Mas mesmo Major sendo um grandíssimo sucesso, quem marcou o ano de 1994 foi a estreia de Detective Conan (142 Milhões de Cópias Vendidas): Mangá de investigação que une casos sérios, ótimos mistérios, personagens carismáticos e uma boa comédia para toda a família. Detective Conan simplesmente chegou arrebatando os corações dos leitores e imediatamente se tornou um grande sucesso. O mangá, que até hoje é lançado, se tornou o ícone da revista e ajudou a Sunday a pular mais um patamar, Conan chegou a fazer crossover com Lupim III, um dos personagens mais amados da história dos animes japoneses. Em 1994, finalmente a Sunday havia chegado ao ápice da sua era de ouro.
A revista estava cheia de mangás populares e mesmo que a revista estava cheia de mangás de esporte, havia uma grande variedade nos esportes até mangá de Hockey (Go!! Southern Ice Hockey Club / 1992 / 23 Volumes) e um mangá de corrida de Hidroplano (Monkey Turn / 1996 / 30 Volumes) para tu ver como a revista chegava a ter uma boa variedade no estilo. A Sunday também tinha ótimas obras de B-Shounen, como Ghost Sweeper Mikami (1991 / 39 Volumes) e Ushio to Tora (1990 / 33 Volumes), esse último que inclusive ganhará sua versão em anime em breve, para você ver que mesmo sendo encerrado a quase 20 anos atrás (1996), ainda continua sendo bem lembrado no Japão, Ushio to Tora foi um outro mangá vindo da Sunday nos anos 90 que marcou uma geração.
Apostando nessa variedade de estilos, a Sunday trouxe vários mangás diferentes a revista, um dos mais memoráveis foi Megumi no Daigo (1995 / 20 Volumes), um slice of life que mostrava o dia a dia de vários bombeiros, mas não como uma comédia, de forma bem realista. O mangá se tornou uma febre no Japão e fez muitos japoneses sonharem em se tornar bombeiros também. Também havíamos na revista um mangá de arte marciais que ficou muito popular ao ponto de ganhar até vídeo-jogo (Na época era um privilégio de poucos), Rekka no Hono (Flame of Recca / 1995 / 33 Volumes / 25 Milhões de Cópias).
Em 1996 foi lançado um outro mangá que se tornou um dos mais importante para a revista, um mangá que simplesmente lançou a Sunday ao “universo”… Inu Yasha (1996 / 56 Volumes / 45 Milhões de Cópias), que é da mesma criadora de Ranma 1/2 conquistou o coração dos leitores da Sunday e se tornou um grandíssimo sucesso mundial, o poder do “ship” simplesmente dominou o coração da rapaziada por todo o mundo, até do brasileiro que não só se apaixonou pela história de Inu Yasha, como teve o privilégio de ouvir uma das melhores aberturas da história da TV Brasileira: “Quero mudar o mundo, cruzar os céus”… Relembra-a clicando aqui.
Podemos dizer que esta foi a última grande obra da era de ouro, inclusive Inu Yasha foi o último mangá da Sunday a conseguir vender mais de 25 milhões de cópias no Japão. Em 1997 até foram lançados vários sucessos, como ARMS, Tuxedo Gin e outros mangás, mas não chegaram a ter grandes proporções como Inu Yasha, Major, H2, Detective Conan, Flame of Recca, Ushio to Tora, entre outras dezenas de obras que já passaram pela Sunday e venderam MILHÕES. A partir de 1998 a Sunday começou a não achar mais tantos grandes sucessos assim, achava algum mangá que se destacava entre os demais, como ainda acontece até hoje, mas na grande maioria, os mangás não conseguiam vender tanto assim.
Em 1998 até tivemos Katte ni Kaizou (1998 / 26 Volumes) que conseguiu se destacar um pouco, mas é um mangá em uma revista que estreia vários em cada ano. Mesmo assim, a situação da revista ainda não estava muito caótica, mesmo porque, tinha vários mangás de sucesso ainda sendo lançados, os editores só não conseguiam achar novas obras que repetissem o sucesso das anteriores (O que não faz tanto efeito em curto prazo, mas em logo prazo é péssimo). A situação começou a ficar preocupante mesmo em 1999 quando essas veteranas começaram a terminar e as vendas da revista começaram a despencar rapidamente. Entre 2000 e 2002, a revista caiu de 2 milhões de cópias em circulação para 1.5 milhões de cópias, uma queda de 500 mil cópias em apenas 2 anos, 25% das vendas. Um resultado preocupante para para qualquer revista.
Alguns mangás até tentaram “evitar” esta queda, tivemos por exemplo Zatch Bell!! (2001 / 33 Volumes / 22 Milhões de Cópias) que foi contra a maré e conseguiu se tornar um grandíssimo sucesso mesmo com a revista perdendo público, inclusive Zatch Bell é o mangá de maior sucesso da revista neste século (Até agora, lógico) e o décimo primeiro na história da Sunday. Isso pode ser uma ótima notícia para o autor de Zatch Bell, mas uma péssima para os editores da Sunday, nem mesmo o grande sucesso de Zatch conseguia evitar a queda da revista.
