A situação começou a mudar quando a Jump começou a lançar vários novatos que tiveram uma grandíssima recepção; Nisekoi, Haikyuu!!, PSI Kusuo Saiki e por fim, Ansatsu Kyoushitsu. Quando Ansatsu Kyoushitsu estreou, todos já estavam surpresos pelo números de boas séries que os editores estavam lançando, principalmente em relação a “Haikyuu!!” que logo havia chamado atenção por ser uma obra de esporte bem interessante. Contudo, Ansatsu Kyoushitsu estreou alcançando um nível acima de todas essas três séries. O seu sucesso foi realmente estrondoso e conseguiu surpreender até mesmo os mais otimistas.
Sim, a série tinha nome de um autor veterano por trás, por isso o público, de certo modo, esperava uma série de boa qualidade, contudo ninguém esperava que fosse uma série tão boa (pelo menos na visão dos japoneses) – A sua comédia imediatamente conquistou o público e sua crítica ao sistema escolar, fez com que o público adolescente e jovem, se sentisse realmente conectado a obra. É como “Ansatsu Kyoushitsu” tivesse fazendo uma grande crítica à um ambiente que os jovens japoneses realmente odeiam. Talvez este era um dos pontos mais interessantes da série, mostrar como os excluídos do ambiente escolástico extremamente opressivo, conseguiam provar que não eram o “lixo humano” que todos passavam. Koro-Sensei, um dos personagens mais carismáticos da série, não era somente um professor engraçado e quase imortal. O personagem, que inicialmente era transposto como o vilão da história, foi cada vez mais se humanizando. Nos víamos em Koro-Sensei a vontade de provar que seus alunos também podiam conseguir ir bem nos vestibular, a vontade de realmente ser um professor de verdade. Resumidamente, Ansatsu Kyoushitsu entregou uma história realmente imersiva para o público japonês.
Esse vínculo imediato que a série criou com os seus leitores, proporcionou um dos eventos mais impressionantes da Weekly Shonen Jump: O primeiro volume da série vendeu tanto, mas tanto, que se tornou uma das maiores séries da Jump, superando séries de sucesso imediato como Naruto, Hunter x Hunter, Dragon Ball, entre muitos outros mangás. A série vendeu nos seus 3 primeiros dias de vendas cerca de 121 mil cópias, mais ou menos o quanto Gintama vende atualmente no mesmo período. Para deixar ainda mais surpreendente o resultado, a série teve uma recepção tão grande dentro da revista, que provavelmente foi MUITO bem votada em quase todas as edições, já que os editores fizeram questão de entregar já no seu décimo sétimo capítuo uma bela capa, além de deixar-lo entre os primeiros cinco colocados no TOC em quase todas as edições.
O sucesso de Ansatsu Kyoushitsu ao longo do tempo só foi aumentando: A série teve os melhores dois primeiros anos de vida desde One Piece, outro feito realmente invejável. Os editores estavam sentindo que encontraram uma grande mineira de ouro, algo que fazia anos que não encontravam. Por isso, deram uma gigantesca publicidade para a série, que imediatamente se tornou uma grande febre no Japão – Enquanto isso no ocidente, o sucesso da série despertou ódio de muitas pessoas, que não conseguiam aceitar que uma série mais voltada a comédia poderia estar conseguindo “peitar” One Piece – Logicamente, Ansatsu Kyoushitsu nunca chegou realmente a peitar One Piece, contudo como muitas pessoas acreditavam mesmo o TOC era resultado da votação, chegaram a conclusão que Ansatsu Kyoushitsu estava superando One Piece em votos. O que poderia estar acontecendo, mas sabemos que na verdade, outras séries podem estar superando One Piece em votos, já que a série é classificada entre os dois primeiros colocados independente de sua popularidade na votação da revista.
Contudo, qual foi a importância desse sucesso para a Shonen Jump? Simplesmente mais dinheiro entrando no bolso dos executivos da Shueisha? Não, foi muito mais que isto. O sucesso de Ansatsu Kyoushitsu foi a prova concreta que a revista ainda havia capacidade de lançar séries de sucesso instantâneo, monstro de vendas. A série não serviu só como publicidade da revista, mas também como uma prova que a revista ainda tinha influência o suficiente ao ponto de conseguir conquistar rapidamente o público jovem japonês, algo que fazia anos que a série não conseguia fazer. Ansatsu Kyoushitsu restaurou o respeito que a revista aos poucos estava perdendo – Por isso, conseguiu atrair novos leitores e principalmente, novos patrocinadores, que provavelmente deviam estar se sentindo mais seguros em investir a publicidade dos seus produtos nas páginas da revista.
O sucesso da série também demonstrou que os editores não precisam obrigatoriamente apostar em séries “B-Shounen” para conseguir achar um grande sucesso, deste modo, estimulou o grupo editorial a apostar em muitas séries diferentes, diminuindo o seu foco em séries de lutas, que se vocês repararem, diminuiu consideravelmente o lançamento de novatos deste gênero desde 2012 – Este efeito foi proporcionado também por séries como PSI Kusuo Saiki, Haikyuu!!, Nisekoi e por fim, Shokugeki no Souma. Outros quatro mangás que não eram B-Shounen, mas mesmo assim conseguiram se tornar um grande sucesso de vendas, dentro do Japão quanto por todo o mundo. Foi uma mudança de comportamento que na verdade não trouxe tanto lucro, já que as séries “diferentes” lançadas após Shokugeki no Souma não foram das melhores. Todas falhavam em algum ponto em especifico e assim acabavam sendo canceladas com poucos capítulos.
Deste modo, Ansatsu Kyoushitsu pode ser considerado o “líder”, o “capitão”, o “comandante” de uma sequência de séries bem sucedidas: Quando pensamos nos anos 2012, lembramos sempre de duas séries que naquela época foram os grandes destaques da Shonen Jump: Ansatsu Kyoushitsu e Haikyuu!! – Contudo, Haikyuu!! temos essa impressão por causa do boost gigantesco que o anime deu, já Ansatsu desde o seu primeiro volume se demonstrou como uma das séries de maior sucesso da revista. O seu encerramento não será simplesmente um grande impacto aos seus leitores, que sentirão falta do fantástico humor de Koro-Sensei, das críticas sociais da série e por fim da diversidade enorme de personagens que são muito bem desenvolvidos pelo autor. Também marcará uma era para a Shonen Jump, será o fim de uma das séries mais bem sucedidas da revista e também o líder de uma geração de obras fantásticas.
Sentiremos a falta da sua soberania nos TOCs.