Análise: TOC Weekly Shonen Jump #11 (Ano 2016).

Começando pelos mangás não ranqueados, nessa edição tivemos a estréia de Kimetsu no Yaiba – O mangaká participou da Golden Future Cup de 2014 (Que teve como vencedor Devily-man), e mesmo não tendo ganho, recebeu uma segunda chance ano passado, lançando um one shot (Zig Zag), no qual foi o mais bem recebido pelo público em 2015. Por isso, os editores se sentiram seguros o bastante ao ponto de apostar no autor, contudo, sem utilizar nenhuma das duas obras anteriores que haviam sido bem recebidas, talvez por confiaram no autor, mas não tanto nos dois projetos anteriores. O novato, deste modo, está estreando com uma obra totalmente inédita e tem como desafio conseguir agradar o público – Bem, pelo menos o seu traço, que havia agradado muito o público mais “tradicional” se manteve. Um dos pontos que fez o one shot Zig Zag ser o mais bem avaliado de 2015 foi justamente a sua arte. Agora o seu desafio é entregar uma história que realmente consiga convencer os leitores da revista.

Samon-Kun wa Summoner e Nisekoi ganharam página colorida nesta edição: É interessante ver Samon-Kun acima de Nisekoi, isso comprova que os editores não apostam mais em Nisekoi, justamente por estar chegando ao seu fim, deste modo não vêem necessidade de classificar a obra em uma colocação melhor que um novato que está começando a florescer. Aliás, talvez esta seja a penúltima página colorida que Nisekoi receberá em sua vida, já que acredito fielmente que a obra será encerrada na próxima leva (E provavelmente será encerrada recebendo uma bela página colorida dupla de encerramento, como fizeram com Beelzebub). Ás vezes bate uma tristeza em pensar que Nisekoi esteja à acabar. E por mais que se tenha muito “ódio”  ao redor da obra, em grande parte de pessoas que não gostam do mangá (Ou pela sua temática ou pelas enrolações do autor), é inegável que Nisekoi é o romcom de maior sucesso da Jump dos últimos vinte anos (ou mais).

Também tivemos nessa edição uma página colorida para Yuragi-Sou no Yuuna-San, como é de tradição da própria Jump. Muito bem, vamos ao que interessa: Como está sendo a recepção do primeiro capítulo da série? O novo ecchi da Jump está tendo uma recepção majoritariamente positiva, tem vários leitores que realmente não gostaram da série, mas a maioria (60% ou 65%) gostou do primeiro capítulo. E muitos dos que não gostaram, não chegaram a odiar o que leram, e sim, simplesmente acharam decepcionante e fraco. Deste modo, é ainda cedo para dizer se Yuragi-Sou no Yuuna-San será um sucesso, os editores sempre esperam ver a recepção dos três ou quatro primeiros capítulos antes de começarem a classificar a série de maneira decisiva, contudo, o simples fato do primeiro capítulo ter sido bem recebido já é uma boa notícia. Podemos dizer que a série começou com o pé direito.

Chegando ao TOC, nas duas primeiras colocações tivemos as duas obras mais soberanas na revista: Ansatsu Kyoushitsu e One Piece, respectivamente. Em relação a Ansatsu, foi mais do que obrigação por parte dos editores colocarem a série em primeiro lugar, após a deixarem em quarto na edição anterior – E não foi uma quarta colocação qualquer, ficou atrás de Shokugeki no Souma e um novato com mais de cinquenta páginas, o que significa que a série ficou bem atrás na ordem de leitura, mais do que é acostumada. Uma pena que essa supremacia de Ansatsu Kyoushitsu e One Piece irá acabar em breve, os dois mangás fizeram realmente uma grande dupla. Logo após, em terceiro lugar tivemos Haikyuu!! – Bem, é a terceira obra mais popular da revista, então, podemos dizer que a posição foi merecida.

