Como eu disse no tópico do TOC da Weekly Shonen Jump eu havia o objetivo de trazer de volta a minha coluna semanal: “Reflexões Semanais”, mas após dar uma leve analisada, percebi que não valeria a pena ressuscitar esta coluna que fez tanto sucesso no blog a alguns meses atrás, neste exato momento, pois eu não teria possibilidade de trazer a coluna semanalmente. Assim decidi trazer uma edição especial.
Para essa edição, escolhi um assunto que vocês vem me pedindo a muito tempo, falar um pouco sobre outras magazines japonesas, do mesmo modo que falei da Weekly Young Jump – Para começar esta discussão sobre Magazines de Comics (Como são chamadas no Japão), decidi trazer as duas mais pedidas por vocês: A Ultra Jump e a shonen Champion
Ultra Jump
Por mais que atualmente os quadrinhos japoneses sejam mais populares com o público adolescente, a verdade é que eles foram criados como uma diversão para o público adulto, história de humor que contavam o cotidiano dos japoneses… Aos poucos os mangás foram se transformando em material sério, mas ainda totalmente fieis a história.
Nos anos 30 ou 40, começou a se popularizar mangás sobre samurais… Estilo que até hoje é muito respeitado, não só no Japão, mas em todo o mundo – Este respeito que temos sobre mangás de samurai, podemos dizer que é “culpa” do clássico: “O lobo solitário”, lançado em 1970… Um dos melhores mangás de já feitos e leitura obrigatória para a maioria dos “otakus”.
O problema é que no meio deste período de crescimento dos mangás, começou a surgir várias revista Shounens, tentando levar os mangás adultos para um público mais infantil e adolescente (Já que perceberam que os quadrinhos tendiam a fazer mais sucesso com as crianças do que com os adultos) – De fato, imediatamente as revistas Shounens começaram a fazer um sucesso tremendo.
Em contraposição a este crescimento adolescente no mundo dos mangás (Que começou principalmente nos anos 60), chegou a Weekly Young Jump – Com o seu proposito de ter uma magazine SOMENTE para adultos. Uma revista que poderia ter nudismo, sexo, violência gratuita (O que tinha também na revista Shounen, mas em menor escala) e trata de assuntos mais filosóficos. O sucesso da Young Jump foi estrondoso e a revista começou a publicar vários spin-off. Um deles foi a Young Jump: Ultra Special Issue”.
Uma revista que continha capítulos especiais de mangás famosos da Young Jump e ao mesmo tempo tinha vários One-Shots. A Ultra Jump fez um sucesso enorme, e assim decidiram em 1999 transforma-la em uma revista própria, sem mais nenhuma ligação com a Young Jump. A Ultra Jump se tornou uma revista MENSAL de mangás Seinens.
Por muito tempo a revista ficou com um line-up bem fraco e que não chamava muita atenção do público, mas de alguns anos pra cá, a Ultra Jump pegou uma força incrível e começa a chamar atenção de vários leitores ocidentais.
Com uma grade composta por principalmente: JoJolion, Jumbor, Bastard, Dogs/Bullets, Tail Stars, Peace Maker e Hayate X Blade, entre outros mangás. Tendo como líder desta leva, logicamente o grandioso: Jojolion.
O motivo da Ultra Jump ser uma revista escolhida por tantos autores veteranos, é a sua liberdade de criação – Em nenhum momento a revista faz pressão para que o autor continue seus mangás… Por isso, podemos considerar a revista uma das mais tranquilas de se trabalhar.
Um autor como de Bastard, que é super preguiçoso (Lançando 27 volumes em 35 anos) consegue se encaixar perfeitamente a revista – Pois pode trazer seu material adulto bem oitentista, sem nenhuma restrição e quando bem quiser… Sem ter nenhuma pressão de diretores que ficam obrigando-o a continuar o mangá mês após mês.
O mesmo vale para o autor de Jojolion, Hirohiko Araki, que escolheu a Ultra Jump pois teria A TOTAL liberdade de escrever sua série. Aliás, podemos considerar Bastard e Jojolion os mais mais maduros dá revista, também os mais filosoficos.
Esta oitava parte da saga de JoJo esta simplesmente espetacular, Araki esta levando a história e seus mistérios de forma surpreendente… Os personagens criados são TODOS multidimensionais e tem várias questões sociológicas presente neles. Ao meu ver, esta sendo por enquanto, a melhor saga de Jojo.
