Quase uma paródia de Harry Potter.
Depois do “Vale a Pena Ler” de UNDEAD UNLUCKY, chegou o momento de analisar o segundo mangá lançado na leva de Janeiro: MASHLE, comédia escrita e desenhada pelo novato Hajime Komoto; Os editores, desde quando Gintama foi transferido, estão procurando por uma nova comédia de sucesso, foram variadas tentativas, e nenhuma das séries conseguiu vender mais de 15 mil cópias (Talvez quem teve o melhor rendimento interno foi justamente Jimoto Ga Japan!, que também vendeu muito mal).
A nova aposta é justamente MASHLE, que une magia com uma grandíssima dose de comédia, mas será que a série vale a pena ser lida? Lembrando que serão analisados os sete primeiros capítulos, por isso o primeiro volume da nova série da Weekly Shonen Jump.
PREMISSA:
Escrito e desenhado por Hajime Komoto, MASHLE é uma comédia ambientada em um mundo mágico, no qual todos os seus habitantes devem saber usar a mágia. A série segue a Mash Vandead, um garoto que não sabe usar nem um pingo de magia (não é dotado dessa habilidade), mas que compensou essa sua ausência de magia com duros treinamentos físicos. A sua vida muda completamente quando ele se vê “obrigado” a entrar no colégio de mágica e se tornar o principal mago da escola.
O mangá é claramente uma comédia, mesmo tendo um bom espaço para migrar para ação, por isso realizar o percurso de Katekyou Hitman Reborn (que começou na comédia, mas com o passar dos capítulos se tornou um B-SHOUNEN). O humor de MASHLE parece ter dois pontos principais de referência: One Punch-Man, justamente pela força desproporcional do protagonista e por causa da sua personalidade, e Harry Potter, no qual o autor parece se inspirar constantemente para criar o mundo. Hajime Komoto constantemente brinca com elementos presentes em Harry Potter.
NARRAÇÃO:
Como comentado nos parágrafos anteriores, a série é principalmente de comédia, por isso toda a sua narrativa tem como objetivo criar cenas no qual o leitor tenha uma “crise risada”. O primeiro capítulo talvez seja um dos menos engraçados, e mesmo assim conseguiu me fazer dar grandes gargalhadas: Conhecemos nesse capítulo o protagonista Mash, o seu pai e entendemos um pouco do universo que compõe a série. O primeiro capítulo é um pequeno mergulho em um universo hilário. O autor consegue mesmo assim criar bons momentos de tensão e consegue criar várias cenas hilárias. Todos os elementos relacionados a escola de bruxos começam a ser desenvolvidos somente no segundo capítulo.
A personalidade do protagonista, inocente e com total ausência de bom-senso, é perfeita para esse tipo de comédia; Personagens ingênuos, mas inteligentes e fortes são sempre hilários. Os personagens secundários, porém, até agora não conseguiram me convencer: Nenhum deles tem realmente uma boa carga humorística; para uma série de comédia funcionar a longo prazo, vários personagens devem ser engraçados, e não o só o protagonista.
Deste modo, por enquanto a série realmente é muito engraçada, mas todo o seu humor é centrado justamente na personalidade do protagonista, estratégia que pode ser um tiro pela culatra: Algo muito parecido com que acontecia com One Punch-Man, e talvez esse seja um dos motivos pelo qual não sigo mais a série; chegou um momento que era maçante sempre a mesma fórmula. MASHLE precisa criar momentos no qual também os personagens secundários brilhem. No segundo capítulo tivemos duas cenas no qual, “dois personagens” observam o teste de Mash (o protagonista), e seus comentários são simplesmente hilários. A série precisa de mais momentos como esses.
Porém, esse fator é mais uma preocupação para a série em longo termine, por enquanto apostar totalmente no protagonista está rendendo cenas engraçadíssimas – E o motivo pelo qual o mangá é tão engraçada não é simplesmente por causa da força do protagonista e sua personalidade ingênua, mas também pelo modo inteligente no qual ele soluciona várias problemas: O protagonista constantemente utiliza a sua própria força para alcançar objetivos que deveriam ser alcançados utilizando a magia. O modo no qual ele soluciona as problemáticas é sempre muito criativo e divertido.
Por fim, um último elemento consegue transformar MASHLE em uma grande comédia: A paródia. A série não é simplesmente uma comédia sobre magia, é uma grande paródia de Harry Potter, umas das obras de maiores sucesso do mundo. O modo no qual os personagens se vestem, o presidente do Colégio, o campeonato de Quadribol, tudo remete a Harry Potter, e talvez seja justamente por isso que a série conseguiu agradar tantos leitores; temos, de certo modo, uma grande familiaridade com os conceitos apresentados e ridicularizados.
