Nascido em 6 de Setembro de 1945 em Ishikawa, exatos 1 mês depois da queda da bomba atômica em Hiroshima, Kiyoshi Nagai, conhecido artisticamente como “Go Nagai” foi o quarto filho de um total de cinco. Já quando adolescente gostava muito de ler obras da literatura japonesa e americana, foi lendo ua dos seus livros preferidos, a divina comédia, que conheceu o ilustrador francês Gustave Doré que fez várias ilustrações fantásticos da versão japonesa do livro de Dante Alighieri, as influências claras desta obra podemos ver por exemplo em Devily-Man, onde de uma forma mais mais estilizada ao seu próprio traço, ele trás vários conceitos e design das pinturas de Gustavo Doré. Outro autor que influenciou muito Nagai quando era jovem foi o japonês Osamu Tezuka, o genial criador de Astro Boy e Lost World.
Harenchi Gakuen foi um dos primeiros mangás “ecchi” da história e contava sobre um grupo de alunos tarados que faziam de tudo para ver as calcinhas das demais alunas e também das professoras, era uma comédia bem sexualidade e que agradou muitos os jovens da época. No entanto o sindicado dos professores do Japão e os pais desses jovens, odiaram o mangá e começaram a protestar para que ele fosse encerrado, contudo a Shonen Jump não se importou, por causa do mangá a revista começou a vender acima de 1 milhão de cópias a semana e asim começou a se tornar finalmente a “famosa Shonen Jump”, deste modo mesmo com as polêmicas a revista manteve o mangá por mais tempo possível até o dia em que foi obrigada por causa da pressão da mídia encerrar o mangá, Go Nagai não deixou barato e terminou a série com um final genial: A escola foi invadida por um exercito de pais e professores revoltados e massacraram todos os alunos do colégio. Uma crítica a repressão que ele recebeu das famílias mais tradicionais.
Mesmo seguindo um estilo diferente, que teoricamente deveria ser menos polêmico (Mangás sobre mechas não deveriam ser muito polêmicos), a mídia caía matando sobre Go Nagai, dizendo que todos os conflitos dos seus mangás eram resolvidos com a violência e nunca com o dialogo, o que era verdade, mesmo que ao meu ver isso não é motivo de crítica, é somente um estilo. A mídia tradicionalista nunca se deu bem com as idéias revolucionárias de Go Nagai, sempre indo contra a qualquer mangá que ele lançasse, não deu em nada, só ajudou o mangaká a ficar mais em destaque e seus produtos venderem ainda mais.
Em 1990 em homenagem as várias obras criadas por Go Nagai, que foi percurso do Ecchi, dos Mechas e do Horror no Japão, foi lançada em VH1, 3 OVAS de 45 minutos que faziam um fofo e louco crossover de várias séries de Go Nagai, este VH1 foi lançado no Japão, Estados Unidos e Itália, inclusive tenho um amigo que ainda tem. A obra se chama ” CB Chara Go Nagai World” (Foi desse desenho que retirei o nome da matéria) e deixarei na área dos comentários o vídeo do primeiro episódio legendado em inglês com áudio original em japonês.
Porém já nos anos 90 já dava para perceber que o autor vinha perdendo forças, seus traços ainda lembravam muito os mangás dos anos 70, ficando muito “ultrapassado”, o próprio Go Nagai também já não tinha mais tanta disposição e criatividade, fazendo cada menos mangás e deixando para outros autores e mídias criaram spin-off e continuações de suas obras consagradas… Porém mesmo produzindo muito menos mangás que antigamente, as suas obras continuavam vendendo muito e era produzido a rodo spin offs de Mazinger, Devilman, Violence Jack, Harenchi Gakuen, Cutey Honey, entre muitas outras obras de autoria de Go Nagai.
É inegável que os anos 70 e 80 foram o auge da carreira do autor, as suas principais obras saíram dessa época, obras que tem versões lançadas até hoje, em 2013 mesmo foi lançado um Spin off chamado Devilman Lady VS Cutey Honey, dois mangás lançados em 1972 que até hoje continuam sendo comercialmente rentáveis. E também é inegável a importância de todas essas obras para a criação do cenário atual de mangás, para muitos Go Nagai é o principal mangaká da história, e não posso discordar deles, porque se analisarmos bem, tantos e tantos conceitos que os Japoneses utilizam nos seus mangás vieram das obras do mestre.
Atualmente Go Nagai é professor de Character Design na Universidade de Artes de Osaka e membro do comitê avaliador de umas das principais premiações de culturais japonesas, a Tezuka Osamu Cultural Prize. Mas o que podemos aprender com a história de Go Nagai? Dessa incrível história desse incrível autor, sobre o que podemos refletir?
Mesmo com sua mãe tentando prejudicar a sua carreira, mesmo com os críticos caindo tentando “expulsar” o seu conteúdo do país, julgando imoral as suas obras, inclusive Gakuen deve que ser terminado pela perseguição que as familias mais tradicionais e conservadores fizeram ao mangá, ele continuou lutando pelos seus ideais, trazendo os mangás no seu próprio estilo e mantendo em pé o seu sonho, por mais que teve muitos problemas ao longa da carreira, Go Nagai continuou seguindo em frente e foi por isso, por nunca desistir, por seguir o seu sonho de ser um mangaká e principalmente por acreditar na sua própria arte que foi tão longe.
Espero que sirva de exemplo para todos vocês que pensam em seguir uma carreira mais tradicional, somente porque a sua família pede, todos podem ter sucesso se seguirem os seus próprios sonhos, independente de qual sejam… Se tu quer se músico, seja músico, se tu quiser ser historiador, seja historiador, se tu quiser ser design gráfico, seja design gráfico e se tu quiser ser médico seja médico, independente da profissão, siga os seus sonhos. Imagine se Go Nagai seguisse o que sua família quisesse, e se tornasse um advogado ou um médico (Não é que não gosto dessas profissões, muito pelo contrário tenho objetivo de fazer estudar a área médica no futuro), com certeza teriamos perdido um grande autor e provavelmente ele não seria tão feliz e famoso quanto é agora.
Não liguem para julgamentos, não liguem para mentes conservadores, sejam livres em ser o que querem e seguirem o caminho que quiserem!