Um mercado cada vez mais lucrativo.
Após duas reflexões com temas um pouco fora do mundo dos mangás (Agradecimento e Liberdade de Expressão), voltamos a comentar sobre este mundo que tanto amamos. Nada melhor que retornar falando sobre um estilo que esta muito popular atualmente: Os mangás de esporte. Um estilo que já comentei atualmente, na reflexão quatorze, mas que desta vez vamos analisar mais a presença do estilo no mercado atual de jogos e não apenas o diferencial de um mangá de esportes comparado aos demais.
É inegável que os mangás de esportes tem uma importância gigantesca na formação de vários jovens por todo o mundo, muitas vezes não temos interesse nenhum por alguma atividade, mas ao ler um mangá sobre esta atividade passamos a ter muito, mas muito mais interesse. Quando somos jovens, chegamos até a tentar praticar aquela atividade, mas aos poucos o cenário do universo de mangás começa a mudar.
Antigamente, as revistas lançavam um mangá de esporte com o foco unicamente no público masculino, mas ultimamente, aos poucos foram percebendo que é possível alcançar um público ainda maior, também o feminino. Deste modo vemos vários mangás sendo selecionados pelos editores, porque percebem que eles tem, de certo modo, um apelo ao público feminino.
Não é que antes nenhuma mulher gostava de esportes, muito pelo contrário, existia e existem várias que gostam de mangás que são focados para deste estilo de mangá, temos uma mania de pensar que mulher não gosta de esporte, um pensamento machista, que tenta excluir de toda forma o público feminino dos esportes (“Mulher não gosta de Futebol” e etc). Mas é que antigamente, este grupo era claramente uma grande minoria, já que os autores e produtores faziam de tudo para agradar SOMENTE os homens, mas atualmente estão reparando que podem fazer um mangá que consiga ter elementos que até as mulheres que não gostam de esporte, possam gostar do mangá.
O grande exemplo disto é o apelo fujoshi que tem em muitos mangás, Kuroko no Basket quando foi lançado de nenhum modo havia um objetivo de ter este apelo, mas o estúdio de anime ao ver o potencial que a obra havia neste sentido, decidiu criar uma animação que conseguisse agradar o público feminino que gosta de fujoshi, isto foi responsável pelo grandíssimo boost de vendas que o mangá teve. Ao mesmo tempo, por trazer um público um pouco controverso, o mangá ganhou vários haters, que chamam de “Basquete para garotas”.
Kuroko no Basket
A verdade é que aos poucos os estúdios de animes e as revistas de mangás estão reparando que um mangá de esporte pode ser tão lucrativo quanto um mangá de B-Shounen. Vemos obras, como Baby Steps que adicionam juntamente ao drama do esporte, um romance que consegue agradar o público que gosta de um pouco de “amor” nos mangás… São apostas válidas, que fazem que os mangás atuais vão além dos elementos já conhecidos que são: Superação e trabalho em equipe.
Já não basta um mangá ter bons jogos, já não basta ter um protagonista interessante que tem um background triste e com aquele esporte irá se superar e se tornar o melhor. Este elementos já estão bem saturados, atualmente é necessário adicionar a história vários outros elementos que podem enriquecer ainda mais a história. E se no final, se a obra também tiver um traço que consiga chamar atenção do público fujoshi (Que é diferente do público feminino em geral), melhor ainda.
Vendo estes novos horizontes, vemos algumas apostas diferentes, temos Hinomaru Zumou que aposta em um esporte que já se tornou usual para quase todos os japoneses, inicialmente isto pode parecer um ponto negativo, e de fato é uma dificuldade para o mangá, mas aos poucos, por ser diferente dos demais, vai se tornando um ponto positivo. Já os estúdios de animes, ao pegarem um anime, tentam ao máximo maximizar o apelo fujoshi que um mangá pode ter, fizeram isto com o anime de Haikyuu!! e a criação do anime de Free! e o seu sucesso, é a prova da força do público fujoshi quando o assunto é vender gadgets.