ARTE:
Eu direi de modo bem simples e direto: A arte de MASHLE é muito boa. Muitos não conseguem entender que séries de comédias não precisam ter constantemente artes espetaculares, muito pelo contrário, desenhos simples e expressões faciais estranhas, tendem a dar uma tonalidade humorística à obra que é necessária.
Por isso, Hajime Konoto muito inteligentemente, utiliza bem mais o estilo “Gag” (por isso com traços mais simples) para compor os seus quadros; porém quando é necessário entregar uma cena de ação ou até mesmo uma cena de horror, o autor sabe desenha quadros realmente muito belos, comprovando que seu range artístico é elevado. A sequência do terceiro capítulo é a grande prova que o autor sabe manusear um lápis.
O autor também sabe muito bem organizar os diálogos, evitando exposições extremamente longas, que podem quebrar totalmente o ritmo de uma série de comédia voltada mais para ação – Temos mangás como SKET Dance que utilizavam diálogos enormes em sua comédia, mas a série era voltada mais para piadas do que para um humor mais visual –. E mesmo as poucas páginas no qual o autor decide utilizar uma grande sequência de diálogos, os balões são bem posicionados, não dando a sensação de uma página cheia de informação e desorganizada, como aconteceu com UNDEAD UNLUCKY.
UNIVERSO: Decidi adicionar também um Mini Tópico no quesito arte; O universo. O autor, como eu disse anteriormente, apresenta vários elementos de Harry Potter, porém o que eu não disse que sua influência não é unicamente Harry Potter, vemos ao longo da série também algumas referências aos RPG, e eu acredito que também veremos referências a outras séries como Senhor do Anéis (dependendo das criaturas mágicas que a série poderá desenvolver) e a Merlim. É importante dizer que o autor não utiliza nenhum design realmente criativo e inovador, tudo está dentro do que já vimos em outras obras.
RECEPÇÃO DO PÚBLICO:
A recepção do público parece ter sido muito boa, por isso, quem tem medo de começar uma série, pois a ela pode ser cancelado após 20 capítulos, eu diria que MASHLE é uma aposta segura. O mangá, entre os três novatos, é aquele com mais leitores na Manga Plus e está recebendo boas colocações na TOC. Os japoneses são realmente fanáticos por Harry Potter, por isso consegue entender as milhões de referências colocadas em MASHLE.
A série parece ter um range de público muito alto: Como magia, Merlin e Harry Potter consegue agradar pessoas de praticamente todas as idades, até mesma os pré-adolescentes conseguem entender as divertidas referências colocadas na série, as chances do mangá de Hajime Konoto dar certo aumenta consideravelmente. O seu humor também é bastante leve, mesmo que o autor em alguns momentos utilize cenas mais “assustadoras”; A obra tem uma ausência total de ecchi. Por isso eu acredito que MASHLE pode agradar realmente todo mundo.
Ainda é muito cedo para dizer quanto venderá; mas tudo indica que deve vender mais unidades que UNDEAD UNLUCKY e Guardian of The Witch, seus companheiros de leva. Se vocês tivessem que escolher uma dessas três séries para serem lida, e a sua escolha fosse baseada principalmente naquela que tem mais chance de sobreviver, eu diria para tu ler justamente MASHLE. Obviamente a situação pode mudar nas próximas semanas; recomendo seguir minha análise semanal da Weekly Shonen Jump para se manter atualizado.
CONCLUSÃO:
MASHLE tem tudo para ser a nova comédia de sucesso da Shonen Jump, além de apresentar um universo realmente divertido, que une elementos de Harry Potter e de RPG’s. A sua arte é muito funcional para um Gag Manga, e o autor sabe em certos momentos apresentar quadros mais detalhados e épicos, contudo não tão detalhados. Não sei se será suficiente para as cenas de ação, mesmo sendo mais que o suficiente para sua comédia.
Hajime Konoto parece ter um real controle sobre o que quer da sua obra e seu senso de humor consegue agradar praticamente todas as idades. Eu realmente gostei da obra e me diverti em todos os primeiros sete capítulos lidos; O que mais me agrada é justamente as soluções que o protagonista encontra para superar os desafios da escola de arte; como Mash não sabe usar a magia, sempre aposta na sua incrível força para vencer.
Eu realmente espero que MASHLE seja a comédia que os editores tanto procuraram nesses últimos anos, e espero que a obra consiga vender acima de 100 mil cópias antes de um possível anime. Eu recomendo para todo mundo que gosta de um mangá de comédia; obviamente a comédia é elemento subjetivo e até mesmo a obra mais engraçada do mundo vai ter algumas pessoas que não vão achar um pingo de graça, porém, recomendo dar uma chance. MASHLE vale a pena ser lido.
Nota: 8.0 / 10.