Para os leitores semanais, que leem capítulo após capítulo a apresentação de um novo mangá é totalmente diferente da de uma pessoa que se conecta pela primeira vez ao mangá por um volume, onde há um punhado de capítulos a ser lido de uma vez só.
Para começar este novo quadro, onde analisarei periodicamente o primeiro volume de um mangá, decidi colocar Terra Formars – Para os já conhecedores deste mangá, saberá o motivo óbvio de tê-lo escolhido. Terra Formars é uma das poucas revistas em quadrinhos que apresenta, de certa forma, um começo quadrado, fechado.
O proposito do primeiro volume de um mangá é apresentar de forma plana ao leitor casual a proposta do mangá – Quem compra um mangá novato, é claramente alguém que gosta de arriscar (Você pode até pensar: “Mas são só alguns ienes”, mas acredite, quando você compra um mangá ruim, você consegue lembrar as milhares formas que poderia ter gasto aqueles míseros ienes/real/dólar/euro, seja qual for a moeda utilizada). Deste modo o autor deve, por obrigação, compensar o leitor por essa compra.
Mas como fazer isso? Concedendo, como dito no começo do paragrafo anterior, a história de uma forma coesa, emocionante e fechada. O leitor deve sair daquele mundo entendendo ao menos do que ele se trata… Pensem bem, são fuckings 160 páginas, dependendo do mangá, serão 1 hora gasta lendo.
Terra Formars conseguiu fazer isso de forma louvável. A trama apresentada no primeiro volume é simplesmente cativante – O autor, Yu Sasuga, de imediato nos mostra parte da tripulação e a situação de marte. Assim, não demoramos muito para entender do que se tratava o mangá.
Para conseguir situar o leitor já nas primeiras 50 páginas, Yu Sasuga teve que se livrar de vários artifícios, como por exemplo as batalhas. Até haver de fato uma batalha no mangá demorou várias páginas, assumo que chegou a ser irritante (Você está lendo um Battle Seinen por um motivo, boa pancadaria), mas totalmente aceitável.
Com a proposta bem explicada (Como as baratas foram parar em marte, os poderes adicionados aos seres humanos, a importância dessa tripulação), Sasuga finalmente pode desenvolver os personagens individualmente, dando-lhes flashback e explicando detalhadamente os seus poderes.
O ponto mais rico do mangá, assumindo uma proposta Gantzianiana, por isso onde muitos personagens aparecem e morrem em poucas páginas, o autor conseguiu nos dar uma sensação de insegurança em relação aos nossos personagens preferidos, a todo momento tinhamos medo de alguns deles morrerem ou mesmo todos eles.
O artificio utilizado para já de imediato nos dar esta sensação foi matar a melhor amiga do personagem principal. A partir dali entendemos que o mangá seria uma cachina sem fim e que talvez ninguém ali fosse se salvar.
Outro ponto que deixou o mangá mais rico e interessante, já comentado brevemente, o fato de explicar detalhadamente os seus poderes – O autor fez questão de mostrar como cada inseto age no mundo real e como ele funcionaria no corpo humano.
Os mais interessantes ao meu ver foram: A muriçoca, formiga guerreira, ampulex compressa e o gafanhoto do deserto. Infelizmente, a habilidade do protagonista não conseguiu me chamar tanta atenção… Isso é um ponto negativo, já que você não cria laços afetivos ao herói. No final, a missão aos troncos e barrancos foi concluída com somente dois sobreviventes (Os dois japoneses, hehe), acabando o primeiro volume.
Terra Formars conseguiu em apenas um volume nos dar uma ideia do que se trata a história, do estilo do autor e principalmente da vastidão que poderá ser o universo de Terra Formars e sua respectiva mitologia. Uma curiosidade enorme sobre a evolução do vilão, as baratas, se instala em nossas mentes também.
Quando você fecha o volume 01 de TF, uma satisfação domina o seu corpo e logo você pensa: “Tenho que comprar imediatamente o volume 02”.