Entre 2002 e 2003 houve outra queda de vendas, perdeu mais 250 mil leitores caindo assim para 1.3 milhões de cópias em circulação, mantendo assim a média de queda dos anos anteriores. Entre 2002 e 2003 foram lançados vários mangás que conseguiram fazer sucesso, como Kenichi, MAR, Kekkaishi, Yakitate!!, foi um ano bastante produtivo para a Sunday – Mas o sucesso deste mangás mesmo assim, de nenhum modo se comparava ao sucesso das obras dos anos 90, por isso não foram obras de sucesso monstruoso como One Piece, Naruto e Bleach que conseguiram reerguer uma revista que estava em decadência (Lembrando que a Shonen Jump também entrou em decadência nos anos 96, mas conseguiu se reerguer com os três mangás já citados). Kekkaishi (35 Volumes / 16 Milhões de Cópias) lançado em 2003 chegou até ser um grande sucesso também, e ajudou a frear um pouco a queda, mas mesmo assim não foi o bastante para reverter-la.
Em 2004 foram lançados outros pequenos sucessos, somando com os bons mangás dos anos anteriores, a Sunday finalmente conseguiu ter um line-up mais forte, fazendo que sua queda de vendas tivesse um grande freio, antes de cair 250 mil por ano, começou a cair entre 60 a 100 mil. Isso demonstra que de fato os novos mangás revelados estavam surgindo efeito, porém não eram o bastante para conseguir recuperar o público. É importante entender que é normal várias pessoas deixaram de ler uma revista ao longo dos anos, porém a mesma revista deve conseguir atrair novos leitores para compensar essa queda. Uma revista começa a ter um aumento de vendas quando tem mais pessoas que começam a comprar do que pessoas deixam de comprar (É inevitável que vários leitores larguem a revista, por causa da idade, trabalho, problemas pessoais, mudanças de gosto, tem vários fatores).
O que aconteceu com a Sunday é simples, a revista foi perdendo muito o público que ia envelhecendo e assim não gostando mais tanto assim de uma revista “Shonen”, preferiam comprar o volume daqueles mangás que acham interessante que de fato ler toda a revista, algo extremamente natural. Porém o público mais jovem que devia repor esta chegando, não está chegando, primeiramente pela baixa populacional no Japão (Isso interfere bastante nas vendas dos produtos para crianças e adolescentes) e também na mudança de gosto dos adolescentes, a Sunday até hoje lança muitos mangás que simplesmente não condizem com os gostos dos adolescentes japoneses, fazendo assim que muitos não tenham interesse na revista.
Voltando ao ano de 2004, o único grande sucesso lançado naquele ano foi Hayate no Gotoku (18 Milhões / 44 Volumes), um mangá de ecchi e ação que conseguiu agradar muito o público japonês – Hayate ainda é publicado na revista e é um dos principais mangás que a mantém viva. Outros mangás foram lançados nos últimos 10 anos (2005 – 2015), os que mais se destacaram foi Kongo Bancho (Do autor de Nanatsu no Taizai / 2007 / 12 Volumes), Kyoukai no Rinne (Da autora de Inu Yasha / 25 Volumes / 2009 / Em Lançamento) Gin no Saji (Da autora de Fullmetal Alchemist / 12 Volumes / 2011 / Em Lançamento), The World Only God Knows (2008 / 26 Volumes) e claramente Magi…
Magi, é o mangá de maior sucesso da Sunday nos últimos anos, a verdade é que podemos considerar juntamente com Gin no Saji e Detective Conan, Magi uma dos mangás mais importantes da Sunday atualmente, ele consegue movimentar vários comprados e ajuda a Sunday a ter muito mais visibilidade, algo que as demais obras não estão conseguindo fazer com muito excito. Mesmo assim, as vendas da Sunday continuam caindo, é verdade que agora todas as revistas estão tendo queda de vendas (Tanto pela baixa populacional do Japão, menos jovens comprando quanto pelo fato de ter a internet), porém a Sunday esta em uma situação bem desconfortável.
Atualmente só é lançado 480 mil cópias de cada edição da Sunday, a cerca de 15 anos atrás eram lançados 2 milhões, em 15 anos a revista perdeu mais que 75% do seu público. A decadência da Sunday é preocupante, mas, mesmo assim as vendas continuam boas e altas, chance disso se reverter? É possível, mas será bem difícil, principalmente porque parece que a decisão dos editores não é mais fazer que a Sunday lute contra a Shonen Magazine ou a Shonen Jump, e sim fazer com que a revista se tornar um local onde o público mais casual, mais nostálgico e que gosta de mangás mais leves e menos “encaixotados em padrões Shounens”, possam encontrar novas obras. Sim, os editores decidiram transformar a Sunday em uma revista para hipster.
Talvez seja a melhor decisão possível, já que pelo menos sabemos que podemos encontrar vários mangás interessantes na revista – E Talvez, nunca mais a Sunday venda 2 milhões de cópias ou 1 milhão de cópias, mas com certeza continuará viva e forte, trazendo vários ótimos mangás para nós, leitores de mangás.