Em uma revista, relativamente familiar no Japão, onde os editores evitam quanto mais possível tratar de assuntos polêmicos, sempre surgem autores prontos para quebrar essa melancolia da revista, assim quebrando as regras morais da Shonen Jump e trazendo mangás polêmicos. Outros autores, por mais que não tragam mangás polêmicos, o seu modo de agir pode trazer muita confusão a revista. Na quinta parte do “Conhecendo os autores da WSJ”, falaremos de: MANGAKÁS POLÊMICOS.
Infelizmente essa semana não tivemos Weekly Shonen Jump, o que é um fato bem triste, pois é estranho ficar uma quarta-feira sem fazer uma análise do tradicional TOC, mas não é porque não temos uma nova edição esta semana que não iremos discutir um pouco sobre a nossa revista preferida.
Depois de muito tempo da quarta parte (Quem é leitor antigo do blog, sabe muito bem que demoro anos entre uma parte e outro de artigos, então nem esperem a PARTE 6 tão cedo), decidi trazer nesta “quarta-feiras de cinzas”, a quinta parte do “Conhecendo Autores da Weekly Shonen Jump”.
O tema desta semana será autores polêmicos, falaremos de vários autores que geraram muitos problemas para a Magazine, alguns foram até parar na prisão. Então, não vamos perder tempo e começamos essa viagem problemática no mundo dos mangakás:
Mitsutoshi Shimabukuro com TAKESHI!
Nada melhor do que começar com o autor de Toriko, Mitsutoshi Shimabukuro – Quase todo mundo conhece o trabalho atual de Shimabukuro, Toriko, mas poucos sabem do passado negro do autor. Estreando em 1997, com o mangá de comédia infantilizada, Seikimatsu Leader Den Takeshi!, Shimabukuro conquistou vários fãs ao redor do Japão.
O mangá se tornou tão popular no Japão que chegou a ganhar o prêmio de melhor mangá infantil em 2001, um ano antes da polêmica que mudaria toda sua vida. Em 2002, o autor foi preso por prostituição infantil, após pagar cerca de 80 mil yenes a adolescentes japoneses de 16 anos para fazer sexo em um motel… Isso lhe deu vários anos de prisão, e principalmente, obrigou a Shonen Jump a cancelar Takeshi!
Mas por causa do grande sucesso do autor e também do mangá, a Jump decidiu dar uma segunda chance a Shimabukuro – Primeiro deixou ele terminar de forma satisfatória o mangá, assim que terminou de cumprir sua pena, anos depois… E logo após também deixou ele voltar a revista com um novo mangá, Toriko. Precisa ter uma ótima relação com os editores para após tudo isso, ainda ser apoiado.
Go Nagai com Harenchi Gakuen
Go Nagai talvez seja o mangaká mais polêmicos de todos os tempos, se formos considerar os mangás que ele desenhou – Autor de Devilman e Cutie Honey, o seu mangá mais polêmico de todos, foi de fato Harenchi Gakuen.
Lançado na Weekly Shonen Jump em 1968, tendo ao todo 13 volumes, foi, talvez, o primeiro mangá ecchi propriamente dito da história – E logicamente causou muita polêmica, os japoneses ficaram chocados e ao mesmo tempo excitados pelas cenas “pornograficas” que existiam no mangá… Cenas que iam totalmente contra as morais tradicionais dos japoneses na época. Havia mães que chegaram a proibir os seus filhos de comprar a Weekly Shonen Jump, porque achavam inapropriado conteúdos “sexuais” e pervertidos como de Harenchi Gakuen. Porém o sucesso com os jovens, fez que o mangá vendesse muito bem, e deu um prestígio enorme ao autor.
Mas se você acha que para Go Nagai Harenchi pastou, ele lançou vários outros mangás polêmicos, um dos mais conhecidos é Devilman que tem cenas de sexo explícitos entre criaturas demoniacas, levando grupos religiosos cristão a loucura. O autor chegou a se ameaçado de morte e considerado “satanista” por muitos religiosos.
Ao longo dos anos, Go Nagai foi mudando seu estilo, fugindo um pouco dos Ecchi e até partindo para assuntos mais sérios. Atualmente ele continua lançando vários mangás, um atrás do outro, além de trabalhar como professor de Character Design na Universidade Artística de Osaka desde 2005.
Kazushi Hagiwara com Bastard!!
Kazushi Hagiwara é daqueles autores que causam polêmicas pelo seu modo de agir e também pelos mangás que produzem – Hagiwara começou sua carreira de mangaká como assistente do mangaká de Hentai, Dirty Matsumoto, experiencia que foi valiosíssima para seus futuros projetos.
Vendo seu potencial, a Shonen Jump em 1987 decidiu dar uma chances ao autor, que teve como seu “debut”, o mangá Binetsu Rouge, que infelizmente não fez muito sucesso e com poucos volumes foi cancelado. Mas mesmo assim com esse fracasso, a Shounen Jump decidiu dar mais uma outra chance a Hagiwara.
Foi na sua segunda chance que ele lançou o genial e polêmico Bastard!!! – Um mangá que por mais que estava sendo lançado em uma revista focada ao público adolescente, parecia ter sido criado para uma revista de público adulto. Com várias referencias as bandas de rock ‘n roll da época, Bastard também ficou famoso pelas suas fortes criticas religiosas, cenas de luta sangrenta e por último, cenas relativamente pornográficas.
