamento de séries de futebol, handebol, e agora tênis. Podemos dizer que a Shonen Jump estava realmente cheia de sucessos: “ONE PIECE”, “Hunter x Hunter”, “Rookies”, “Yu-Gi-Oh”, “I”S”, “Shaman King”, “Rookies”, “Hanasaka Tenshi Tantei-Kun”, e muitos outros mangás. A revista contava com uma variedade enorme de séries, mas faltava um mangá de esporte que mais corporal, e “Tennis no Oujisama”, mesmo com seus famosos exageros, conseguiu ocupar este espaço vago. A série acabou sendo um sucesso mundial, e após o seu anime acabou atraindo o público feminino a revista, um efeito que surpreendeu o grupo editorial. O autor, pode ter fracasso com o mangá “Cool -Rentai Body Guard-” (1997-1998, 3 Volumes), contudo acertou em cheio em sua segunda tentativa. “Tennis no Oujisama” é um dos mangás de esporte mais famoso do mundo e continua na ativa até hoje, mesmo que atualmente seja lançado mensalmente na revista Jump SQ.
Quinta Leva (#43 e #44)
Os editores realmente estavam tendo a revista dos sonhos, mesmo que ainda estavam vendo como estava indo a recepção da “Tennis no Oujisama”, tudo indicava que a série se tornaria um sucesso. Deste modo, a revista praticamente estava preenchidas com todos os gêneros possíveis, por isso, os editores não precisam mais sair em busca de novas séries de um determinado gênero, simplesmente precisam lançar novas séries de boa qualidade, independente do gênero. Só que, não seria Shonen Jump se não tivesse um pequeno problema: Um dos principais mangás da revista chegou ao fim; Sim, estou me referindo a “Rurouni Kenshin” (1994-1999, 28 Volumes) de Nobuhiro Watsuki. Por mais que o mangá nunca tenha tido o sucesso de Dragon Ball, ONE PIECE, Yu Yu Hakusho, entre outros mangás B-Shounen lançados na revista, “Rurouni Kenshin” foi A OBRA que manteve a revista viva no período de vacas magras. Enquanto os editores não conseguiam encontrar nenhum mangá de sucesso, o mangá estava carregando a Weekly Shonen Jump nas costas, dando um motivo pelo qual os leitores ainda tinham que comprar a revista. Por isso, os editores deram uma pequena tremida quando viram que o mangá foi encerrado: “Será que iremos perder leitores?”. Isto claramente não aconteceu, o anime de “ONE PIECE” e “Hunter x Hunter” fizeram questão de anular qualquer perda de público.
Outro elemento que fez com que a perda de público fosse praticamente anulada foi a chegada de uma nova série que despertou o interesse de muitos leitores. Exatamente na mesma edição em que “Rurouni Kenshin” foi encerrado, estreou um dos mangás que mudaria a história da Weekly Shonen Jump: “Naruto“. Escrito e desenhado por Masashi Kishimoto, um autor novato que não havia lançado nenhuma outra obra, o mangá imediatamente conseguiu conquistar os leitores da revista. O protagonista agradou os leitores, os personagens secundários eram simpáticos, o universo era vasto e muito interessante, as habilidades utilizadas remetiam a origem do Japão, e ao mesmo tempo o uso delas eram extremamente criativos, “Naruto” foi tudo que os leitores da revista precisavam e queriam. Se “ZombiePowder” de Tite Kubo acabou falhando por ser mediano em uma revista repleta de séries fantástica, “Naruto” acabou vingando por ser uma série fantástica que conseguiu agregar mais ainda a esta revista de altíssima qualidade. Podemos considerar “Naruto” um dos mangás de maior sucesso da década de 2000, para muitos, utilizando os dados mundiais pode inclusive ter sido a série de maior sucesso, para outros, este título deve ser entregue ao rei do pedaço, “ONE PIECE”. De qualquer modo, os editores encontraram em um período de medo, uma das séries mais lucrativas da sua história, um ninja em vendas, um demônio em popularidade.