Em quarto lugar tivemos uma pequena surpresa: Black Clover – Como o título da matéria deduz, os editores sempre estão conversando com o público em códigos. Eles não dão respostas exatas de como está indo a popularidade da série, ou o que planejam para o futuro dela, mas nós dão respostas em códigos, que são as páginas coloridas, posição de leitura na revista e outros pequenos detalhes. Black Clover vinha conquistando várias posições realmente “medíocre”, mas os editores fazem questão de encher a série de páginas coloridas, e de em várias edições, colocar-lo entre os cinco primeiros colocados. O que isto significa? Por mais que os editores saibam que a popularidade da série atualmente é digna das suas posições intermediárias (e por isso é muitas vezes classificado ali), o seu potencial é realmente gigantesco. Deste modo, colocam a série entre os primeiros colocados nos capítulos que julgam mais importantes. Descodificando a mensagem: “Acreditamos que Black Clover poderá trazer grandes frutos para a Shueisha em um futuro muito próximo”.

Fechando o TOP 05 tivemos Hinomaru Zumou. Devo assumir que fiquei realmente surpreso em ver os editores preferindo colocar Zumou em cima de Boku no Hero Academia – Isso demonstra como eles querem que a série se torne um sucesso, mas para mim, todo esse apoio e publicidade deve ser justificável. Este mês, o terceiro volume de Sesuji wo Pin! to vendeu mais que o oitavo volume de Hinomaru Zumou – O que isto significa? – Bem simples, a publicidade que Hinomaru Zumou está recebendo não está fazendo diferença alguma para o mangá, as suas vendas continuam estáveis. É mais vantajoso apostar em outros novatos que podem ter vendas melhores. A série só tem duas justificativas restante para tanta publicidade (Já que aumentar as vendas claramente não está surgindo efeito da meses): A primeira é que estão preparando o terreno para um anime que será anunciado no aniversário de dois anos ou que a série, por mais que não consiga vender bem (Por não ser tão atrativa para o público não comprador da Shonen Jump, que é aquele que majoritariamente compra os volumes), ela mesmo assim é bastante popular entre o público leitor da revista. Normalmente os editores neste caso dariam um tratamento parecido com World Trigger, mas como gostam muito de Hinomaru Zumou, decidem colocar-lo entre os primeiros colocados quase todas as semanas. Sinceramente, acredito que seja mais provável a segunda opção.

Em sexto lugar tivemos Boku no Hero Academia que ficou fora do TOP 05. Resultado surpreendente, mas nem um pouco preocupante, já que provavelmente na próxima semana já retornará aos cinco primeiro colocados. Logo após na sétima colocação tivemos Sesuji wo Pin! to que lançou este mês de fevereiro o seu terceiro volume e vendeu 29 mil cópias em quatro dias, superando Hinomaru Zumou em vendas. A série teve um aumento de vendas bem pequeno, mas pelo menos suas vendas ainda estão aumentando. Acredito que a série tem tudo para estar vendendo, quando o anime estrear, acima de 50 mil cópias na primeira semana. É necessário somente que os editores entreguem ao menos a capa de aniversário e mais uma capa antes do aniversário de dois anos para assim a série talvez ganhar um pouco mais de destaque. De qualquer modo, mais que isto em publicidade não vale a pena, pois a série dificilmente superará a marca de 60 mil cópias antes do anime. Não é que os editores devem exagerar como fazem com Hinomaru Zumou.

Em oitavo lugar tivemos Toriko que conquistou mais uma posição intermediária, como sempre. Decodificando a mensagem dos editores: “Não vemos futuro na série, mas gostamos bastante do autor e a obra ainda vende o suficiente bem, por isso vamos te mantendo por mais alguns meses, mas veja de terminar logo este mangá”. Esta é a situação de Toriko e claramente, Shimabukuro está preparando o terreno para que o mangá seja encerrado muito bem breve. Logo após tivemos Mononofu, que conquistou uma posição realmente medíocre, mas podemos dizer que era esperado, já que os editores deram uma sequências de boas posições + páginas coloridas para a série, fazendo assim que o mangá ficasse em destaque. Mononofu pode estar perdendo na luta contra Samon-Kun wa Summoner, mas concordo com a edição editorial de ainda não desistir da obra. Vale a pena cancelar-la somente se for necessário, ate lá, não vejo problema algum em manter a série e dar uma publicidade de leve. Por fim, em décimo lugar tivemos PSI Kusuo Saiki que vem se estabilizando nessas posições mais intermediárias.

