Eu, como estudava de manhã, não podia ver o anime na TV Globinho, por isso eu colocava para gravar todos os episódios (Até hoje tenho as fitas cassetes com os episódios). Assim que eu chegava em casa, sentava na frente da televisão e almoçava vendo o episódio do dia, torcendo para ter mais uma evolução bem épica. Era um momento de alegria suprema para mim, nem a Angelica dançando com o chapéu do seu madruga na frente da abertura conseguia me incomodar, Digimon para mim foi, o anime que mais marcou minha infância.
Foram várias cenas que marcaram cada uma das crianças e adolescentes que viam o anime. Entre elas, a mais marcante para muitos, quando Patamon se digievoluiu em Angemon, pegando todos os poderes dos demais Digimons, e utilizando-o contra o vilão, Devimon – Mas usar tanto poder custou a vida de Angemon, que “morre” após usar a habilidade. Foi uma cena chocante para vários telespectadores, onde vimos Patamon finalmente conseguir se digievoluir, mas logo após ter que sacrificar a sua própria vida. Naquela mesma cena, Devimon em suas palavras finais diz os Digiescolhidos estão acabados, pois a Ilha Arquivo não é o único local dominado pelas trevas, ainda tem muitos outros lugares além do oceano, demonstrando que ainda tinha muito caminho para se percorrer.
E é isso que marcou tanto o anime, não eram simplesmente as digievoluções, mas o jeito que cada personagem se entregava para fazer aquele Digimundo, um local melhor – Ver cada um aprendendo aos poucos e evoluindo. Vimos “Mimi”, que era uma menina totalmente mimada, se tornando uma mulher bem mais madura. Vimos também, “Sora”, que tinha um drama familiar por trás, bobo, mas que para o olhar de uma criança, é bem sério. Sora queria jogar futebol, mas sua mãe não deixava, por não achar isso um esporte para meninas (Digimon, combatendo o machismo desde seus primórdios)… Assim Sora odiava a sua mãe, mas no final, no episódio em que vemos pela primeira vez Birdramon, percebemos como as duas se amam.
Tinha toda a relação de “Matt” e “T.K”, irmãos que quase nunca se vêem, pois os seus país se separaram, e Matt ficou com o pai, já T.K ficou com a sua mãe – Nesta relação entre os dois, vemos como a “separação” entre os seus país, destruiu a relação dos dois irmãos, que praticamente não se conheciam e vão criando laços aos poucos no Digimundo. Temos também “Izzy”, que é um menino excluído por todos por ser considerado nerd e muito inteligente, pela primeira vez, com os Digiescolhidos, ele consegue encontrar verdadeiros amigos, entre eles “Tai”, que desenvolve uma grande amizade com “Izzy”.
Temos “Joe” que era todo atrapalhado, tinha seu drama por trás, pelo fato do seu pai ser Médico, ele é forçado a também cursa medicina, assim deve estudar para conseguir entrar na universidade da medicina, mas Joe não quer entrar, que fazer outra carreira – Mostrando, como muitas vezes a pressão da família leva a infelicidade de muitas crianças. Por fim mesmo que a oitava digiescolhida, Kari não tinha um drama muito grande (Tirando que ela era uma menina muito frágil e doente, assim o seu irmão mais velho “Tai” se sentia na obrigação se defender), com ela tinhamos o seu digimon, Tailmon, que sofreu muito nas mãos de outras pessoas (Myotismon a torturava, batendo nela com um chicote e tudo mais), assim aprendendo a não confiar em ninguém, com Kari, Tailmon aprendeu a confiar mais nos outros.
Digimon não era somente um anime sobre monstros, tinha toda uma lição por trás e isso foi mantido, com um grau bem menor, nos demais Digimons – Aprendi muito vendo aquele anime, e acredito que muitas crianças aprenderam muito sobre amizade, coragem, família, amor e sinceridade com Digimon também. Cada saga, por mais curta que era, trazia um ensinamento. Até mesmo quando Agumon se digienvolveu em Skullgreymon, uma das cenas mais épica da televisão, tivemos uma lição por trás, como não devemos forçar alguém a fazer algo que ela não esta pronta, Agumon foi forçado e assim se transformou naquele monstro. Tai aprendeu a lição e nunca mais forçou Agumon a se digienvolver.
Tivemos também muitos outros personagens marcantes que tinham um drama por trás, por exemplo Pinocchimon que tudo que ele queria era ter um amigo, por isso manipulava as pessoas como uma marionete para conseguir este objetivo, isso demonstra como a solidão deixa várias pessoas simplesmente loucas. Wizardmon que estava trabalhando para o mal para poder ajudar Tailmon e no final, acabou morrendo por causa disso (Para mim, esta foi a morte que mais senti em Digimon, quase cai no choro ao ver Wizardmon morrendo).
Falando em morte, nunca, mas nunca mesmo vi um anime para crianças que teve tantas mortes como Digimon. Nenhum personagem morreu, simplesmente por morrer, mas constantemente eles se sacrificavam para ajudar os Digiescolhidos. Quem não se lembra Whamon, a baleia que ajuda os digiescolhidos e acaba sendo morta no combate entre Metalgreymon e Metalseadramon? Digimon também nos ensinou lidar com a perda, já que ao longo da séries, perdemos muitos, mas muitos personagens queridos.
Com certeza, Digimon é o anime mais esperado desta nova saga, seja pelos novos fãs de Digimon quanto pelos antigos que se apaixonaram pela série através do Digimon Adventure 1. Não espero um anime de altíssima qualidade técnica, mas espero novamente uma série que consiga trazer toda a lição de vida que a primeira temporada também trouxe. Eu estou preparado para voltar a me emocionar com Digimon. E vocês, o que esperam desta nova temporada de Digimon?
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