Como todo autor preguiçoso e polêmico que se preze, Hagiwara entrou em hiatos com Bastard, e o último volume do mangá foi lançado a mais de 10 anos atrás – O autor continua prometendo que irá continuar o mangá, atualmente publicado na Ultra Jump, mas cada dia que passa os fãs vão perdendo a esperança.
Tsugumi Ohba e Takeshi Obata com Death Note
O primeiro trabalho da dupla de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata simplesmente revolucionou o mundo dos mangás, e também a Shounen Jump – Trazendo uma história fantástica, profunda, polêmica e com pouquíssimas cenas de ação.
O mangá foi escrito por Tsugumi Ohba que tem um passado muito misterioso, fazendo as pessoas acreditarem que esse nome seja só um “nickname”, e que ele já atrapalhou anteriormente com outros mangás… Há teorias que dizem que Ohba seja Hiroshi Gamô, autor de Tottemo! Luckyman, que também foi publicado na Weekly Shonen Jump. Já Takeshi Obata é era conhecido pelos japoneses quando saiu Death Note, principalmente pelo seu primeiro mangá lançado na Weekly Shonen Jump foi o gigantesco sucesso Hikaru no Go.
A união dos dois autores, um que era teoricamente novato com outro que era conhecido por ilustrar um mangá de esporte, não era esperado por ninguém – Mas não é que a dupla deu muito certo? Death Note foi um sucesso de criticas e conquistou vários fãs, vários deles bem irritantes e fanáticos. Porém, junto com sua fama veio várias polêmicas em relação ao mangá, principalmente pelo modo que ele trata a sociedade e, principalmente a solução que o mangá dá para resolver o crime do mundo.
Após um garoto se suicidar por causa do mangá na China, Death Note foi banido do país, assim até hoje não sendo permitido negocia-lo no país. Vários outros paises cogitaram banir Death Note, pelo seu conteúdo, mas só mesmo a China colocou esse plano em prática.
Após Death Note, a dupla lançou Bakuman, que é um mangá que fala sobre o mundo dos mangás e como é difícil se tornar um mangaká de sucesso. Atualmente os dois estão se envolvendo em projeto paralelos, Obata o ilustrador acabou de terminar sua mini-série All You Need Is Kill, enquanto Ohba continua lançando vários One Shots em diferentes revista.
Kazuki Takahashi com Yu-Gi-Oh!
De fato, Kazuki Takahashi é o primeiro autor repetido da série, já que anteriormente eu já havia comentando sobre o mangá (Na parte 01), mas não poderia falar sobre autores polêmicos sem falar das grandes polêmicas que Yu-Gi-Oh! trouxe ao mundo ocidental.
Em sí no Japão, Yu-Gi-Oh! foi muito bem aceito, ficou popular entre as crianças e os país não vinham nenhum mangá em seus filhos jogar um jogo de carta – Porém no ocidente, por causa do cristianismo, Yu-Gi-Oh! por todo o mundo começou a ser massacrado… Várias mães proibiam seus filhos de assistir o anime por que consideravam coisas do demônio.
No Brasil, a rede de televisão Record, na época muito sensacionalista, começou a propagar uma história sobre demônios sairem das cartas e capturarem as crianças que estava jogando, fazendo que várias mães, ignorantes e facilmente manipuláveis, com medo proibissem seus filhos de comprarem as cartas. Caso vocês queiram saber um pouco mais sobre a história do autor, que aliás é muito interessante, clique aqui
Saki Hasemi e Kentaro Yabuki com To Love-Ru
Da dupla de autores Saki Hasemi e Kentaro Yabuki, To Love-Ru ficou famoso pelo seu ecchi de altissima qualidade que agradou muito o público adolescente leitor da Weekly Shonen Jump – Mesmo que também, pelo mesmo motivo, ganhou vários haters que queriam de todo o modo o cancelamento do mangá. O mangá era muito criticado por tratar de forma erótica personagens com corpo infantil, deixando a crer para alguns que o mangá estava “aclamando a pedofilia”.
Os seus autores já eram bem vividos quando começaram a desenhar o mangá, Kentaro Yabuki, ilustrador, tinha em sua bagagem vários mangás, o mais famoso deles foi Black Cat (Weekly Shonen Jump, 20 volumes). Já Saki Hasemi não tinha ainda trabalhado em nenhum mangá, mas já havia ajudado na ilustração de animes, como por exemplo Pinky Street e por incrível que pareça foi coordenador do design de cenários de vários episódios do anime de Black Cat.
Atualmente a dupla continua junto lançando a continuação do mangá, To Love-Ru Darkness na Jump Square – O mangá continua extremamente polêmico, mas por trabalhar com um público mais adulto, a polêmica é infinitivamente menor.
Blog News:
Esta foi a pequena e rápida parte 5 do “Conhecendo Autores da Weekly Shonen Jump” – Mas não fiquem triste (Acho que ninguém ficou, mas continuemos), será postado com mais frequência esta matéria, e não a cada 4/5 meses como venho postando. Aliás, tenho uma notícia ainda melhor, por causa do grande sucesso do “Conhecendo os Autores da Weekly Shonen Jump!”, começarei a também escrever sobre autores de outras revistas! Fiquem atentos.
Sobre o sorteio da edição 37/38 da Weekly Shonen Jump, a revista já foi comprada, e em breve deve chegar na minha casa… Assim que ela chegar, via correio, começo o sorteio. Acredito que isso deve acontecer daqui a 2 à 4 semanas.