Abrindo a zona vermelha, tivemos novamente Shokugeki no Souma – Após um pico gigantesco na edição passada, os editores voltaram a classificar a série em uma colocação relativamente baixa. Como eu já argumentei nas semanas anteriores, até entendo que pela série estar passando por um arco de transição, não vale a pena classificar-lo em posição tão altas, mas acho exagerado colocar-la em uma posição tão baixa, principalmente se levarmos em conta que a sua segunda temporada estreará este ano, que mesmo em um arco de transição, tivemos muitas revelações chocantes e que seus volumes vendem muito bem. Eu já deixei claro que os editores “conversam com o público em códigos”, e para mim estas colocações de Souma são claros códigos que a série talvez possa correr um sério risco futuramente. Atualmente o mangá vende muito bem e ganhará sua segunda temporada, como eu já disse anteriormente, mas normalmente quando as séries alcançam quatro ou cinco anos de vida, começam a sentir o peso da idade (muitos por causa da ausência do anime, outros por causa do público não conseguir mais gostar da série), e levando em conta o êxodo que está acontecendo entre o público leitor da série (Muitos japoneses estão abandonados por não achar mais graça), é bem provável que Shokugeki no Souma sentirá de maneira bem forte o “peso da idade”, por isso com queda de vendas e diminuição dos votos na revista, já que a série terá menos leitores (Lembrando que a maioria dos leitores tendem a ler somente os mangás que lhe interessam e não todas as obras da revista).

 O que os editores podem fazer é dar publicidade a série para minimizar a queda de vendas e assim fazer que o mangá consiga se estabilizar em uma faixa razoável, que seria uma venda média de seus volumes novos entre 200 a 250 mil cópias na primeira semana no mercado. Contudo é claro que quando este efeito começa a surgir nas séries veteranas da Jump, os editores tendem a simplesmente deixar-lo a “deriva”, como fizeram com Beelzebub e Toriko – Dois mangás que os editores não deram nenhum suporte para que a queda de vendas dos seus volumes fossem minimizadas – Essas posições de Shokugeki no Souma levam a entender que por mais que os editores respeitem muito a série (O grupo editorial respeita qualquer mangá que lhe traga público e lucro), estão disposto em capítulos mais chatos ou situações mais complicadas, a classificar a obra em posições relativamente baixas, como fazem atualmente com Toriko. O que significa, que quando a série começar a sentir o peso da sua idade, os editores não pensarão duas vezes em deixar o mangá “à deriva” e simplesmente focarem a publicidade em obras que são mais “novas” ou mesmo aquelas que estão ganhando a versão em anime. Bem, precisamos torcer para que Souma primeiramente não sinta o peso da idade (Isso dependerá muito de quanto o anime irá durar), e caso comece a sentir, já que é um efeito natural em séries veteranas que já não tem mais nenhum anime em exibição, os editores decidam apoiar-la, dando a publicidade necessária para que minimizar a queda de vendas. Acontece raramente, mas tem obras que conseguiram ter o apoio dos editores quando as vendas estavam caindo, como por exemplo, Gintama que conseguiu manter o apoio editorial mesmo ficando um tempo sem anime (Talvez por causa do sucesso do filme ou mesmo porque sabiam que existia uma possibilidade real do anime retornar). Falando em Gintama, a série ficou em décimo terceiro lugar, logo abaixo de Kochikame que ficou em décimo segundo.

Em décimo quarto lugar tivemos World Trigger que após ser muito bem classificado na semana passada, foi colocado na penúltima colocação. Este é outro mangá que não acredito que será mantido pelos editores caso suas vendas comecem a cair. A relação de World Trigger com os diretores é de amor e ódio – Os editores gostam da série, contudo não a vêem como pilar comercial para a revista, por isso um mangá que vale a pena apostar, pois dará um grande retorno financeiros, por isso desde sua estréia, os editores nunca chegaram a jogar todas as cartas em World Trigger – Hinomaru Zumou mesmo já recebeu bem mais destaque a série -. Mesmo assim, a série sempre apresentou um potencial comercial, não foi por nada que a Toei Animation decidiu apostar na obra (Lembrando bastante o caso de Yu-Gi-Oh). Porém, os editores continuam não vendo World Trigger como uma série com grande potencial comercial, por isso acredito que quando a série começar a ter queda de vendas (O que pode acontecer em qualquer momento nessa altura do campeonato), os editores, infelizmente decidiram cancelar a obra da line-up da revista, sem fazer nenhum esforço para que a queda de venda seja minimiza ou mesmo neutralizada. Por fim, em último lugar tivemos BLEACH que está tranquilo: Não será cancelado de nenhum modo.