Após a grande aceitação dos dois primeiros quadros de “Conhecendo Magazines Japonesas”, logicamente eu deveria dar continuidade nesse grandioso quadro – Esta semana estou trazendo nada mais, nada menos que a história da Shonen Magazine, a segunda maior magazine do Japão.
Atualmente vendendo em média 1,3 milhões, a Shonen Magazine é de certo a segunda magazine mais procurada para os autores novatos e jovens lançarem seus mangás, só perdendo para sua irmã de ódio, Shonen Jump – Porém, deixo logo claro, esta matéria será dividida em duas partes, porque a história dessa espetacular Magazine não é nem um pouco pequena, muito pelo contrário, é gigantesca. Deste modo, dividirei entre a matéria em duas parte, a segunda vindo semana que vem na Reflexão Semanal número 19.
Com o primeiro volume lançado em 1959, a Shonen Magazine foi uma das primeiras revista no gênero a chegar no mercado – O sucesso da ShuMaga, apelido que a revista recebeu dos japoneses, foi imediatado, se tornando assim a revista do genero de maior sucesso, inclusive vendendo mais que a Shonen Jump e a sua principal rival na época, Shonen Sunday.
O sucesso da Magazine na decadas de 60 foi por causa da sua grande linhas de mangás de altíssima qualidade, que iam de GeGeGe no Kitarô que estreou praticamente junto com a Magazine à Ashita no Joe, também conhecido como Rocky Joe no mundo ocidental – O mangá de boxe conseguiu fazer um sucesso estrondoso pelo mundo todo, assim sendo um dos primeiros mangás a deixar em evidência o mundo dos animes e dos mangás.
Deste modo, a decada de 60 foi uma era de sucesso para a Shonen Magazine. Todos os jovens acompanhavam a revista para saber a continuação de Rocky Joe, rir com as ótimas piadas de Tensai Bakabon e GeGeGe no Kitarô, e principalmente para saber os novos mangás que iam sair na revista… Mas a era de ouro ainda não havia acabado
A decada de 1970 simplesmente jogou a Shonen Magazine no estrelado, a revista foi reparando o sucesso dos mangás de esporte e comédia na revista, assim dando ainda mais destaque as obras deste genero, fazendo sair vários mangás de esportes em pouquíssimo tempo. Por mais que isso tenha dado um sucesso momentanêo gigantesco a ShuMaga, já que revelou assim ótimas obras de esporte como Yakyuu-Kyou no Uta e Karate Baka Ichidai, fez que a revista ficasse saturada de mangás com o mesmo genero.
No final dos anos 70, ainda dominando no Japão, sendo a mais vendida, a ShuMaga já não era mais interessante aos japoneses – Por mais que haviam bons mangás ecchi, frutos da boa recepção de Devilman no começo dos anos 70, e até boas comédias, a Sunday e a principalmente a Shonen Jump começavam até uma line-up mais voltada para os mangás de batalhas, que sinceramente, eram muito mais chamativos e comerciais que mangás de esporte ou comédia.
Assim, percebendo o crescimento da popularidade da Shonen Jump com mangás mais maduros (Cobra e Ring ni Kakero), no final dos anos 70 a Shonen Magazine já foi apostando neste estilo também, o problema é que sua alta censura nas revistas, prejudicou o avanço de vários mangás – Enquanto várias magazines iam se abrindo a temas sexuais, maduros e sangrentos, a Shonen Magazine de certa forma preferia se fechar, sendo uma revista mais “tradicional”. Até alguns anos atrás, a ShuMaga ainda proibia ter “mamilo” femininos nos seus mangás, sendo a única revista Shounen a ter esta restrição.
Deste modo, com uma boa seleção de autores e mangás no final dos anos 70, começo dos anos 80, a Shonen Jump foi de forma rápida e devastadora alcançando a Shonen Magazine… E foi com Hokuto no Ken, um dos mangás mais sangrentos que pareçam na Shonen Jump, que finalmente a Shonen Jump ultrapassou em popularidade e vendas a ShuMaga.
A revista que era considera suberana na década de 60 e 70, finalmente foi derrubada – As baixas de vendas fizeram os editores mudarem totalmente o modo de produzir mangás e também de selecionar autores, mudanças que só prejudicaram ainda mais a revista, que ia afundando ano após ano. Se em 1983, com Hokuto no Ken a Shonen Jump simplesmente explodiu, em 1985, com o sucesso gigantesco de Dragon Ball, a Shonen Magazine foi totalmente deixada para trás.
No final dos anos 80, enquanto a Shonen Magazine havia como principais mangás: Mister Ajikko, Break Shot, Babari Legends e já clássico Rocky Joe, a Shonen Jump havia em suas mãos Dragon Ball, Saint Seiya, Kochikame, JoJo, City Hunter, Sakigake!!, Dragon Quest, Bastard!!, Magical Taluluto, Rokudenashi Blues, Chamaleon Jail entre outros vários mangás. Por isso, a Shonen Magazine e também a Shonen Sunday foram sucumbidas pelo sucesso da Shonen Jump.
Vendo isso, mais uma outra reestruturação foi feita na Shonen Magazine, desta vez visando uma crescimento na década de 90, nesta nova reestruturação os editores decidiram apostar em uma maior variedade de mangás, assim tendo mangás com tematica de investigação bem sérios, comédias super divertidas, mangás para agradar as garotas, outros para agradar os marmanjos que gostam de porradaria e por fim ótimos mangás de esporte, que já é de costume da revista.
Foi nesta gigantesca reestruturação que nasceram incríveis mangás como, Boys Be, Chameleon, Aoki Denstsu Shoot!, Shonan Junai Gumi e o espetacular, tão amado, tão venerado, Hajime no Ippo! A Shonen Magazine com estes novos mangás conseguiu dar uma grande respirada, e demonstrou que ainda tinha capacidade de encontrar mangakás extremamente talentosos. Porém, por mais que a nova line-up da Shonen Magazine era extremamente forte, ela ainda sofria com o fato da Shonen Jump continuar TAMBÉM com uma line-up fortíssima de mangás.
Mas aos poucos a Shonen Jump foi perdendo sua força, tendo concentrando em poucos mangás sua grande popularidade, assim, fazendo que o pessoa comprasse a revista não pelo todo, e sim para lerem 3 ou 4 mangás, e em meados dos anos 90, esses três mangás eram Yu Yu Hakusho, Dragon Ball, Slam Dunk e JoJo – Havia outros mangás bons como Rorouri Kenshi e DNA², mas não eram tão grandes como os quatro já citados.
Com o fim de Yu Yu Hakusho, em 1994. Dragon Ball, em 1995 e Slam Dunk em 1996, a Shonen Jump estava desolada, sem ter mangás fortes para conseguir atrair o público – Foi neste momento que a Shonen Magazine, liderada por Hajime no Ippo, conseguiu finalmente abalar as estruturas da intocável Shonen Jump, chegando em 1997 ser a revista mais vendida do Japão novamente.
Porém, a nova era da nossa querida ShuMaga será contada na segunda parte desta matéria, que sairá no domingo que vem – Espero que vocês tenham gostado desta primeira parte, e quem sabe, em um futuro próximo eu não comece a analisar também o TOC da Shonen Magazine.
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