Mas tirando Bastard, o primeiro mangá a chamar atenção do público casual a revista foi Jumbor – Do criador de Shaman King, Takei, o mangá é um remake do Jumbor lançado na Weekly Shonen Jump (Que foi cancelado com apenas 3 meses de publicação).
Foi muito interessante como os editores da Ultra Jump se comprometeram com Takei a melhorar o roteiro de Jumbor e relança-lo, assim também transformando-o em um pequeno sucesso dentro da revista. Os elementos Shounens foram amadurecidos, conseguindo-o deixar em um intermédio para o público adolescente e para o público adulto.
É por isso que a Ultra Jump se configura atualmente entre uma das principais revista mensais lançadas no Jump, pelo seu apoio INCONDICIONAL que eles dão aos seus autores, antes de adotar a filosofia da Shounen Jump que é: “Fez sucesso apoiamos. Fracassou cancelamos” – A Ultra Jump se esforço a transformar um possível fracasso em um grande sucesso.
Além de ao mesmo tempo, dá liberdade e tempo para que os autores veteranos possam trabalhar suas séries como quiser, sem interferir de forma absurda em suas histórias, só dando algumas dicas que qualquer editor daria. A tendência é a Ultra Jump ao longo dos anos ir só crescendo, chamando mais autores veteranos a sua revista e também lançado mais sucessos de autores novatos!
SHONEN CHAMPION
Em contraposição a qualquer revista Seinen, existe uma Shonen. Por isso, desta vez falarei de uma outra revista que tem um line-up fortíssimo, mas é esquecida pelo ocidente (Que na verdade só se importa com a Shonen Jump e a Shonen Magazine). Publicada pela Akita Shoten, a revista teve sua primeira Issue liberada em 1969, desde lá se mantém firme e forte, como a quinta revista shounen mais forte do Japão.
Por ser de uma produtora pequena, a revista nunca conseguiu um grande destaque nem em vendas dos seus volumes individuais e nem na venda a própria revista. A maioria dos leitores da Shonen Jump são verdadeiros otakus ou hipsters.
Mas isso não significa que a revista tenha um conteúdo fraco, muito pelo contrário, a Champion sempre foi conhecida por haver muitos bons mangás no cenário underdog – Um deles exemplo é o atual grande sucesso da revista, o mangá de ciclismo: Yowamushi Pedal.
O mangá tinha vendas bem modesta até o lançamento do seu anime que conseguiu dar um destaque gigantesco ao mangá, e também a sua revista – Porém, o cargo chefe da revista ainda é Saint Seyia. Lançado inicialmente na Weekly Shonen Jump, a Shueisha simplesmente não acreditava que valeria mais a pena continuar a saga Saint Seiya.
Mas todo mundo sabe como Kurumada é insistente. Simplesmente não desistiu do seu mangá preferido, e deu continuidade a Saint Seiya em uma outra revista, desta vez em uma inimiga, a Weekly Shonen Champion.
Por mais que o Next Dimension não esteja tão fantástico como foi o Lost Canvas, o nome “Saint Seiya” ainda chama muitos leitores para a revista… Fazendo o mangá o “One Piece” da Champion. No final, podemos dizer que das principais revista Shounens semanais do japão, a Shonen Champion é a que mais se aproxima do público oitentista, e deste modo daquele Shonen violento que pode até ser confundido por Seinen (Quem diz que Hokuto no Ken é shounen?)
A prova disto é a presença do mangá Crows, que é extremamente violento e trata várias questões da juventude japonesa, como delinquência, estar presente na revista – Crows é um típico mangá seinen que é adaptado ao público adolescente, mas mesmo assim continuando a ser tão violento quanto fosse para o público adulto.
Deste modo podemos considerar a Shonen Champion uma das revistas mais ADULTAS para o público infanto-juvenil. E talvez seja por isso, por ter um foco em um público um pouco bizarro (20-25 anos) não consegue pegar tanto destaque. O fato de ser uma publicadora de baixo porte só agrava.
É lógico que a magazine também tem mangás mais voltados ao público adolescente infantil, a prova disso é o seu outro pequeno sucesso Squid Girl… Enquanto alguns mangás agradam mais o adulto, outros agradam mais o público infantil.
Dificilmente a Shonen Champion chegará na altura da Sunday, Jump ou SMagazine, porém não é uma revista a ser ignorada e tem potencial para lançar grandes mangás.
PS: Por pura coincidência, esta é a postagem número 300 do Blog – Então, esta edição especial ficou ainda mais especial -qqq