Sobrou para “Romancers“, série de Yuko Asami, autor de “Wild Half” que teoricamente tinha bem mais “hype” que “Naruto”. O mangá estreou uma edição antes do cancelamento precoce de “CHILDRAGON”, mas podemos dizer que o mangá ocupou o espaço de “Boshizawa Receive”, que havia sido cancelado na edição #40. Se Masashi Kishimoto acabou recebendo o bastão abençoado de Nobuhiro Watsuki. O autor de “Romancers” recebeu um bastão amaldiçoado, e acabou tendo a mesma triste fim de “Boshizawa Receive” e “CHILDRAGON”, sendo cancelado com somente três volumes completados. Yuki Asami após este fracasso nunca mais retornou a revista, e acabou lançado mangás em revista bem, mas bem menores. Infelizmente nem todos os autores conseguem lançar vários sucessos, e ficam aprisionados a somente um mangá. “Wild Half” logicamente não pode ser considerado um GRANDE sucesso, mas mesmo assim podemos considerar-lo um “sucesso”, se manter na revista por longos dois anos, tendo ao todo 17 volumes não é para qualquer mangá. “Romancers” acabou sendo uma escolha errada por parte do autor, ficou bem claro que o autor não sabia gerir séries episódicas voltadas ao romance, e esta péssima escolha acabou encerrando as suas chances de lançar novas séries na Weekly Shonen Jump. Esta leva trouxe dois lados da moeda.
Anime de Hunter x Hunter & ONE PIECE (#48 e #49).
A época de vacas magras foi deixada para o passado, como já citado, a única preocupação dos editores era se o público sentiria a ausência de “Rurouni Kenshin”, já que era a última série B-Shounen que teve um alcance mundial. O problema foi rapidamente resolvido com o grande sucesso dos animes de Hunter x Hunter, que foi lançado em 16 de Outubro, e o anime de “ONE PIECE” que foi lançado em 20 de Outubro, somente quatro dias de diferença entre as duas obras. O sucesso desses dois animes fez que a revista voltasse a estar no centro dos holofotes; não era mais somente mangás de alta qualidade, tínhamos animes que por mais que tinham uma qualidade duvidosa, conseguiam agradar o público de todas as cidades, principalmente aquele de “ONE PIECE”, que conquistou tanto crianças, adolescente e adultos. Foi neste momento que a revista demonstrou de uma vez por todas, que estava sólida, e que suas séries eram estáveis e fortes o suficiente para manter a revista em pé por muito mais anos.
Aliás, é importante declarar que os editores deram bem mais publicidade para o anime de “ONE PIECE”, do que “Hunter x Hunter” – Pois, além de “ONE PIECE” estar sendo produzido por um estúdio mais famoso (A Toei Animation), a série antes mesmo do anime, já tinha uma popularidade muito maior que a de “Hunter x Hunter”. No final das contas, acabou sendo uma escolha acertada por parte dos editores, e por mais que “Hunter x Hunter” também tenha resultado em um anime de sucesso, podemos dizer que o anime de “ONE PIECE” vingou três vezes mais que o do seu “rival” (não era realmente um rival, podemos dizer que era uma brincadeira saudável entre os dois mangás, tentando ver qual dos animes faria mais sucesso). É importante lembrar que algumas semanas antes da estréia destes dois animes, o anime da comédia “Hanasaka Tenshi Tantei-Kun” havia sido encerrado, por isso, os editores estavam realmente necessitando de novas obras sendo televisionadas. O encerramento do anime de “Hanasaka Tenshin” não foi uma surpresa para todo mundo, já que sua audiência nos últimos capítulos estavam realmente baixas, podemos dizer que era mais do que o esperado. Os editores nunca contavam realmente com o anime da série, inclusive o seu encerramento não trouxe nenhum efeito negativo a “Hanasaka Tenshin Tantei-Kun”, contudo, mesmo não contando tanto com o anime, é sempre bom manter ao menos uma série da sua revista sendo televisionada, já que serve como uma constante propaganda da revista. “ONE PIECE” e “Hunter x Hunter” chegaram e conseguiram ocupar este espaço de “propaganda constante da revista” de maneira excepcional.
Ainda este ano teve mais alguns encerramentos, no caso os mangás: Survibee (#51) e Meiryotei Gotoseijuro (#52-53), porém comentarei sobre esses dois cancelamentos no ano de 2000, já que os dois substitutos desses mangás foram lançados na primeira edição da nova década (Eu sei que o século começa em 2001). A Weekly Shonen Jump finalmente se solidificou, encontrou várias obras de sucesso, começou a lançar animes que poderiam ser exportados por todo o mundo, e ainda por cima tinha vários mangás de vários gêneros diferentes que poderiam se tornar grandes sucesso comercial, caso fossem bem cultivados (Shaman King, Naruto, Tennis no Oujisama, Rookies, Hikaru no Go, e vários outros mangás), mas será que as coisas continuaram a dar certo nos anos 2000, ou algum de ruim irá acontecer? Bem, isto vamos deixar para a próxima parte.
*Amanhã, Segunda-Feira, este artigo será atualizado com vários dados referentes ao ano de 1999, incluindo a média de posição no TOC de cada mangá presente na revista e quais foram os mangás que mais receberam capa e página colorida naquele ano. Recomendo retornarem amanhã de noite!