Temos até mangás de futebol que apostam em dramas diferentes, como 1/11 onde o romance domina totalmente a história contata, o objetivo é conseguir conquistar aquele leitores mais casuais, que passam a se interessar pelo esporte por causa dos elementos externo. E por fim, ainda temos aqueles mangás que apostam no público masculino, adotando uma estratégia de muito ecchi, mas mesmo assim, um mangá de esporte com tantíssimo ecchi, estratégia adotada por Takujou no Ageha, é uma das inovações que apareceram nos mundos dos mangás nas últimas duas décadas.
1/11 (Finalizado – Jump Square)
Mas tudo deve ser muito, mas muito bem calculado, é verdade que um mangá de esporte para fazer sucesso atualmente deve apostar em vários outros elementos, que antigamente não eram muito bem aproveitados (Ficavam em segundo plano), mas os jogos ainda devem ser interessantes e principalmente, onde o mangá é lançado também é importante. Free! fez sucesso porque agradou o público fujoshi, que é predominante no universo dos Animes, mas quando a Shonen Jump tentou fazer o mesmo com Tokyo Wonder Boys, o mangá foi um fracasso, isto porque o público foco, não era o público que comprava a revista, que ainda é predominante masculina, além do mangá ter jogos de futebol irrealistas e ridículos.
Aliás, a realidade é um dos pontos importantes. Os mangás do gênero atualmente devem ter uma arte belíssima, o autor deve saber desenhar quadros fantásticos, com cenas que passam a emoção do esporte e ao mesmo tempo também deve passar realidade, cada vez mais mangás de esportes irreais, como era Super Campeões tem muito menos espaço. Rikudou que tenta apostar neste elementos, consegue até fazer um relativo sucesso, mas ao mesmo tempo recebe uma chuva de criticas que é destruidora. Deste modo, um mangá deve mostrar o esporte de forma verídica, mas ao mesmo tempo artisticamente bonita.
Assim mais do que nunca, o Japão vai percebendo que os mangás de esportes, talvez não vendam seus volumes tanto quanto um B-Shounen como Naruto e One Piece, mas conseguem ter uma venda de gadgets incrível. O mercado se expandiu tanto que não se resume mais a simples vendas de volumes ou audiências televisivas, hoje um mangá de esporte vende acessórios, camisas, travesseiros, posters e vários outros gadgets que movimentam e dão lucros enormes para as empresas que os financiam. Se antes somente os homens compravam a latinha de refrigerante de Slam Dunk, atualmente homens e mulheres compram a latinha de refrigerante de Kuroko no Basket.
Esta expansão e variedade de elementos dentro do tema, faz com que muitas mais pessoas percam seu preconceito perante a uma obra que segue o estilo – É cada vez mais raro encontram alguém que não leia uma obra de basquete, só porque não gosta de basquete. Justamente por estes mangás terem elementos extras que vão além ao básico de superação, jogos e trabalho em equipe, que conseguem atrair mais e mais público. A tendência do mercado é que cada vez mais seja comum adicionar pontos extras as obras, mangás como Cross Manage¹ no futuro terão muito mais espaço, pois adotam o esporte como um elemento secundário e o “slice of life” como elemento primário
¹ – Talvez o fracasso do mangá também seja por causa da revista lançada, querendo ou não, a Shonen Jump continua sendo uma revista com um público bem tradicional, bem mais que uma Shonen Magazine, por exemplo.
Não estou dizendo que os jogos não são essenciais para o sucesso do mangá do gênero, ainda são muito importantes, já que todo o drama ainda deve rodar ao redor do esporte que o autor decidiu cobrir, mas ele não passa ser o único ponto de entretenimento ou drama, existe vários outros pontos que dão um gigantesco “plus” as obras do gênero. É incrível ver a evolução de um estilo que antes sofria muito preconceito e agora, é aceito e assistido por pessoas com gosto muito diversos.
Quem comemora com esta diversificação e também evolução do estilo? Primeiramente nós leitores, que agora tem várias obras de esporte que tem vários detalhes diferentes, não só mais simples jogos, são um drama enorme que circunda a obra. E depois, logicamente, quem comemora esta fantástica expansão que o estilo esta tendo, é as empresas, que estão lucrando cada vez mais com a venda de produtos extras dos seus mangás e de seus animes. É uma expansão e evolução que traz pontos positivos para todos.